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Maestrina Cibelle Donza vai reger Sinfônica de Brasília

Cibelle Donza recebeu o convite do maestro Cláudio Cohen FOTO: DIVULGAÇÃO
Cibelle Donza recebeu o convite do maestro Cláudio Cohen FOTO: DIVULGAÇÃO

A maestrina e compositora paraense Cibelle Donza vai reger a Orquestra Sinfônica de Brasília, no próximo dia 7 de março, em um concerto especial em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. O convite partiu do maestro titular da orquestra, Cláudio Cohen, e a noite especial, no Teatro Plínio Marcos, no Eixo Cultural Ibero-americano, na capital federal, também terá uma das composições de Cibelle no programa.

“A orquestra já havia tocado uma28 composição minha antes, em um concerto apenas com obras de mulheres compositoras. Foi quando ele [Cohen] conheceu meu trabalho, primeiramente como compositora, e depois soube que eu também era regente. Quando ele veio reger [em Belém], como convidado, a OSTP, nos conhecemos pessoalmente”, diz Cibelle.

Em Belém, ela já atuou como maestrina assistente na Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz (OSTP). Também já regeu, em ocasiões especiais, as orquestras sinfônicas do Espírito Santo (OSES) e da USP, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, a Cornell Open Orchestra (Cornell University -NY) e a Ithaca College Symphony Orchestra (NY) – esta última, instituição onde concluiu seu mestrado em regência orquestral. Atualmente Cibelle é diretora artística e maestrina da Orquestra Filarmônica MultiArte da Amazônia (Orquestra Filma) e da Orquestra Sinfônica Altino Pimenta (OSAP), da Escola de Música da Universidade Federal do Pará, onde ela também atua como docente.

PARAENSE VAI APRESENTAR COMPOSIÇÃO PELA PRIMEIRA VEZ

A peça da paraense intitulada “Da Terra” será apresentada pela primeira vez neste concerto em Brasília, que além da estreia, terá clássicos conhecidos. “Faremos a 5ª Sinfonia de Beethoven, como parte da programação do Ciclo Beethoven, que está sendo feito pela orquestra, além da obra ‘Moda e ponteio’, do compositor Mário Tavares, para harpa solo e orquestra, com solo da harpista Cristina Carvalho”, destaca Cibelle.

“Da Terra” faz parte de um ciclo de obras de Cibelle Donza que se relacionam pela temática similar e também pelo processo de composição. Segundo a maestra, as obras deste ciclo foram compostas de modo mais intuitivo e menos cerebral. “É uma forma de eu compreender melhor qual a minha própria sonoridade, do que é formado o meu próprio repertório de sonoridades”.

A primeira obra do ciclo se chama “Das Plêiades”, composta para orquestra de cordas. “A encomenda e a estreia foram feitas pelo maestro Hilo Carriel, com a Orquestra de Câmara do Amazonas (OCA). ‘Da Terra’ é uma obra para orquestra sinfônica, que tem a mesma instrumentação do último movimento da sinfonia de Beethoven, ou seja, uma orquestra clássica acrescida de flautim, contrafagote e três trombones. Foi a primeira vez que o compositor adicionou esses instrumentos em uma sinfonia, que se tornou o embrião da orquestra romântica. Além dessa formação, a música também inclui uma seção de percussão mais densa do que a instrumentação de Beethoven”, detalha a musicista, que também tem no currículo obras camerísticas para diversas formações, além de trilhas para o cinema.

CIBELLE VAI REGER A PRÓPRIA OBRA PELA PRIMEIRA VEZ

A Sinfônica de Brasília – como é mais conhecida a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro – não é exatamente um campo desconhecido para Cibelle Donza. “De certa forma me sentirei em casa, pois é uma orquestra que é composta por muitos talentosos músicos paraenses”, diz a maestrina.

Há outro motivo que torna o evento especial: “Me dei conta que todas as minhas obras para orquestra foram estreadas sob a regência de outros maestros e maestras  – e eu sempre acho muito interessante escutar o olhar de outros intérpretes sobre minha música. Mas será a primeira vez que irei reger a estreia de uma composição minha. E na verdade, isso era muito comum no passado. Beethoven, que estará na programação, sempre regia suas obras. Mas foi um costume que foi se perdendo com o tempo”, lembra.

À frente da OSTNCS, Cibelle aproveitará para expandir seu trabalho e levar além a música paraense. “Belém e a Região Amazônica, de modo geral, têm uma produção efervescente no âmbito da música de concerto, mas nem sempre o Brasil fica sabendo o que fazemos por aqui, que é bastante rico, então para além da oportunidade de mostrar meu trabalho, vejo também como uma forma de chamar atenção para a produção na Região Amazônica”, pontua. Na apresentação, serão usados instrumentos marcantes da sonoridade amazônica, como as sementes de sapucaia e maracás, em uma combinação muito característica do lundu.

Neste ano que começa já com grandes realizações, Cibelle Donza pretende expandir seu trabalho como regente e compositora. Especialmente o projeto da Orquestra Filma, fundada em 2021, que por ser independente depende de apoio financeiro. “Ela sobrevive a partir de prêmios, patrocínios e editais de leis de incentivo fiscais. Então as atuações dessa orquestra ainda não têm sido constantes. Meu desejo é que possamos expandir esse trabalho e transformá-la numa orquestra com concertos mais regulares”, projeta.