Apresentação de espetáculos, realização de oficinas e atividades diversas integram a programação da Mostra Nacional de Teatro, que chega a Belém nesta sexta-feira, 27. As ações são da Cia Atrás do Pano (MG) que traz obras inéditas à capital paraense e ocorrem até o dia 5 de outubro, no Curro Velho, no Palacete Pinho e na Comunidade Vila da Barca, de forma gratuita. É necessário fazer inscrição nas oficinas, palestras e seminários, que podem ser feitas através das redes sociais do Grupo Atrás do Pano.
É a primeira vez que Belém recebe a Mostra Atrás do Pano, da companhia de teatro homônima mineira, realizada com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A programação começa nesta sexta-feira, 27, com a oficina “Brincando com a Natureza”, que segue até dia 29, no Curro Velho. A oficina de bonecos será realizada de 30 de setembro a 4 de outubro, no mesmo espaço. Já o seminário “Brincar” ocorre no Palacete Pinho, no dia 4.
Também na programação, o espetáculo “Quase Árvore” fica em cartaz em três sessões, sempre às 17h, de 27 a 29 de setembro, no Curro Velho. Livremente inspirada nos poemas de Manoel de Barros, a peça trata do tema da natureza de forma poética e sensível, mostrando o encontro entre gerações, a passagem da infância para a adolescência e o gosto pela poesia. Durante a caminhada, o velho poeta Carvalho acompanha o menino Carocinho em sua busca pelo pai (que é árvore) e pela mãe (que é passarinho). É voltado para todas as idades, em especial para o público da primeira infância (crianças de 0 a 06 anos) e pais.
O espetáculo “Por Parte de Pai” terá sessões nos dias 3 e 4 de outubro, às 19h, no Curro Velho. Adaptação da obra homônima do escritor mineiro Bartolomeu Campos de Queirós, a peça é uma celebração às memórias afetivas e à infância. O espetáculo apresenta ao público a alma sensível e reveladora da criança, porém sob um novo prisma: a própria criança. Na história, Antônio é um menino que experimenta a vida na casa dos avós paternos, onde vive parte de sua infância, como quem lê um livro de memórias. Cheiros, sensações, sonhos, medos e dúvidas constantes permeiam o seu cotidiano. E o que se descortina à sua frente são questões filosóficas acerca do tempo, da existência, da vida e da morte. Dia 5, a programação encerra com um grande cortejo da Comunidade Vila da Barca.
LÚDICO
Com 35 anos de trajetória, o grupo mineiro desenvolve uma pesquisa de linguagem pautada pela ludicidade poética e por um teatro de resgate e releitura da cultura popular. Isso ocorre de algumas formas: através da literatura, da oralidade ou das brincadeiras e cantigas de roda, sempre com um olhar contemporâneo sobre os costumes e a realidade urbana.
Fruto da parceria de Myriam Nacif e Paulo Thielmann, o Atrás do Pano realizou espetáculos e projetos culturais que percorreram mais de 180 cidades no Brasil, em cerca de 1.200 apresentações, contemplando mais de 22 mil pessoas. “A gente pensa como que a partir do brincar se processam os projetos criativos. Então o grupo, para além dos palcos, sempre apostou no teatro como uma ferramenta de cidadania, de formação, de pensamento crítico, de conhecimento, de troca, de reconhecimento”, diz Myriam Nacif, curadora da mostra.
Ela diz que os olhares estão se voltando para outras localidades fora do eixo Rio-São Paulo. “A gente percebe que o coração do Brasil é a Amazônia. Antes a gente só pensava no eixo Sudeste, Rio-São Paulo. Isso mudou: o coração pulsante do país está na Amazônia, na força da terra, da cultura popular. Então é muito importante estar aí para poder ver, conhecer, fazer essa troca, para que a gente cresça enquanto brasileiro e se reconheça enquanto um povo gigante”, celebra Myriam Nacif.