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Memórias de pai e filho: Alberto Silva Neto estreia monólogo autobiográfico

O ator e diretor Alberto Silva Neto apresenta o solo “Momo”, a partir desta quinta-feira, 12, até o próximo sábado, 14, na Casa dos Palhaços.
O ator e diretor Alberto Silva Neto apresenta o solo “Momo”, a partir desta quinta-feira, 12, até o próximo sábado, 14, na Casa dos Palhaços.

Wal Sarges

O ator e diretor Alberto Silva Neto apresenta o solo “Momo”, a partir desta quinta-feira, 12, até o próximo sábado, 14, na Casa dos Palhaços, no bairro do Reduto, em Belém. O espetáculo é uma criação dele com acompanhamento psicopoético da atriz e diretora Wlad Lima (responsável pelo projeto Clínicas do Sensível), que retrata a relação entre Alberto e o próprio pai, Eduardo.

“‘Momo’ nasce de uma necessidade muito íntima de falar sobre mim mesmo, a partir da relação de amor e ódio com meu pai. A atuação se torna um ato de confissão, mas isso não resume a cena ao autorreferente, já que o tema da relação entre pai e filhos é comum a toda gente”, reflete o criador. “Tanto é verdade que durante as conversas após as sessões as testemunhas convidadas sempre falam de sua experiência com essa relação. Como diz Wlad Lima, que faz o acompanhamento psicopoético, cada uma faz sua própria clínica, a partir da experiência sensível de testemunhar o ato”, descreve.

O ator começou no teatro há 36 anos. Teve passagem por importantes grupos do teatro paraense, como Experiência, Palha e Cuíra. É doutor em artes pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e atua como professor e pesquisador na Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA), onde atualmente ministra disciplinas de teorias do teatro e atuação cênica, para o Curso de Licenciatura em Teatro. Também coordena, desde 2022, a pesquisa Pacatu – Práticas para Autonomia Criadora do Atuante. Além do teatro, Alberto possui experiência no audiovisual desde 2002, com quatro longas e três séries no currículo.

Em “Momo”, a dramaturgia inclui três cartas trocadas na década de 1960 entre seu pai e seu avô Alberto, de quem herdou o nome, além do texto que escreveu por ocasião da morte de Eduardo, em abril de 2007. No final, Alberto apresenta sua “Carta para a vida”, escrita com as palavras de autores que o acompanham, como Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Max Martins, T.S. Eliot, Nietzsche e, principalmente, Antonin Artaud.

“Em razão dessa literalidade em narrar minha própria história de vida, ‘Momo’ não é um espetáculo convencional. Isso não significa que não seja teatro, mas é um teatro na fronteira dele mesmo, que se instaura nos atravessamentos entre testemunho de si e representação. Por isso o pensamento de Antonin Artaud está tão presente, inclusive na dramaturgia. Isso acontece porque ele acreditava no teatro como veículo para o homem alcançar extratos profundos da sua humanidade perdida”, aponta.

O ator acredita que o solo será longevo. “Hoje penso que farei ‘Momo’ para o resto da vida, como uma força atávica a qual não tenho forças para resistir. Talvez por isso, este ato jamais tenha sido ensaiado: ele só pode ser vivido diante das pessoas que aceitam ouvir meu testemunho”.