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Livaria Travessia abre as portas para conectar leitores

O professor Pedro Gama e sua jovem equipe em ação: curadoria cuidadosa para atravessar sentimentos. FOTO: divulgação
O professor Pedro Gama e sua jovem equipe em ação: curadoria cuidadosa para atravessar sentimentos. FOTO: divulgação

Aline Rodrigues/Diário do Pará

“Tudo na minha vida tem relação com literatura, tudo que eu tenho veio dos livros, a minha formação emocional afetiva, veio da literatura. Acho que, na verdade, o ponto principal de montar uma livraria foi ter um espaço para que leitores se sentissem menos sozinhos. A Travessia é um lugar de combate à solidão”, diz Pedro Gama, professor de redação, literatura e língua portuguesa há dez anos, que realiza o sonho de abrir uma livraria no próximo dia 02.

Pedro vai na contramão desse mercado, em que livrarias físicas estão fechando as portas, com problemas financeiros notórios. Mas tem um plano: “A Travessia não nasce para ser uma grande livraria que atinge e atende todas as áreas do conhecimento. Na verdade, ela tem um recorte curatorial bem específico. Foi toda pensada e categorizada não pela nacionalidade dos autores, não pelo formato dos livros, apenas pelos sentimentos que os livros podem trazer”, diz.

O espaço tem categorias como “Farmácia literária”, onde os leitores encontrarão livros sobre luto, amadurecimento, corações partidos, e “Lamparina acessa”’, uma seleção de ciências humanas, filosofia, sociologia, história, pensamento contemporâneo. “E nós percebemos que é muito importante explicar para o público isso. Então, durante todos os dias da semana de inauguração, um livreiro estará lá guiando as pessoas pela própria travessia que elas vão empreender. Porque nós organizamos a livraria com o pensamento que cada um que entrasse lá fizesse uma espécie de travessia”, conta Pedro.

Um sonho no coração e um casarão no caminho: essa foi a união perfeita para concretizar tudo. “Eu tinha acabado de voltar de uma viagem ao México e fiquei impressionado com a quantidade de livrarias de rua nas cidades pequenas do interior do país. Quando voltei para Belém, encontrei esse casarão. Te confesso que não tinha imaginado a livraria daquele jeito, só que de repente parecia pertencer àquele formato. Parecia querer estar ali ao lado de universidades, numa área supermovimentada de Belém”, conta Pedro, que quando viu a Fox fechar as portas, se sentiu órfão. “A minha formação de leitor inteira foi feita pela dona Deborah [Miranda], que era a livreira da Fox. Ela foi continuada pelo Solar do Leitor, que tem um amigo muito querido”, acrescenta ele.

Já no próximo dia 04, às 19h, o espaço recebe o escritor paulistano José Henrique Bortolucci, para o lançamento do livro “O que é meu”. “No livro ele narra as memórias que tece junto com o pai, um caminhoneiro que fez a rota Sudeste-Transamazônica durante a vida inteira, rodou as estradas do Norte e as conhece como ninguém. E na pandemia eles se reúne com o pai em entrevistas e vão tecendo as memórias e ao mesmo tempo esse momento de reencontro, de perdão e sobretudo de amor com o pai. É um livro lindo e nós vamos ter a honra de receber o José Henrique para um bate-papo com o Rafael Lutty, nosso livreiro”, adianta Pedro.

ENCONTROS

A livraria nasce com a intenção de promover encontros e formar leitores. “A gente entende que o trabalho feito ao redor do livro potencializa a formação de leitores e principalmente promove o que há de mais precioso na relação entre a humanidade e a literatura: o encontro”, acrescenta Pedro.

No dia 06, o espaço vai abrigar o lançamento do livro infantil “Ciranda dos Nomes”, de Léo Jinkings, ilustrado por Lucas Negrão, com programação especial voltada ao público infantil. “No lugar de fazer um dia de inauguração, vamos convidar a cidade inteira a participar de uma semana de inauguração. Nós teremos uma programação bem selecionada e tudo girando ao redor do livro. Na verdade, a Travessia já nasce com cinco círculos de leitura, mediados pelos livreiros da própria Travessia, cada um com uma personalidade, um formado diferente. Entendemos que a livraria é um lugar de mediação cultural e nós queremos dar força a isso”, diz Pedro.

Sarau de poesia, intervenções poéticas, roda de chorinho na calçada também estão na programação da livraria, que abrirá as suas portas com um acervo de quase nove mil livros. “Fui pra São Paulo, passei pelo Rio, fui conversar com as editoras diretamente. Fui mostrar o projeto, falar como tínhamos pensado e conseguimos coisas inimagináveis para o mercado editorial contemporâneo. Temos parceiros muito especiais conosco e isso permitiu que nós montássemos um acervo de quase nove mil livros já nesse começo”, diz.

CONHEÇA

Livraria Travessia
Onde: Alcindo Cacela, 1404, entre José Malcher e Magalhães Barata – Nazaré
Funcionamento: de segunda a sexta, 9h às 20h, e aos sábados, de 10h às 20h.
Abertura: 02/05

Lançamento do Livro “O que é meu”- José Henrique Bortolucci
Quando: Dia 04/05, às 19h.