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Jeff Moraes leva seu bloco para a rua no domingo do Círio com clima de carnaval

Jeff Moraes diz que o bloco faz sua homenagem à Nossa Senhora e ao Círio com arte e com “o corpo na rua” FOTO: NEYVICTON/DIVULGAÇÃO
Jeff Moraes diz que o bloco faz sua homenagem à Nossa Senhora e ao Círio com arte e com “o corpo na rua” FOTO: NEYVICTON/DIVULGAÇÃO

Texto: Wal Sarges

Um encontro na rua é o que propõe o cortejo cultural “Minha Boca Treme”, realizado pelo cantor Jeff Moraes neste domingo, 8, às 15h, na Praça do Carmo. Com uma bike-som, o multiartista percorre as ruas do bairro da Cidade Velha e recebe, nesta edição, os cantores paraenses Liège, Geraldo Nogueira e Xirleytão. O encerramento do trajeto acontecerá na Feira do Açaí, durante o Carimbó do Caroço.

Esta é a forma que Jeff Moraes encontrou de reunir outros artistas para homenagear Nossa Senhora de Nazaré. “Vamos abrir o terceiro ensaio do bloco ‘Minha Boca Treme’, depois que a ‘Nazica’ chegar na casa dela. A gente vai continuar na rua para homenagear esse momento tão importante da nossa cultura, só que desta vez vamos homenagear com a nossa arte, com a nossa música e o nosso corpo na rua, trazendo essa perspectiva do cortejo que a gente gosta tanto. A gente está se organizando bastante, pensando nesse repertório, que vai ter clássicos do Círio, tocados na bike-som, que é uma característica muito grande do bloco”, afirma o artista.

Diferente das outras edições, quando o cortejo saía da rua em direção a uma casa de show fechada, desta vez o bloco faz o movimento de permanecer na rua. “Nosso cortejo sai da Praça do Carmo e vai direto para a Feira do Açaí. Então a gente vai mudar o percurso, mas continuamos ocupando as ruas da Cidade Velha. Chegando na Feira do Açaí, a gente vai ter o carimbó, que é a festa do Círio, com vários grupos, o Nativos do Mangue, Mestre Lorival e Igarapé, Mestre Tomás, a galera do Samba e Batuque. Todos esses artistas já ocupam a rua em momentos distintos. O Samba e Batuque ocupa a rua na primeira terça-feira de cada mês; o pessoal do Carimbó do Caroço ocupa a Feira do Açaí todo domingo. Então são várias manifestações que já acontecem na rua e dessa vez a gente resolveu unir forças, um vai contemplar o outro”, explica o cantor.

Jeff Moraes incorpora elementos do carnaval e da cultura popular paraense, como uma bike-som, ao ensaio do Bloco FOTO: NEYVICTON/DIVULGAÇÃO
SONORIDADE

O repertório é amazônico, avisa o cantor. “A gente mostra para o nosso povo que a nossa música é, sim, de carnaval, de cortejo, para dançar, ser feliz e extravasar. O foco é dizer para todo mundo: ‘o Norte é agora’, como diz o Raidol. A gente ocupa esse espaço para ter um protagonismo para a nossa musicalidade e fazer com que as pessoas percebam que não precisam ouvir somente o que vem de fora para se divertir. Focar na nossa música e para nossa gente. Essa é a ideia, porque o mundo está olhando para a Amazônia. Falta a gente se olhar”, analisa Jeff, que cantará músicas da banda Fruto Sensual, Mestre Verequete, Calypso, Gigi Furtado, Naieme, Arraial do Pavulagem, além de músicas de sua autoria.

Para Jeff Moraes, Círio tem um significado bem amazônico. “Para mim, Círio é como se fosse água, e eu acho que o nosso corpo na rua significa exatamente isso, a gente vai desaguando e no final a gente se torna um grande rio, esse rio de gente que tanto se usa na metáfora quando se fala de Círio. Vamos aproveitar essa oportunidade para dar nossa forma com o nosso tambor, homenagear a Nossa Senhora de Nazaré e ainda fazer o que a gente gosta de fazer: que é arte. Música é fazer ocupação cultural”, diz.

A essência do bloco continua a mesma, ele reitera. “É a festa do Círio, dos artistas de rua. A gente fazia festa fechada, mas agora tudo vai ser na rua, como a gente gosta. É a essência do bloco. Eu, enquanto artista, comecei na rua, perto do povo. E acho que é legal essa história de juntar a força de quem já está fazendo movimento, sempre saudando quem veio antes da gente, porque essas ocupações da Cidade Velha já acontecem há muito tempo. O Eloi Iglesias, com o Fofó do Eloi, há muitos anos já vem fazendo. Não sou protagonista, estou fazendo manutenção do espaço que muitos artistas da Amazônia já fizeram”, diz Jeff. “O Círio é um momento icônico do Eloi, da Chiquita, e estou seguindo a tradição que ele deixou para a gente na Cidade Velha. O Eloi é uma grande inspiração para o meu trabalho, ele é ícone da nossa cultura e da nossa música”, enaltece.

FESTA

Ensaio aberto do bloco “Minha Boca Treme”, com o cantor Jeff Moraes
Quando: Domingo, 08/10, a partir das 15h.
Onde: Praça do Carmo (concentração) até a Feira do Açaí (encerramento)
Quanto: Gratuito