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Jaguar Parade tomará as ruas de Belém com mostra urbana

Jaguar Parade tomará as ruas de Belém com mostra urbana

Peças serão pintadas este mês por artistas paraenses e vão ser espalhadas pela cidade em outubro e novembro.

FOTO: DIVULGAÇÃO
Peças serão pintadas este mês por artistas paraenses e vão ser espalhadas pela cidade em outubro e novembro. FOTO: DIVULGAÇÃO

Belém e Pará - Em um ano em que os olhos do mundo se voltam para Belém, quando a cidade se tornará um ponto central nas discussões sobre a Amazônia e seu papel no futuro do planeta, a Jaguar Parade, maior exposição de arte urbana do mundo, dedicada à conservação da onça-pintada, desembarca em Belém trazendo muita arte e reflexão sobre a Amazônia para as ruas da cidade, com a sua edição de 2025.

“Mais do que celebrar esse momento, a Jaguar Parade visa celebrar a rica cultura de Belém e de toda a região amazônica. Cerca de 40 artistas locais pintarão em suas esculturas temas importantes da região. Até onde sabemos, esse será o projeto que mais movimentará a cena artística local e estamos muito orgulhosos disso”, falou Giovane Pasa, sócio e fundador da Artery, produtora cultural criadora do evento.

De 25 de outubro a 30 de novembro, cerca de 50 esculturas de onças-pintadas, criadas por artistas da região amazônica e de outras partes do País, com curadoria de Vânia Leal, serão vistas em praças, parques, avenidas e pontos turísticos, transformando a cidade em uma grande galeria de arte beneficente a céu aberto. A primeira a aparecer foi recepcionada pela cantora Gaby Amarantos, em sua festa de aniversário, ocasião em que aceitou o título de madrinha do projeto.

O evento promove a cultura e amplia o debate sobre a conservação da onça-pintada – símbolo da fauna brasileira e hoje extinta localmente na América do Norte, e ameaçada na maior parte dos territórios das Américas Central e do Sul.

“Esta será a nossa edição mais longa até hoje, com as pinturas iniciando em 11 de setembro e exposição terminando em 29 de novembro, Dia Mundial da Onça-Pintada. Estamos felizes e orgulhosos em levar a Jaguar Parade a Belém. Por onde já passou (Nova York, Paris, Rio, SP), o evento gera muito impacto positivo e encanta as pessoas através do poder da arte. Em São Paulo, a Jaguar Parade é o maior evento de arte urbana da história da cidade”, destacou Giovane.

PREPARAÇÃO

Enquantos as onças não ganham as ruas, a partir de 11 de setembro o público poderá acompanhar o processo de transformação das peças, interagir com os criadores e participar de atividades educativas ao vivo, no ateliê oficial instalado no Boulevard Shopping Belém, e em ações especiais de criação espalhadas pela cidade.

A maioria dos artistas são da região e estarão sob a curadoria de Vânia Leal. “Tinha essa responsabilidade de serem artistas da Amazônia, do Pará, queria muito que tivesse das outras Amazônias. Mas, por conta da logística, concentramos mais em artistas de Belém, que moram aqui e estão aqui. E aí foi muito legal também, nessa perspectiva, porque a minha curadoria ativou artistas emergentes, que têm muita qualidade, mas que ainda não estão muito inseridos nessa perspectiva no circuito. E também teve artistas geracionais de muita qualidade”, disse a curadora, destacando que a edição será muito potente e terá coletivos que trabalham com arte urbana, pintura urbana, em sua maioria mulheres.

“Esta é uma edição muito fortalecida nesse sentido, trazendo também uma pauta identitária, priorizando mulheres, mulheres pretas, artistas também LGBTQIA+, que também priorizamos muito, artistas indígenas. Ressalto que a Moara Tupinambá, vai estar participando, entre outros. Foi uma edição muito bem pensada, elaborada, para trazer uma qualidade estética e artistas que tragam a sua poética para comungar nessa perspectiva também crítica, porque vão ser esculturas que vão ficar na rua e a gente também tem que pensar, acima de tudo, essas questões climáticas”, destacou Vânia, que é especialista em História da Arte e mestre em Comunicação, referência na valorização da produção do Norte do Brasil.

Peças serão leiloadas on-line

Antonio Dias Junior, Pablo Mufarrej, Natália Lobo, Isa Muria, João Boto, Marinaldo, Thay Petit, Drika Chagas, Dannoelly Cardoso, Moara Tupinambá, Elieni Tenório e Chico Ribeiro são alguns dos artistas que pintarão as esculturas, que são reproduções em tamanho real das onças-pintadas. As peças são produzidas em fibra de vidro e com 1,8 metro de comprimento e serão customizadas pelos artistas.

“Acredito que essas ativações que vão estar nas ruas, enquanto esculturas espraiadas por todas as ruas, elas vão ter um processo muito de comunicação, entender o que representa esse jaguar, essa onça. Gosto muito de usar a palavra onça, porque traz para o nosso português bem demarcado. E a onça, para muitos povos ancestrais, é tida como aquela que tem um processo muito importante dentro da mata. Ela é uma predadora de topo, ela tem essa perspectiva de cuidar do meio ambiente, através da limpeza que ela faz. Ela é tida também como um animal ancestral. Tem muitas questões desse próprio ‘suporte’, que é a onça, que vai receber essas pinturas, e já vai chamar atenção para si própria, dessa importância de salvaguardar esse nosso patrimônio que passa pela biodiversidade, pelos animas”, disse Vânia.

CONSCIENTIZAÇÃO

Mais do que uma atração artística, a Jaguar Parade é uma plataforma de conscientização que transforma conhecimento científico em emoção e engajamento coletivo. Ao unir artistas, especialistas, marcas e o público, a Jaguar Parade espera transformar cada escultura em um ponto de encontro entre arte e ativismo, para inspirar o cuidado e despertar a consciência de cada pessoa a participar da proteção desse símbolo da biodiversidade.

A exposição democratiza o acesso à arte, já que todas as obras são exibidas gratuitamente em espaços públicos. Ao final da mostra, as esculturas são leiloadas, e 100% da receita líquida é destinada a projetos de preservação da onça-pintada, ajudando a garantir um futuro mais seguro para essa espécie.

“Isso é muito importante, porque o projeto já parte de uma perspectiva política e, a partir daí, as pessoas que vão estar em contato também vão entender essa causa e a importância da onça na floresta. Nós somos povos florestânicos e como tal temos essa missão, porque na verdade muitos querem salvar a Amazônia, mas quem salva de fato são os povos florestânicos e nós fazemos parte dessa salvaguarda”, disse Vânia.

Durante todo o período do projeto, um leilão beneficente on-line já estará ativo na plataforma iArremate, permitindo que interessados façam lances nas esculturas. O grande destaque da programação será o encerramento, com a reunião de todas as esculturas no Dia Mundial da Onça-Pintada, em 29 de novembro.

“Já optamos por leilão on-line muitas vezes e funciona superbem, oferece não somente a quem estará presente mas a pessoas de outras cidades e estados. Outro ponto importante é que não queremos que essa edição seja algo pontual, queremos que seja o ponto de partida para mais edições no Norte do Brasil”, finalizou Giovane Pasa.