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Layse posa em motel e mostra como se faz um "arrocha paraense"

Foto: Gabriel Dietrich/divulgação
Foto: Gabriel Dietrich/divulgação

Texto: Aline Rodrigues

A artista e multi-instrumentista Layse une as referências latinas da bachata com a batida tecno presente no arrocha produzido na capital. Essa mistura estará presente no single “Love Lomas”, lançado nesta sexta, 11, junto com um vídeo em formato visualizer, gravado no motel de  Belém que dá título à canção.

“Está vindo aí, com a nossa pegada popular, inspirada mesmo no som que toca nas ruas, nas aparelhagens, no Veropa, meu setor (risos). Diferente do ‘Caso Raro’, que veio com os instrumentos bem orgânicos, ‘Love Lomas’ já marca a entrada de outra referência na minha sonoridade, que são os elementos eletrônicos presentes na música, os ‘packs’ (batidas) da periferia. É a linguagem do arrocha paraense, misturado com bachata, prazeres de viver na nossa Amazônia, que é muito latina e caribenha”, diz Layse.

 

‘Love Lomas’ já marca a entrada de outra referência na minha sonoridade, que são os elementos eletrônicos presentes na música, os ‘packs’ (batidas) da periferia.

O single é um dos destaques da parceria entre a Psica Gang e a Warner Music Brasil, e aborda a vida de uma mulher independente, dona de si, que paga suas contas, num momento de despertar para situações do cotidiano.

“As canções que escrevo são inspiradas em várias mulheres, histórias, é pra todas nós. ‘Love Lomas’, principalmente por ser um enredo que se passa num motel, traz esse ar da mulher que é escondida, que é a amante, a objetificada, mas que também acorda, bate a porta, vai embora. Fico feliz de poder dar voz a elas, a todas nós. É uma coisa que a Marilia Mendonça fazia e eu sou muito fã dessa mulher por isso”, disse Layse.

O single marca novas experimentações na carreira da artista, que lançou o EP “Caso Raro” (2021), com fortes referências ao brega marcante e do bolero, e agora explora elementos eletrônicos da música produzida na periferia do Pará, misturada com as latinidades da bachata, considerado um híbrido do bolero, chá-chá-chá e tango. Com isso Layse quer mostrar que a Amazônia e a música paraense realmente são muito latinas e também populares.

“Aqui no Pará a gente é dono da nossa sonoridade. Música que se dança juntinho no corpo a corpo, nos ritmos e suingue envolvente, e também a poesia com a lírica feminina de uma mulher, cis ou trans, que encontramos em todo lugar, a mulher poderosa que passa batom vermelho de manhã e que canta para subir, pra se encontrar, se empoderar da nossa própria existência. Compor para mim e pra todas as mulheres que posso alcançar, é um exercício de auto-amor, de lembrar que por mais que a gente se desligue disso às vezes, somos donas da nossa própria vida, da nossa história”, contou ela.

 

Foto: Gabriel Dietrich/divulgação

Na banda, Layse conta com a parceria de “Os Sinceros”, que além dela no vocal e na bateria, traz Danilo Rosa na guitarra, Maykon Yamada no contrabaixo, André Madeira na percussão e Mário Neto no backing vocal.

O lançamento representa muito para a artista, por ser fruto da parceria da Psica Produções com Warner Music, logo, na opinião dela, é um grande salto entrar com uma música genuinamente paraense numa grande editora
de distribuição.

“Acho que isso é realmente confiar na nossa musicalidade, no que fazemos aqui, e por isso também eu mesma assino a produção musical do meu trabalho. É uma coisa que sempre digo, a gente não precisa se comparar com ninguém para poder sermos considerados música brasileira, além do que é visto como regional ou folclórico, essa história que pra fazer sucesso precisamos sair daqui. Eu acredito na música paraense, no nosso povo, na nossa dança, na nossa percepção e jeito de ver a vida”, pontuou a cantora.

Eu acredito na música paraense, no nosso povo, na nossa dança, na nossa percepção e jeito de ver a vida

“Que o mundo venha ver a nossa pluralidade, a natureza, os temperos, essa mistura encantadora e cheia de magia que se encontra aqui”, finalizou ela.

Com 29 anos de idade e sete de carreira, Layse é um dos principais nomes da noite da capital paraense, sendo residente das quartas-feiras no Espaço Cultural Apoena, junto ao “Os Sinceros”. Em 2021, apresentou o primeiro EP solo, “Caso Raro”, com quatro faixas, incluindo “Hit de Sucesso”, que ganhou um videoclipe lançado no Festival Psica do ano passado. Desde então, Layse acumula shows em festivais, como o já citado Psica, Lambateria, onde este ano se apresentou ao lado do ícone do brega marcante paraense Mauro Cotta, com show marcado no Festival BR-135, em Manaus, nos dias
18 e 19 de novembro.