Leandro Moreira/Especial para o Você
Depois de 10 anos longe dos palcos, o Madame Saatan finalmente se reencontra com a música ao vivo. Considerado um dos expoentes do rock do Norte do Brasil, o grupo faz um show de reunião neste domingo, 18, no Festival Psica. O retorno acontece para celebrar os 11 anos de lançamento do disco “Peixe Homem” (2011), matar a saudade de tocar juntos e… se divertir. Se divertir muito e ver o que acontece depois de tanto tempo. O show de reunião promete momentos de catarse com Sammliz (voz), Ed Guerreiro (guitarra), Ícaro Suzuki (baixo) e Ivan Vanzar (bateria).
Banda de rock/heavy metal que nasceu em Belém em 2003, o Madame Saatan lançou os discos “O Tao do Caos” (2004), “Madame Saatan” (2007) e “Peixe Homem” (2011). O grupo se firmou na cena independente do metal nacional, chamando atenção da mídia com apresentações marcantes, e participando de alguns dos principais festivais brasileiros, como o Mada (RN), Porão do Rock (DF), Virada Cultural (SP), Bananada (GO) e Conexão Vivo (MG).
As músicas têm o heavy metal e o thrash metal como base de inspiração para uma mistura maior, que mescla estilos como o punk, hardcore e ainda um tempero regional da Amazônia com ritmos brasileiros.
Sammliz, cantora e compositora do grupo, explica que a volta foi motivada por um convite que mexeu com as memórias afetivas. “Ano passado encontrei Gerson e Jeft (organizadores do Psica) no bar The Beatles. Lá pelas tantas, surgiu a ideia de fazer um ‘revival’ no Psica. Conversa despretensiosa, mas que trouxe aquelas lembranças que mexem com a gente de um jeito diferente. Adorei a ideia. Até então, não cogitava reativar o Madame Saatan”, revela.
O repertório do show será focado nas músicas de “Peixe Homem”, mas também terá sucessos mais antigos como “Respira”, “Molotov” e “Vela”.
A seguir, a entrevista concedida por Sammliz sobre esse retorno.
P São mais de 8 anos em pausa. A vida de todo mundo seguiu em direções diferentes. Mas agora, os caminhos se encontraram. Por que? Explica como foi isso.
R Muita coisa aconteceu durante esses 10 anos, absolutamente tudo mudou. Do acidente do Ícaro para cá, foi chão. Para lembrar, a banda encerrou pouco tempo após ter lançado “Peixe Homem”, e ter voltado da primeira parte da tour feita pelo Sudeste, Centro-Oeste e parte do Nordeste. O grave acidente sofrido pelo Ícaro em uma viagem a Belém para visitar a família (ele foi atropelado por um delegado embriagado no conjunto onde a família morava), com previsão de recuperação lenta – o que aconteceu de fato, por se tratar de uma lesão cerebral – foi determinante para que resolvesse que a banda não teria como continuar. Foi uma época dolorosa para nós todos. Ainda cumprimos agenda de shows que já estavam marcados com dois membros substitutos. A essa altura, Ivan também já havia saído, mas ficou claro que não daria para continuar sem a nossa cozinha. Claramente não ia funcionar e decidi então dar fim às atividades da banda. Era melhor deixar uma memória legal dela. Vida seguiu, a gente, o país, a música, o mercado, o cenário aqui, no mundo, mas durante todo esse tempo nos mantivemos conectados com certa regularidade. Ultimamente, digo nos últimos dois anos, fomos nos aproximando mais, nos encontramos algumas vezes em Belém e nesse meio tempo as coisas foram sutilmente se lançando no mundo.
P Nesse tempo, tu construíste uma carreira solo. Como ela fica com esse retorno?
R Minha vida solo, que comecei a delinear ainda no MS, continua. Depois de lançar meu primeiro disco em 2016 e lançar alguns singles em anos seguintes, veio pandemia, dei uma bela afastada e durante esse tempo me recolhi, fui andar por aí, pesquisar, e agora estou produzindo um EP que lanço em 2023. O lance solo, banda, novos projetos, são coisas distintas que me completam, desafiam, trazem prazer e adoro a possibilidade de estar em todos eles.
P Como era o “extra-palco” da banda antigamente e como é hoje?
R Vivemos juntos morando todos em uma mesma casa durante seis anos em São Paulo, fora os anos anteriores em Belém, e era como uma família e suas alegrias, loucuras, perrengues, tretas, conquistas e fracassos. Isso era a gente no extra-palco. Tínhamos uma boa sintonia juntos. Acho que isso não se perde.
P Qual é a “missão” do Madame Saatan nessa retomada?
R A gente quer, mais do que tudo, celebrar nossa conexão e nos divertir. Estamos realmente felizes em nos reencontrar para tocar juntos novamente. Vai ser uma trabalheira monstro, um corre. Às vezes fico pensando no tamanho da bronca em que a gente se meteu (risos). Só sei que nos encontramos no final de novembro e ensaiamos loucamente por uns 20 dias pela primeira vez após uma década e queremos entregar um showzão pra gente e o público.
P Existem planos de lançar material inédito?
R Não descartamos produzir algo novo enquanto a banda estiver reunida em Belém, mas material inédito não será lançado nesse retorno. Eu não sei como será o Madame Saatan em 2023, isso vai ser interessante. Vamos ver no que dá!