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Mariana Aydar e Mestrinho reverenciam Dominguinhos em disco com clássicos do forró

Cantora e sanfoneiro gravaram dez faixas em que demonstram seu amor ao forró. FOTO: AUTUMN SONNICHSEN
Cantora e sanfoneiro gravaram dez faixas em que demonstram seu amor ao forró. FOTO: AUTUMN SONNICHSEN

TEXTO: WAL SARGES

A energia e a alegria do forró pé-de-serra dão o tom do novo álbum da cantora Mariana Aydar em parceria com o cantor, compositor e sanfoneiro Mestrinho, que chega às plataformas digitais nesta quinta-feira, 4. O álbum “Mariana e Mestrinho” traz algumas canções de Dominguinhos e outros clássicos do forró, além de um material inédito. Os grandes destaques são a participação de Gilberto Gil nos vocais da faixa “Até o Fim” e a canção “Te Faço um Cafuné” na trilha sonora da novela “Renascer” (Globo).

São dez faixas em que os artistas revelam seu amor ao forró. “Este é um álbum muito importante para mim porque é o primeiro que eu faço com outra pessoa. Acho que demonstra a importância dessa parceria com Mestrinho, enquanto pessoa e artista que eu admiro. É muito difícil fazer um álbum sem se identificar com ele, é reflexo de uma intimidade e é mais um passo na certeza do nosso amor e da nossa reverência ao forró”, afirma Mariana, vencedora do Grammy Latino 2020.

Ela começou na música cantando em uma banda de forró, e conta que sempre teve um pouco do estilo em seus trabalhos. “Mesmo que seja um álbum que cria pontes com outros gêneros, como a MPB mais tradicional e a sonoridade mais contemporânea, ele é um disco de forró. Eu sou uma cantora de música brasileira, canto o que está no meu coração. E agora me sinto de volta para o aconchego cantando forró. É um lugar confortável e gostoso”, considera.

“Mesmo que seja um álbum que cria pontes com outros gêneros, como a MPB mais tradicional e a sonoridade mais contemporânea, ele é um disco de forró.

A dupla tentou o equilíbrio entre reverenciar a história e criar novos clássicos. “Eu e a Mariana nos conhecemos através de Dominguinhos, ela fazia um documentário e eu tocava com ele. Começamos a nos aproximar quando Dominguinhos estava hospitalizado. Eu tocava para ele enquanto ela ia visitá-lo. Logo pensamos em tocar juntos e as pessoas gostaram do que viram. Até que decidimos oficializar a parceria em um álbum, cada um com a sua vivência, assim acredito que ele vai ter uma força muito significativa”, considera Mestrinho, que toca acordeon em todas as faixas e compôs “Eu Vou” e “Até o Fim”.

Ele diz que o forró pé-de-serra é uma filosofia de vida. “É uma das maiores identidades do nosso país e está ganhando cada vez mais espaço. Consumir esse estilo é sentir que ele tem um poder de emocionar, de fazer as pessoas dançarem. Ele tem o poder das lágrimas, do sorriso e da euforia. É uma riqueza rítmica enorme, com sua influência nos batuques afro. Ele tem uma potência muito grande quando fala de amor”, diz o sergipano.

Mariana compartilha desta opinião. “A gente que vive o forró todos os dias, ele é muito mais que um gênero, é onde a gente encontra os amigos, onde é aceito por quem a gente é… É o lugar onde temos parcerias. Falando de gênero, dentro desse guarda-chuva, estão o arrasta pé, o xaxado, o baião, o xote. É um pilar da construção da música brasileira, então, tem essa importância também de construção”.

DUPLA PROPÕE UMA ATUALIZAÇÃO DO FORRÓ

O duo propôs uma atualização do forró, nas letras e na forma de contextualizar a dança de salão. “A gente tinha uma ideia do que a gente queria falar, da homenagem que queria fazer a Dominguinhos e isso norteou as nossas escolhas. A gente sabia que queria atualizar um discurso do forró, colocando a mulher como protagonista porque ainda tem muitas músicas machistas e está na hora de falarmos sobre isso, além de falar do amor de várias maneiras”, afirma ela, citando as canções compostas por Mestrinho, além de “Dádiva”, canção de Zeca Baleiro criada especialmente para o álbum.

“Acho que é um disco sobre o amor, a esperança, como em ‘Cheguei para Ficar’, e também onde toca em algumas feridas, e ainda, num lugar político, que é a regravação da música ‘Filho do Dono’, de Petrúcio Maia. É uma música antiga e infelizmente atual”, diz Mariana.

Ela também avalia que a produção de música mudou ao longo do tempo e que o artista deve tirar um bom proveito disso. “Penso que as músicas produzidas para o mundo moderno requerem outros jeitos de consumir que a gente não pode ignorar. Tem muitos benefícios, como ser um artista que viraliza por uma música e depois ser reconhecido pela sua obra. Meu outro disco, por exemplo, lancei em forma de EPs, que eu nunca tinha feito, mas ainda sou aquela de fazer um álbum inteiro”, diz a artista.

MÚSICAS DO ÁLBUM CHEGAM COM VISUALIZER

Todas as músicas do disco contam com o recurso visualizer, que são vídeos curtos. “Nas imagens, as pessoas vão ver um ‘forró de gala’, na cena da dança, que é dentro da cultura do forró. O forró chegou em lugares que nunca tinha chegado por causa da dança, então, a gente deu a importância devida a professores e bailarinos. Esse novo baile é diferente daquele que Luiz Gonzaga compôs em ‘Viola de Penedo’, que fala sobre a intolerância de pessoas de mesmo gênero. Nos vídeos, colocamos homens para dançarem com outros homens e mulheres com outras mulheres, assim como as damas guiando cavalheiros, que é algo que a gente consegue ver na pista. É uma nova cena do forró, com muita alegria e energia, que o forró tem de intenso”, aponta Mariana.