Morreu nesta quarta-feira, 9, o diretor de teatro Aderbal Freire-Filho, aos 82 anos, que se tornou o principal nome da cena teatral carioca no século 21. Desde 2020 ele enfrentava dificuldades de saúde provocadas por um acidente vascular cerebral. Casado com a atriz Marieta Severo desde 2004, os dois viviam em casas separadas até os problemas de saúde do diretor, quando a atriz montou uma UTI em casa para cuidar dele. Há alguns meses, ele estava internado em um hospital no Rio de Janeiro.
Aderbal Freire-Filho nasceu em Fortaleza, em 1941, mas mudou-se para o Rio de Janeiro ainda na adolescência, aos 13 anos, quando começou a trabalhar como ator, com os diretores Nelson Xavier e Cecil Thiré, e bem jovem passou também a dirigir. Ficou conhecido pelos seus romances-em-cena, com obras literárias levadas para o teatro, e também por um teatro notabilizado pelas críticas à violência do exercício de poder.
Parceria com Marieta Severo na vida e no teatro
No Teatro Poeira, administrado pelas atrizes Andréa Beltrão e Marieta Severo, ele concebeu peças que propunham o diálogo entre a literatura e o teatro.
Na peça “Moby Dick”, encenada em 2009, ele recriou o mar metafísico do escritor americano Herman Melville no espaço vazio do teatro. Cinco anos antes, ele havia feito uma incursão pela literatura brasileira, com “O Púcaro Búlgaro”, do escritor Campos de Carvalho. No Poeira, também se tornaram memoráveis os títulos “As Centenárias”, de 2010, e “Incêndios”, de 2013.
A relação de Freire-Filho com a literatura já havia se estabelecido com o seu grande interesse pela obra de William Shakespeare. Em 2008, Wagner Moura atuou numa montagem de “Hamlet”, que causou frisson em público e crítica.
Nos anos 1970, fundou o Grêmio Dramático Brasileiro, dirigindo peças nacionais. Com o tempo, Freire-Filho se notabilizou por ser um ardoroso defensor do teatro, incentivando a formação de plateia e de novas gerações de atores no Rio de Janeiro.
Nos anos 1990, ocupou o Teatro Glaucio Gill, em Copacabana, à época desativado. Também dirigiu o Teatro Carlos Gomes, no centro da cidade, montando “A Senhora dos Afogados”, de Nelson Rodrigues.
*Com informações de Agência Folhapress