Wal Sarges
O encontro inesperado entre Paul McCartney e John Lennon em 1976, após o rompimento dos Beatles, norteia o musical “Dois Garotos de Liverpool”, do grupo A Liga do Teatro. Dirigido por Bárbara Gibson, que assina também a dramaturgia, o espetáculo será apresentado hoje e amanhã, com sessões às 17h e às 19h30, no Teatro Waldemar Henrique, em Belém.
No palco, dois atores lembram aquele momento que pode ter sido um dos mais esperançosos para os fãs da banda que imaginavam dali sair um reencontro do famoso quarteto britânico. Para o ator Lenno Ávila, 42, é um desafio interpretar um personagem não-ficcional como John Lennon e que foi um dos maiores ícones da música mundial.
“A gente não pretende fazer uma imitação dele, mas tem que ter a essência da pessoa que Lennon foi. Para isso, pesquisei os trejeitos, a forma como ele cantava ou expunha a sua relação com a música. Nas entrevistas, a gente percebe o quanto ele era sério e, ao mesmo tempo, brincalhão. Vi muitas entrevistas, filmes, documentários e li bastante sobre eles. A diretora do espetáculo é uma grande fã dos Beatles, então, a nossa imersão foi densa para fazer os personagens”, diz o ator.
NOVA VERSÃO
A peça, livremente inspirada no filme “Tudo Entre Nós” (2000), conta sobre o dia 24 de abril de 1976, quando o apresentador de um programa de comédia da tevê norte-americana fez uma proposta: “Se John Lennon e Paul McCartney aceitarem se apresentar juntos, ao vivo, mais uma vez, pagamos a quantia de 3 mil dólares para eles”. De forma mais inusitada ainda, Lennon e McCartney estavam assistindo ao programa, juntos, no apartamento de John, e quase apareceram no estúdio.
“Eu sou fã dos Beatles há mais de 15 anos, então essas duas pessoas, Lennon e McCartney, são os dois artistas que eu mais admiro, duas pessoas que determinaram muito da artista que eu sou hoje, então, acima de tudo, é uma homenagem sincera minha aos dois”, conta Bárbara Gibson.
Nascido na década de 1980, Lenno conta que até o próprio nome foi inspirado em John Lennon, mas tudo o que ele sabia a respeito dos Beatles e de seu personagem era superficial. “Ao me aprofundar, passei a conhecê-lo de forma íntima para compor melhor o personagem. Foi muito difícil, acho que foi uma das coisas mais difíceis que já fiz em teatro, porque são apenas dois atores em cena, mas perceber a reação das pessoas nos ensaios tem sido bem gratificante”, conta o ator.
Quando foi realizada esta reportagem, o grupo ainda tinha pela frente três ensaios antes da grande estreia e o duo de atores protagonistas esperava que esta fosse uma apresentação inesquecível para o público, especialmente para os fãs da banda. É o que diz o ator Filipe Cunha, 29, que interpreta McCartney e conta ter a música como base de sua carreira artística.
“Quando a Bárbara começou a falar desse musical, fiquei muito honrado de fazer parte dessa história. Começamos os ensaios dois meses atrás. Com os laboratórios, sabíamos que a nossa dedicação a este trabalho tinha de ser intensa. Mergulhamos bastante na história da banda e na relação dos dois, foi feito um estudo da vida deles e da banda para que a gente pudesse mostrar no palco todo o empenho que fizemos”, comenta Filipe, dizendo que os Beatles representam uma de suas maiores referências musicais.
Enquanto ator de teatro musical, Filipe diz que não tinha visto outra peça deste gênero com apenas duas pessoas. “A atenção aos detalhes e ao texto é muito maior durante a duração do espetáculo, pois requer uma química muito grande entre os dois atores. Para isso, nos debruçamos juntos em cima dos personagens. Tudo para entregar o melhor ao público”, diz ele, que começou no teatro em 2019 participando de musicais como “Queen”, “A Bruxa de Oz”, “De Repente 30” e “Encantados”.
O elenco ainda conta com Luiza Imbiriba, Paulo Jaime e Victor Azevedo, produção de Larissa Imbiriba, assistência de direção de Paulo Jaime e apoio cultural do Centro Cultural Atores em Cena.