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Marilza de Melo Foucher lança livro de memórias em Belém

Marilza de Melo Foucher faz sessão de autógrafos no  ICA/UFPA FOTO: ACERVO PESSOAL
Marilza de Melo Foucher faz sessão de autógrafos no ICA/UFPA FOTO: ACERVO PESSOAL

Texto: Wal Sarges

Fragmentos de tempos vividos” é livro que a jornalista e economista amazonense Marilza de Melo Foucher, radicada em Paris há mais de 40 anos, lança nesta terça-feira, 14, em Belém. Repletas de memórias, as crônicas trazem ao leitor as vivências pessoais de uma nortista brasileira vivendo naquela que é conhecida como Cidade das Luzes. O lançamento será às 18h30, no Instituto de Ciências da Arte (ICA) da Universidade Federal do Pará (UFPA), com uma sessão de autógrafos.

A obra não possui uma ordem cronológica, mas tem início com sua chegada a Paris, no final dos anos 1970, para fazer um doutorado na área de Economia, como um olhar ao passado. “Comecei a escrever este livro depois de ter atravessado vários problemas de saúde. Eu só tinha autorização para ficar dez minutos diante de meu computador. Para não me deprimir, comecei a escrever o que vinha de lembranças na cabeça. Elas emergiam e eu escrevia todos os dias. Eram curtas histórias que eu lia e, às vezes, ria de minhas narrativas por vezes escritas com certo humor. Assim nasceram os meus ‘Fragmentos de Tempos Vividos’, escritos sem nenhuma censura. Eu que adoro plantar, jardinar e dada a impossibilidade própria do período pós-operatório, comecei a jardinar as palavras”.

Bacharel em Administração pela Universidade Federal do Amazonas (1975), Marilza de Melo Foucher é doutora em Estudos da América Latina, pelo curso de Economia, que fez na Universidade de Sorbonne (1988). Em paralelo à Academia, sempre manteve ativa a vida literária, e diz que duas pessoas foram essenciais para isso: “Meu pai, Mario Diogo de Mello, e meu primo, o poeta Thiago de Mello incentivaram minha carreira literária”.

Primo Thiago de Mello incentivava a escritora

O primo ia sempre a Paris e à Viena para a Primavera da Poesia ou para outros eventos. “Ele gostava de meus poemas, brigava comigo porque eu não os relia, e dizia: ‘Tu escreves quase-poemas e tens que melhorar tua escrita, estás influenciada pelo francês e o espanhol, que são línguas que usas no teu trabalho de cooperação internacional’. Por isso meu primeiro livro de poesias se chama ‘Quase-poemas’. Foi lançado em Belém, na livraria Fox”, lembra a escritora, lamentando o fechamento da loja paraense.

O pai também era poeta e escritor, promotor e político no Amazonas. “Ele sempre estava com um livro nas mãos e sempre incentivou nas minhas leituras. Durante muitos anos a gente se correspondia brincando com o cordel. Ele me pediu para vir me despedir depois que completou 104 anos e ainda estava bem lúcido. Atendi o seu pedido e no último abraço e cheiros e choros de despedidas, ele disse-me: ‘Não venha para meu enterro, escreva livros de presentes para mim’.”, relembra.

Foi para atender a este último pedido do pai, e também do primo, que Marilza planejou esta turnê literária, em que se insere o lançamento desta noite. “São sete cidades brasileiras: Manaus, Belém, Rio de Janeiro, Paulo, Brasília, Campina Grande e Fortaleza”, enumera.

O poeta João de Jesus Paes Loureiro, autor de “Andurá: onde tudo é e não é” e “Cultura amazônica: uma poética do imaginário” (Valer), escreveu, sobre o novo livro de Marilza: “Essas narrativas curtas são a sua maior vocação e experiência. Estão muito boas, atraentes, reflexivas, críticas, testemunhais. E são uma importante revelação do teu trajeto antropológico”.

A autora não consegue classificar o livro dentro de um estilo, mas garante que os leitores do Norte vão se identificar com ele. “Minha turnê literária começa na região amazônica, onde está minha identidade tropical. Apesar de ter dupla nacionalidade, quando os franceses me perguntam se sou europeia, respondo, sou da Boca do Acre, cabocla com muito orgulho. Foi de Belém que saiu a expedição de meu bisavô, financiada pelo Visconde de Santos Elias, para explorar os rios do lado ocidental da Amazônia e detectar as árvores de seringa. Aqui também está enterrada minha mãe. Aqui moram meus queridos amigos e amigas”, diz a escritora.