Texto: Wal Sarges
Lúdicos e divertidos, os shows do Barbatuques são uma verdadeira festa. Em formato on-line, o novo projeto do grupo reproduz, no palco, vivências e rotinas entre pais e filhos retratadas no disco “Só + Um Pouquinho”, que eles lançaram voltado ao público infantil. Os vídeos desta temporada homenageiam diversas cidades brasileiras, e hoje, 29, será a vez de Salvador, e amanhã, 30, da cidade de Fortaleza, com exibição, às 16h, no canal do YouTube do grupo.
Mais importante grupo de percussão corporal do Brasil, o Barbatuques foi idealizado pelo multi-instrumentista Fernando Barba, morto em fevereiro do ano pasdsado. Hoje o grupo reúne André Hosoi, André Venegas, Charles Raszl, Giba Alves, Helô Ribeiro, João Simão, Luciana Cestari, Luciana Horta, Mairah Rocha, Marcelo Pretto, Maurício Maas, Renato Epstein e Tais Balieiro, com formação de 8 integrantes para os shows virtuais.
“A apresentação é com, praticamente, todo o elenco. O show, a priori, foi pensado para ser presencial, mas passou por uma readaptação por causa da pandemia. Mesmo assim, tem um lado bom que é o alcance que a gente tem na plataforma digital. Depois de todos os shows, a gente faz um bate-papo com os participantes, o que não aconteceria presencialmente”, conta Giba Alves.
Rotina em família transformada em música
“Só + 1 Pouquinho” é o quinto disco do Barbatuques, mas o segundo criado especialmente para o público infantil, acompanhando também o crescimento do seu público desde “Tum Pá”. A proposta do novo trabalho foi inspirada na realidade da rotina em família, se aproximando das questões vivenciadas pelas crianças.
“Ele não é tão voltado para a primeira infância quanto o ‘Tum Pá’, ele é um pouco mais voltado para adolescentes. Tem muitas letras que falam da relação das crianças com a família, além de ter música que fala da avó, outra dos pais, outras ainda do cachorro – dessa relação dos pets com as crianças. Tem outra canção que é mais introspectiva, algumas que falam de coisas solares e outras nem tanto, mas retratam situações do cotidiano de euforia, de escola e também das certezas e dúvidas desse público”, descreve Giba Alves.
O disco é todo autoral, assim como “Tum Pá”, conta o artista. “Quando o Barbatuques mergulhou nesse universo infantil, todos os integrantes trouxeram uma contribuição. É uma característica desse disco. A gente foi juntando a visão e colocando as experiências pessoais de cada um no trabalho e adaptando para o nosso universo corporal. A gente está há 10 anos assim, de 30 do grupo, então a gente já pensa durante nosso dia a dia em composições para o Barbatuques ou como aquele som poderia ser executado pela orquestra”, afirma ele.
No campo virtual, algumas experiências se destacam, conta o artista. “Tem sido surpreendentemente legal. A gente gosta de fazer contato com o público. Então, temos notado que a gente tem chegado a muitos lugares que ainda não foi. A gente recebe muitos vídeos de crianças tentando imitar o que a gente faz. Tem sido uma forma de entretenimento para a família. Outra coisa legal é que tem sido um espaço importante para arte-educadores, que de alguma forma usam as técnicas percussivas em sala de aula”, destaca o integrante.
Songbook em edição especial dedicada a Fernando Barba
Em paralelo aos shows virtuais, o Barbatuques deve lançar ainda este ano um songbook em parceria com o maestro Carlos Bauzys, premiado músico brasileiro que colabora com o grupo há anos. Disponível para a venda, o livro apresenta doze grades e quatro temas cifrados transcritos pelo maestro. São partituras autorizadas, tocadas e revisadas pelo próprio grupo, em uma edição histórica, feita em homenagem a Fernando Barba (in memoriam). “Nesse período pandêmico, a gente lançou um monte de singles, com vários parceiros. O próximo single, chamado ‘Entre Amigos’, traz a participação do cantor Lenine e deve ser lançado entre novembro e dezembro, nas plataformas digitais”, antecipa Giba.
O Barbatuques surgiu a partir de um grupo de amigos, conta Giba. “A gente começou muito em cima dos ritmos brasileiros e o nosso som é muito carregado das manifestações brasileiras. Em São Paulo, tem muita gente de todos os lugares do país, e no universo da percussão, a gente adaptou para a linguagem corporal. Foi uma grande sacada do Barba, porque além do lado do entretenimento, a gente sempre teve uma pesquisa musical, com uma técnica musical única, que pode ser usada por quem não tem experiência musical”,
ressalta o músico.
O grupo oferta muitas oficinas por meio de pesquisa ao redor do mundo. “A gente faz muita oficina corporal e coloca as pessoas para fazerem música. A gente fez uma grande pesquisa corporal ao redor do mundo, como o sapateado nos Estados Unidos, o beatbox, o flamenco, que tem as suas marcações, a música tradicional da Indonésia”.
Ao longo dos anos, o grupo foi catalogando tudo, mas a técnica empregada nas apresentações foi inventada por eles próprios. “A gente começou a compor e aí a carreira do Barbatuques tem uns 30 anos, tendo se apresentado em mais de 30 países, sempre com dois vieses, shows, vídeos, e a parte pedagógica”, destaca Giba. Hoje, a técnica musical dos Barbatuques é procurada por artistas e pesquisadores de vários países. “É uma técnica que não precisa de energia elétrica ou acústica, por exemplo. É muito usada na rede pública”, acrescenta.
Assista
Barbatuques – Série de shows on-line Só + 1 Pouquinho
Quando: 29 e 30/10, 05 e 06/11, 12 e 13/11 (sábados e domingos), às 16h;
Duração: 65 minutos
Classificação: Livre
Onde: youtube.com/barbatuques
Quanto: Acesso gratuito