Aline Rodrigues
A partir da próxima quarta-feira, 15 de março, a vida e a carreira de Dona Onete estarão em evidência em uma megaexposição na sede do Instituto Itaú Cultural, em São Paulo. A cantora e compositora paraense é tema do projeto “Ocupação”, criado pelo instituto para conectar novas gerações com criadores que as influenciaram.
Até dia 18 de junho, uma área de 117 metros quadrados do espaço na Avenida Paulista reunirá cerca de 120 itens, entre fotos – muitas do acervo da família –, vídeos, audiovisuais, músicas e manuscritos, originais e inéditos, depoimentos da cantora e de seus amigos, companheiros de música (como Fafá de Belém, Nil Almeida (o Vovô) e Felipe Cordeiro) e familiares, numa verdadeira imersão na rica e movimentada trajetória da artista.
Uma publicação, disponível em versões impressa e on-line, acompanha a “Ocupação”. Parte do conteúdo da exposição também será disponibilizada no site do projeto, no dia da abertura, acrescida de vídeos e textos exclusivos que aprofundam questões relacionadas à artista.
Dona Onete é só alegria de ver sua trajetória na mostra. “É até difícil descrever. É um sentimento gigante. Estou muito feliz e orgulhosa. Receber uma homenagem dessa ainda em vida é de encher o coração de alegria, ver o meu trabalho sendo reconhecido e admirado… é bom demais. A mostra fala da minha vida, antes e depois da música, do meu Pará, que me deu tanta coisa”, antecipa a cantora, de 83 anos.
A curadoria da mostra é do Núcleo de Artes Cênicas, Literatura e Música do Itaú Cultural, com consultoria da pesquisadora Josivana de Castro Rodrigues, neta de Dona Onete. É ela quem assina no livro da “Ocupação” um artigo sobre a relação da artista com as lendas paraenses.
O projeto expográfico contempla mecanismos de acessibilidade e teve a participação da também paraense Patrícia Gondim. De Belém, Geraldinho Magalhães, Marcel Arêde e Viviane Chaves apoiaram a produção.
A “Ocupação Dona Onete” foi pensada em eixos – Território, Encantarias e Religiosidade, Túnel e Palco – para apresentar todas as facetas de Ionete da Silveira Gama.
No eixo Territórios, a exposição leva o público para Cachoeira do Arari, cidade onde Dona Onete nasceu, na Ilha de Marajó, e onde passou a infância. Depois, a mostra percorre Igarapé-Miri, no Baixo Tocantins, lugar em que, ainda conhecida pelo nome de batismo, ela se consolidou como professora, atuou na política cultural e foi militante de movimentos sindicais.
Foi lá que, em 1989, criou o grupo folclórico Canarana, estreando com 12 músicas autorais. Por fim, chega-se a Belém, onde, após se aposentar como professora, Ionete foi morar no bairro da Pedreira, o bairro “do samba e do amor”, onde se tornou conhecida como Dona Onete, a Rainha do Carimbó Chamegado.