PERDA

Morre Sly Stone, ícone da música negra americana

Em 1966, fundiu sua banda Sly and the Stoners com o grupo de seu irmão Freddie, para formar Sly and the Family Stone

Morre Sly Stone, ícone da música negra americana Morre Sly Stone, ícone da música negra americana Morre Sly Stone, ícone da música negra americana Morre Sly Stone, ícone da música negra americana
Apesar de consagrado como criador, Sly acabou sucumbindo ao vício em cocaína e sua carreira estagnou. Foto: Divulgação
Apesar de consagrado como criador, Sly acabou sucumbindo ao vício em cocaína e sua carreira estagnou. Foto: Divulgação

Nascido Sylvester Stewart no Texas, em 1943, Sly Stone cresceu na região da Baía de São Francisco, na Califórnia. Sua primeira incursão na música foi num quarteto gospel com seus três irmãos, o Stewart Four, que lançou um single em 1952.

Quando jovem, ele se tornou conhecido na cena musical da contracultura de São Francisco: um multi-instrumentista e DJ de rádio que teve uma série de bandas locais e trabalhou como produtor para grupos de garage rock e psicodelia, como o Beau Brummels.

Em 1966, fundiu sua banda Sly and the Stoners com o grupo de seu irmão Freddie, Freddie and the Stone Souls, para formar Sly and the Family Stone. O sucesso veio no ano seguinte com “Dance to the music”, e o êxito foi consolidado com seu quarto álbum em dois anos, “Stand!” (1969), que vendeu mais de três milhões de cópias. Eles tocaram nos dois festivais de música mais importantes de 1969, Woodstock e o festival cultural do Harlem.

Vários foram os sucessos de Sly and the Family Stone desde o fim dos anos 1960: “Everyday people”, “Thank you (falettinme be mice elf agin)”, “Family affair”, “Dance to the music”, “I want to take you higher”, “Hot fun in the Summertime”, “If you want me to stay”, entre outros. Seu álbum de 1971, “There’s a riot goin’ on”, reflexão melancólica sobre os direitos civis e o idealismo corrupto do pós-guerra, gravado por Sly basicamente sozinho, é tido como clássico da música pop.

Os sucessos continuaram com mais força no início da década de 1970, e o grupo (conhecido por não comparecer aos shows) se fragmentou em meio ao uso de drogas. A banda se separou em 1975, embora Sly tenha continuado a usar o nome do grupo em lançamentos solo.

Apesar de consagrado como criador, Sly acabou sucumbindo ao vício em cocaína e sua carreira estagnou. Ele foi preso em 1983 por porte da droga, e em 1987 por dirigir sob efeito de cocaína, o que o levou a fugir da Califórnia para Connecticut. Foi preso dois anos depois e condenado a 55 dias de prisão, cinco anos de liberdade condicional e multa.

Mesmo reconhecido como inspirador de artistas como Prince e Outkast (ele foi sampleado por todo o hip-hop), suas dificuldades fizeram com que ele fosse pouco visto a partir dos anos 1990. E só voltou a se apresentar em público novamente, num tributo à Sly and the Family Stone no Grammy. No ano seguinte, retomaria à banda em turnê e chegou a participar do Coachella 2010.

Seu último álbum, “I’m back! Family & Friends”, com regravações e três faixas inéditas, foi lançado em 2011. Dificuldades com os royalties fizeram com que Sly Stone passasse muitos dos seus últimos anos na pobreza; em 2011, morava num trailer em Los Angeles (voluntariamente, segundo ele) e dependia da alimentação de um casal de aposentados.

Ano passado, lançou sua aguardada autobiografia, “Thank you (falettinme be mice elf agin): a memoir”, escrita com Bem Greenman, e recentemente concluiu um roteiro com sua história de vida. Ele foi casado de 1974 a 1976 com Kathy Silva, com quem teve um filho, Sylvester Jr. Mais tarde, teve mais dois filhos: Sylvyette, com Cynthia Robinson, e Novena Carmel.

Sly, que com seu grupo uniu soul, rock psicodélico e a música das igrejas negras em canções de grande sucesso que o tornaram um dos principais pioneiros do funk dos anos 1970, ao lado de James Brown e outros, morreu nesta segunda, aos 82 anos, “após longa batalha contra a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) e outros problemas de saúde”, disse a família em comunicado.