
Histórias de resistência, memória e ancestralidade estão no centro da 5ª Mostra Audiovisual do Museu da Pessoa – Vidas Indígenas, que estreou sua plataforma on-line e gratuita com 31 curtas-metragens de realizadores de todo o Brasil, nessa sexta-feira, 29. A mostra pode ser acessada integralmente a partir do site mostra.museudapessoa.org. Entre elas, está a animação “O Homem que enfrentou o Curupira”, da paraense Moara Brasil Xavier da Silva, a Moara Tupinambá, criada a partir do depoimento de Karari Kaapor e inspirada em um conto ancestral. O filme foi vencedor na categoria Criadores Indígenas.
Moara é artista visual e ativista indígena da Nação Tupinambá. Natural de Belém do Pará e radicada em Campinas, ela integra o coletivo MAR. Sua arte aborda memória, identidade e resistência. Ela já expôs, entre outros lugares, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no Kunstraum Innsbruck (Áustria), e na Bienal de Sidney. Também lançou o livro “O sonho da Buya-wasú”.
“O Homem que enfrentou o Curupira” foi criado a partir da história contada por Kahari, caçador, pescador, artesão de cestas tradicionais e contador de histórias. Ele narra um conto ancestral do Curupira, em que um homem, ao caçar jabutis, vê uma ilusão: uma cobra enrolada no pescoço do ser encantado. O Curupira o convida para sua casa com intenção de devorá-lo, mas o homem tentará escapar com a ajuda dos macacos.
Desenvolvida como um festival audiovisual, a mostra premiou 12 produções, entre mais de 200 filmes inscritos, resultado divulgado na última quarta-feira, (27 ), no Espaço Petrobras de Cinema, em São Paulo,durante a cerimônia de premiação.
Além da categoria de Criadores Indígenas, com produções realizadas e protagonizadas por indígenas, em que Moara se destacou, também foram premiadas produções nas categorias Livre, com pluralidade de olhares e técnicas; Novos Talentos, que buscou revelar jovens cineastas em formação; e Júri Popular, com a escolha direta do público.
“Quando ouvimos as histórias dos povos indígenas, percebemos que existe uma tecnologia ancestral de memória, que passa de geração em geração e resiste ao apagamento. A Mostra dá visibilidade a essas narrativas, que agora também se renovam no ambiente digital, evidenciando a força do audiovisual como forma de preservar e compartilhar saberes”, disse Karen Worcman, diretora e fundadora do Museu da Pessoa, durante a cerimônia de premiação, realizada na noite de quarta (27) que revelou 12 produções vencedoras entre mais de 200 filmes inscritos. Cada premiado recebeu R$ 4 mil.