Kedny Silva faz stand up "Serviço Obrigatório"

Texto: Wal Sarges

Com um show inspirado na própria vida, o humorista Kedny Silva se apresenta neste sábado, 22, a partir das 21h, no Teatro do CCBEU, em Belém. “Serviço Obrigatório” nomeia o stand up do artista, em um segundo encontro com o público paraense, desta vez, em show solo.

E ele diz que já estava ansioso para retornar à cidade. Depois de provar o pato no tucupi e o sorvete de cupuaçu, ele conta que se apaixonou especialmente pelo calor da Cidade das Mangueiras.
“Eu adoro o calor. Eu moro em São Paulo e aqui é muito frio, então já esperava voltar há muito tempo. Estive em Belém antes da pandemia, a convite do meu amigo Luciano Farinha. Disse para ele que voltaria quando a minha carreira estivesse consolidada. Agora, depois da pandemia, estava muito querendo voltar. Já fiz muitos textos sobre a cidade e as pessoas me perguntavam sempre quando eu faria um show no Pará”, conta.
As pessoas irão se divertir bastante, promete o humorista. “O show está bem amarrado e tem muita qualidade. É muito legal viajar pelo Brasil após esses anos de pandemia. Será um momento de celebração da minha carreira voltar a Belém. O show presencial faz muita diferença. Proporcionar isso ao público é muito legal e estou feliz”, conta Kedny, que, com seus vídeos de stand up no Youtube, acumula quase meio milhão de seguidores.

CRIAÇÃO
Kedny conta que as histórias compartilhadas no palco têm sempre um fundo de fato real, algo que considera fundamental para gerar o riso. E lembra de uma visita à Estação das Docas que acabou virando piada. “O Luciano Farinha me apresentou ao sorvete de cupuaçu e ao pato no tucupi. Depois do sorvete, não deu outra, meu estômago começou a fazer um barulho e tive que sair correndo pro hotel. No stand up, a gente não inventa, mas aumenta um pouco”.
Depois de conhecer um lugar, Kedny conta que pensa o que sentiu e essas experiências acabam se traduzindo em textos para shows em outros palcos. “Tem muitos estados que eu já fui e como não gostei, não falo. Mas em Belém, me senti muito bem, acho que é porque já morei em Manaus”, compara o humorista, que iniciou no stand up há onze anos.

Veja um dos vídeos de Kedny no YouTube

Sucesso no YouTube fez a carreira decolar nos palcos

Natural de Curitiba, Kedny ainda passou por Recife, onde conheceu o stand up. “Eu já era um cara engraçado na roda de amigos e um deles me perguntou porque não fazia stand up. Eu disse que não, porque sentia vergonha de pegar no microfone e me apresentar em público. Depois, passei a desenvolver textos e acreditar nisso. Minha esposa é pernambucana e depois que nos casamos, ela disse para vendermos tudo e irmos para São Paulo porque acreditava no meu potencial”, relata.
E foi o vídeo do show “Serviço Militar Obrigatório”, no Youtube, que fez a carreira de Kedny tomar proporções nacionais. “As pessoas passaram a me conhecer nas ruas e a minha vida ganhou outro rumo, fazendo mais shows e iniciando a minha carreira no humor”, lembra. O vídeo famoso é inspirado na carreira do pai do humorista, que era militar. “Eu também acabei servindo o Exército, como recruta. Eu era muito vagabundo e meu pai me obrigou a servir para ter mais disciplina. Eu conto essas experiências de forma bem-humorada no vídeo, mas nos shows, também falo de relacionamentos, sou casado há oito anos e falo das coisas do nosso cotidiano de casal”, adianta ao público.
Ele considera que esses temas geram riso porque encontram proximidade com experiências alheias. “Quando a gente percebe que tem coisas do cotidiano que se repetem com todo casal, eu entendo que isso conecta todo mundo. Então, eu procuro fazer piadas que conectam casais. É uma catarse quando procuro fazer as pessoas se conectarem a partir do riso”, resume.
Sendo ainda um humorista preto, ele conta que passou por várias adversidades, mas não buscou rotular seus shows. “Eu poderia ter optado fazer textos sobre temas raciais, mas eu não queria isso. Os textos que eu faço, são o que qualquer pessoa poderia fazer. Já sofri bastante, já teve contratante que quis pagar menos do que pagaria para outro e até já fui barrado. É difícil para todo mundo que é negro no Brasil. Mas essa é a luta. Quando apareço no palco para fazer as pessoas rirem e começo a fazer as pessoas mudarem o que pensavam, eu chego ao meu objetivo”, diz ele.

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