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Mestre Damasceno: Paraíso do Tuiuti abriu portas para a riqueza marajoara

Mestre Damasceno diz que desfile da Paraíso do Tuiuti abre portas para a riqueza cultural marajoara. Foto: Divulgação
Mestre Damasceno diz que desfile da Paraíso do Tuiuti abre portas para a riqueza cultural marajoara. Foto: Divulgação

Aline Rodrigues

A escola Paraíso do Tuiuti, que mostrou as belezas e a cultura da Ilha do Marajó, ao levar para a Avenida o enredo “Mogangueiros da cara preta”, ficou apenas em oitavo lugar na classificação das escolas do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro deste ano, permanecendo na elite para 2024.

Mas se escola não levou o título, certamente deu visibilidade à cultura paraense e à Ilha do Marajó, ao contar como ocorreu o trajeto do búfalo da Índia até o arquipélago paraense. Para marajoaras como o Mestre Damasceno, criador do búfalo-bumbá e grande homenageado no enredo, o encantamento disso tudo não termina com o fim do Carnaval.

“A importância foi muito boa para o Marajó, para o povo do Pará e para nós, marajoaras. Foi uma riqueza divulgar o nosso trabalho e o que nós temos na nossa região. Isso é bom porque vai para o mundo. E para a gente, ao colocar o pé naquela Marquês de Sapucaí e mostrar o que é nosso, quem se enriquece com isso é o Pará, porque passam a conhecer o que temos de bom para oferecer para o mundo”, avalia Mestre Damasceno.

E se não levou o título, a Paraíso do Tuiuti foi a maior campeã do troféu Estandarte de Ouro 2023, o principal prêmio da imprensa no Carnaval do Rio de Janeiro, concedido pelos jornais “O Globo” e “Extra”. Levou quatro estatuetas: melhor bateria, samba-enredo, cantor e comissão de frente.

“O resultado para mim foi ótimo, até porque a gente sabe que foi muito apertado esse Carnaval, [com ponto] encostado um no outro. A gente não veio só pensar na vitória, porque o mundo não vive só de vitória. A gente veio aqui para mostrar nossa capacidade. Então, a gente está feliz com o resultado. O que a gente não queria era descer, como outras até com mais capacidade que a gente, e graças a Deus a gente ficou no Grupo Especial”, diz Damasceno.

Para a equipe que acompanhou o mestre nessa jornada carnavalesca no Rio de Janeiro, o que valeu mesmo foi a experiência única que vivida na Marquês de Sapucaí.

“Representamos a nossa região e um mestre com a grandiosidade do Damasceno, que está sendo reconhecido no centro do país. Ele que é uma pessoa com deficiência [Damasceno é cego desde os 19 anos], oriunda do quilombo de Salvar, de Salvaterra, no Marajó, estar sendo homenageado, com mais de 70 anos, foi uma honra poder ter participado”, diz a jornalista e produtora cultural Roberta Brandão, que fez parte da comitiva.

Essa exposição do mestre e do Marajó começa a render frutos – um deles, a doação de um terreno, pela prefeitura de Salvaterra, para que o mestre possa fazer um barracão e continuar a desenvolver o seu trabalho.

“O prefeito de Salvaterra, Carlos Gomes, veio ao desfile e se comprometeu a doar um terreno para que o Mestre Damasceno possa fazer um espaço cultural. São ganhos em várias camadas, na questão comunicacional, a gente cresceu muito em número de seguidores e interação, são interações do país inteiro. A gente está com quase cinco mil seguidores. A gente chegou aqui com três mil seguidores. Estamos falando de cultura popular, que não tem um alcance tão grande. Saímos completamente vitoriosos”, festeja Roberta.