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Laudo aponta aquecedor como causa provável de incêndio na casa de Zé Celso

Laudo aponta aquecedor como causa provável de incêndio na casa de Zé Celso Laudo aponta aquecedor como causa provável de incêndio na casa de Zé Celso Laudo aponta aquecedor como causa provável de incêndio na casa de Zé Celso Laudo aponta aquecedor como causa provável de incêndio na casa de Zé Celso
O dramaturgo José Celso Martinez Correa, diretor do Teatro Oficina,  morre em São Paulo aos 86 anos. Foto: Garapa Coletivo/Wikimedia Commons
O dramaturgo José Celso Martinez Correa, diretor do Teatro Oficina, morre em São Paulo aos 86 anos. Foto: Garapa Coletivo/Wikimedia Commons

ROGÉRIO PAGNAN

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O laudo produzido pelo Instituto de Criminalista de São Paulo aponta um fogo iniciado no aquecedor térmico como possível causa do incêndio que atingiu o apartamento do diretor teatral e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, 86, no Paraíso, na zona sul da capital, no último 4.

O artista morreu na manhã desta quinta (6) em razão dos ferimentos.

O documento, ao qual a reportagem teve acesso, trata essa hipótese como a mais provável, acompanhando as primeiras suspeitas da polícia desde o início -de que uma camisa do dramaturgo caiu sobre o aparelho. A perícia sustenta essa hipótese porque que os vestígios indicam que o fogo, aparentemente, teve início no dormitório do apartamento 63, onde foram encontrados o restos do aquecedor.

Não é possível ter total certeza quanto a isso, ressalva o laudo.

“Não foi possível precisar a causa do evento, porém a análise dos elementos técnicos-materiais coligidos no local, levaram o relator a admitir como viável, a possibilidade de o incêndio ter iniciado, em virtude do contato entre um corpo de capacidade ígnea (aquecedor, etc.), com materiais de fácil combustão que ali existiam (tecido, espuma, madeira, etc.), o qual possivelmente deu início as chamas, tomando vulto, ocasionando o incêndio”, diz trecho do laudo.

A suspeita de a roupa ter caído sobre o aquecedor ganhou força desde o início das investigações porque, conforme boletim de ocorrência, isso já tinha ocorrido anos atrás no apartamento de Zé Celso, mas o fogo foi controlado antes de causar destruição maior.

O documento foi entregue pelo IC ao delegado Mauricio Del Trono Grosche, do 36º DP (Vila Mariana), e fará parte agora do inquérito que investiga o incêndio. A polícia aguarda resposta oficial do Corpo de Bombeiros sobre a situação do edifício em relação aos documentos necessários.

O prédio, conforme a polícia, é muito antigo. Tem extintores, mas não possui quadros com as mangueiras. Conforme a polícia, as vistorias são importantes para segurança do prédio, mas, em relação ao caso de Zé Celso, não deve ter influência direta por ser considerado, até agora, “uma fatalidade”.

À reportagem a corporação confirmou que o prédio não tinha o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), algo obrigatório para funcionamento da grande maioria dos estabelecimentos residenciais e comerciais.

A lei exige que qualquer construção com mais de 200 m² de área construída ou mais de um andar tenha um Comprovante de Responsabilidade Técnica que ateste sua segurança. O AVCB é o principal documento deste tipo, usado na maioria dos edifícios.

“A edificação em questão será notificada e outorgado prazo legal de até 180 dias para fiscalização. Findado este prazo, nova fiscalização será realizada com vistas ao saneamento de irregularidades. Em caso de negativa, pode-se aplicar multa e outorga de novo prazo de até 180 dias. Em caso de recorrência, é previsto multa dobrada e até mesmo interdição da edificação, caso constatado risco iminente à vida dos ocupantes”, diz nota dos bombeiros.

A reportagem tenta contato com o síndico do edifício para saber o motivo da falta do documento.

O Corpo de Bombeiros estabelece critérios para prioridades de fiscalização de prédios que estão sujeitos ao decreto de segurança. “Dentre esses critérios encontram-se a periculosidade da edificação e recorrência de eventos. Tendo este evento em específico ser de relevância, altera-se o nível de prioridades em edificações do tipo residencial, passando a ser prioridade no calendário de fiscalizações”, diz a corporação.

Sobre as causas do incêndio no edifício de Zé Celso, os bombeiros informaram não ter “competência legal” para determinar causas. A corporação diz que isso cabe “à Polícia Técnico Científica, através de perícia técnica, a determinação”.

Sobre a causa provável, supondo ter sido causado por um aparelho de aquecimento, o Corpo de Bombeiros também recomenda adotar alguns cuidados, como aquisição de marca confiável e equipamento com símbolo do Inmetro, “que garante o atendimento das normas de segurança”.

Recomenda, ainda, manter o aparelho longe de materiais inflamáveis, como toalhas, carpetes, lençóis ou cobertas. “Cuidado ao utilizar no banheiro, especialmente em superfícies que possam estar molhadas, causando curto-circuito. Atenção a crianças e pets que por curiosidade, podem tocar o aparelho e se queimar.”

Por fim, os bombeiros afirmam que é importante manter a manutenção da rede em dia, de acordo com as normas técnicas e com dispositivos de segurança como disjuntores. “Uso supervisionado por adulto sempre; de preferência, não dormir com o equipamento ligado. Aqueça o ambiente antes e desligue o aparelho na hora de dormir”, finaliza.