No palco The One, em São Paulo, a noite de domingo ganhou contornos históricos com Iggy Pop encerrando a programação do The Town em um espetáculo de pura intensidade. Aos 78 anos, o Padrinho do Punk não apenas revisitou cinco décadas de trajetória, mas reafirmou a força de um gênero que moldou gerações inteiras. A abertura com “T.V. Eye” já dava o tom de uma apresentação sem freios, marcada por 90 minutos de energia crua e uma entrega que poucos artistas conseguem sustentar com tamanha autenticidade.
O setlist, pensado como uma verdadeira aula de punk rock, reuniu clássicos incontornáveis como “Raw Power”, “Gimme Danger”, “The Passenger” e “Lust For Life”. O público foi conduzido por uma viagem que cruzava épocas, provando que a música de Iggy não pertence ao passado, mas ao presente que continua a inspirar. A participação especial de Nick Zinner, guitarrista dos Yeah Yeah Yeahs, reforçou esse diálogo entre gerações: riffs poderosos que encontraram terreno fértil na visceralidade de Pop, reafirmando o caráter atemporal de sua obra.
No desfecho, canções como “I Wanna Be Your Dog” e “Search And Destroy” incendiaram Interlagos em um clímax que soou mais como manifesto do que como concerto. Entre contorções, gritos e gestos instintivos, Iggy Pop mostrou que o punk não é apenas um gênero musical, mas uma postura diante da vida, inquieta, provocadora e genuína. O encerramento com “Funtime” e “Louie Louie” deixou a plateia em êxtase e selou a noite com a certeza de que, mesmo sete décadas depois, o fogo que moveu o garoto de Detroit continua queimando intensamente.