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Mabe de portas abertas nos 408 anos de Belém

Completando 30 anos, museu é reaberto ao público após restauro do Palácio Antônio Lemos
Completando 30 anos, museu é reaberto ao público após restauro do Palácio Antônio Lemos

Aline Rodrigues

Como um presente de aniversário para a capital paraense, em seus 408 anos, o Museu de Arte de Belém (Mabe) reabre suas portas nesta sexta-feira, após a obra minuciosa de restauração do Palácio Antônio Lemos, onde o museu está instalado.

Com um investimento total de R$ 26 milhões, o trabalho garantiu o retorno à população do espaço cultural, com suas nove salas totalmente recuperadas, assim como seu acervo de reconhecido valor no cenário das artes. E reabertura terá festa, a partir das 18h, com apresentação do Trio Cabano, formado pelos músicos Thiago Belém (bateria), Toninho Gonçalves (flauta), e Jacinto Kahwage (piano), além da abertura de exposições de curta e longa temporadas, e da entrega da Comenda Francisco Caldeira de Castelo Branco, maior honraria do Município, a personalidades de Belém.

Nesse “reencontro”, o público vai poder conferir, na Sala Antonieta Santos Feio, a exposição “Belém no Acervo Mabe”, alusiva aos 30 anos de existência do museu, que revisita o poema “Para Ler Como Quem Anda nas Ruas”, de João de Jesus Paes Loureiro. A mostra conta com obras entre pinturas, aquarelas, gravuras e fotografias pertencentes ao acervo, assinadas por artistas locais e por outros que por aqui passaram, que retratam a capital paraense. “O visitante vai percorrer a cidade de Belém através desse olhar do poeta e através das nossas obras do Mabe, que correspondem a trechos desse poema”, explica Nina Matos, diretora do museu.

Já na Sala Theodoro Braga, os visitantes vão poder conferir a mostra “Arte na Obra”, composta de painéis mostrando as várias etapas da obra de restauro do Palácio Antônio Lemos e do Museu de Arte de Belém, um videoarte, painéis artísticos e depoimentos dos próprios operários, que repassam suas impressões sobre o trabalho realizado em um dos monumentos arquitetônicos mais importantes da cidade.

As mostras de longa duração, no andar superior do museu, trazem camadas históricas a partir de espaços como a Sala Domênico, Sala De Angelis e o Salão Dourado, cujas expografias remetem ao rico período da borracha, com seus mobiliários, lustres, bronzes, porcelanas e pinturas de época, como também a figuras políticas, na Galeria dos Intendentes da Sala Norfini e Grande Auditório.

Nas salas Armando Balloni, Ruy Meira, Carmen Souza e Waldemar da Costa, é possível ver pinturas, fotografias e esculturas sintonizadas à decolonialidade, representando um esforço consciente no sentido de combater padrões que reproduzem poder, opressão e apagamentos.

“No piso superior, a gente reabre todas as exposições de longa duração, são sete salas, trazendo as grandes telas emblemáticas e matriciais do acervo do Mabe, que são ‘A Fundação da Cidade de Belém’, ‘Os últimos dias de Carlos Gomes’, e todo um percurso curatorial que envolve esse período dessas telas. E nas outras salas nós vamos ter exposições com aspectos característicos daqui da nossa região amazônica. Nossa população, costumes, o nosso Ver-o- Peso, tipos de trabalhos na região amazônica. São obras que conversam com todo esse universo da nossa região”, detalha Nina Matos.

O museu possui ainda um auditório para solenidades e uma biblioteca especializada em artes, museologia e correlatos, além das divisões de conservação e documentação, curadoria e montagem, e setor educativo.

ACERVO

Na coleção de pinturas do Mabe, destacam-se as grandes telas “Os Últimos Dias de Carlos Gomes”, de Domenico De Angelis e Giovanni Capranesi e “A Fundação da Cidade de Belém”, de Theodoro Braga, além de um conjunto de onze telas retratando paisagens urbanas de Belém, executadas por Antônio Parreiras, um dos muitos artistas brasileiros atraídos pela prosperidade das capitais da região Norte durante o ciclo da borracha.

O espaço abriga ainda obras de Carlos Custódio Azevedo e Benedito Calixto, todas adquiridas sob encomenda do intendente e mecenas Antônio Lemos.

Há outras obras icônicas, como as representações da Cabanagem, de Romeu Mariz Filho, e produções de um período mais moderno, como as obras representativas dos artistas paraenses Antonieta Santos Feio e Waldemar da Costa.

Nina Matos festeja o fato deste acervo poder ser visitado novamente. “É de fundamental importância o retorno do Mabe, é um museu tradicional da cidade, que está completando 30 anos, e que estava fechado em função da sede dele, o Palácio Antônio Lemos, de ter sido negligenciada, abandonada por todos os governos anteriores”, diz a diretora.

“O museu ficou sem condições de abrir à comunidade, onde seus estuques estavam todos ameaçados, seus espaços estavam com falta de manutenção, e o prédio todo precisou ter reforçado o talhado, os pisos, repintura de tudo, enfim, um trabalho minucioso, que envolveu modernização no palácio, sistema de iluminação, de refrigeração, combate a incêndio. Enfim, o Mabe volta revitalizado, aberto novamente à comunidade, que nunca deveria ter fechado”, completa.

O acervo do Mabe surgiu, inicialmente, reunindo as coleções da Pinacoteca Municipal, idealizada por Antônio Lemos, e Museu da Cidade de Belém (Mubel), com um conjunto significativo de obras de artistas locais, brasileiros e estrangeiros, que referem o período áureo da borracha na cidade e um acervo contemporâneo em expansão.

Aberto em 1994, o museu possui ainda peças do mobiliário brasileiro do século 19 e início do século 20, esculturas, porcelanas, lustres, bronzes, bem como pinturas, gravuras, desenhos e fotografias.

São aproximadamente 2 mil obras produzidas no Brasil e em outros países, com aquisições iniciadas ainda no final do século 19 pelo intendente Antônio Lemos.

“A gente está aberto novamente à visitação escolar. Sempre recebemos muitas visitas da rede de ensino, somos muito procurados por pesquisadores, acadêmicos. E o Mabe sempre trabalhou ações voltadas para a reflexão do seu acervo. Esse acervo é um organismo vivo que comunica e passa conhecimento. É um espaço recuperado, revitalizado, com acervo preservado e pronto para estar novamente em comunicação com todos que procurarem a gente”, avisa Nina Matos.

VISITE

Mabe- Museu de Arte de Belém

Reabertura: Hoje, 12, a partir de 18h

Funcionamento: De terça a sexta, das 9h às 17h.

Onde: Palácio Antônio Lemos – Praça D. Pedro II s/ nº- Cidade Velha.

Quanto: Gratuito