Giselle Ribeiro lança “ABCdário Erótico”, com música e bate-papo

Novo livro faz parte de trilogia iniciada com “Escola para Mulheres Safo”. FOTO: divulgação

Wal Sarges/Diário do Pará

A poeta paraense Giselle Ribeiro lança nesta quarta-feira, 8, às 20h, o livro “ABCdário Erótico”, terceiro da trilogia iniciada com o livro “Escola para Mulheres Safo”. O lançamento ocorre no Espaço Cultural Ná Figueredo, em Belém, com entrada gratuita, e show musical com Iara Mê e Gustavo Guerreiro. Haverá ainda uma roda de conversa entre a autora e duas convidadas: a escritora Shaira Mana Josy e a poeta Carmem Virgolino, com mediação da jornalista, psicóloga e poeta Fabíola Junqueira.

“São mulheres que estão na linha de frente das nossas lutas”, comenta Giselle sobre suas convidadas para a roda de conversa. “A Shaira Mana Josy é fundadora do Slam Dandaras do Norte. A Carmem Virgolino é capoeirista e doutoranda em Artes. Este dia 08 de março é dia de provocações femininas e feministas”, completa.

Se o “ABCdário Erótico” é um manual? A autora conta que ele pode ser concebido de várias formas pelo leitor. “Ele pode ser isso. Pode ser aquilo outro. E outro. E outras tantas coisas. O que eu sei é que ele é pleno de poemas afrodisíacos”, arremata.

Giselle Ribeiro descreve como foi o seu percurso na escrita erótica desde o primeiro livro da trilogia: “No livro de estreia, a personagem Dina convoca as mulheres a tomarem o que lhes é de direito, tanto direitos sociais quanto direitos eróticos”, diz. É dessa provocação que a escrita poética da autora se revela. “Em 2021, Dina manda avisar que o erotismo, presente no primeiro livro, precisa se ausentar para que as lutas sociais sejam fortalecidas”, continua.

Com esse compromisso, naquele ano, Giselle publicou “Mulheres que Suspendem o Recreio” e agora chega até o leitor com seu terceiro volume, “ABCdário Erótico”, assumindo uma poética capaz de destravar a língua das mulheres, “deixando-a correr livremente pelas zonas do erotismo amoroso e lésbico, tornando esse direito possível no discurso e na história da existência feminina”, descreve a autora.

Algumas situações a marcaram nesse processo de escrita. “Sou frequentadora de saraus por onde passo, entre Belém e São Paulo. Convidada para estar em um sarau no Teatro Waldemar Henrique, quando estava no palco, eu vi que tinham umas senhorinhas. Parei. Olhei. Respirei e não recuei. Ao final, fomos convidadas a descer do palco para umas fotos”. Para a surpresa da escritora, as suas senhoras disseram ter gostado muito e estavam em grande expectativa para aquela performance poética.

“Nesses momentos, eu sinto que nós, mulheres, estamos avançando com nossas bandeiras tremulando. Só não precisamos mais medrar”, declara Giselle, cujo início dessa trilogia ocorreu quando ela estava morando em Florianópolis para o doutoramento. “Naquela época, eu sempre era acordada e incomodada com poemas que queriam ser escritos. Depois descobri que havia uma voz de mulher que me encaminhava os poemas. Só muito depois ela me soprou seu nome: Dina”, lembra-se.

Dina é a dona da escola. É também uma das professoras da Escola para Mulheres Safo, que dá título ao primeiro volume. “Para o terceiro, ela decretou que este deveria ser todo tecido por mulheres marcando seus espaços, desde a autoria com Giselle Ribeiro, orelha de Wanda Monteiro, prefácio de Ana Farrah, posfácio de Ilana Eleá e a Toma Aí Um Poema, uma editora formada só por mulheres”, orgulha-se a autora.

Capa do novo livro de Giselle Ribeiro. FOTO: Reprodução

REFERÊNCIAS

Giselle, que se considera “poeta para adultos e prosadora para a infância”, é professora de teoria literária na Universidade Federal do Pará (UFPA), mestre em Estudos Literários pela mesma universidade e doutora em estudos da tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Com uma vasta literatura a permear seu universo pessoal, conta que a primeira mulher poeta que a convocou ao mundo das lutas pelos direitos eróticos foi a grega Safo de Lesbos.

“Ela aparece discretamente no nome do primeiro livro da trilogia. Preciso dizer que um homem também me atravessou, acendendo a luz na direção da escrita poética erótica: Carlos Drummond de Andrade, com seu livro ‘O Amor Natural’. O nome desse livro me possibilitou a compreensão de que o amor é natural na sua inteireza. Depois tem mais mulheres de escrita forte que fazem parte da minha família poética: Lourença Lou, Líria Porto, Claire Feliz Regina e outras e outras”, aponta Giselle, a quem quiser seguir por este caminho.

Durante o evento de lançamento, o público também mergulha neste universo com uma mostra de vídeos, que inclui trabalhos de artistas como Jade Baraldo, Marina Sena, Liniker, Johnny Hooker, Urias e Luísa Sonza. Ocorre ainda um bingo com premiação “Arte do ABCdário Erotico”. E o encontro se encerra, após roda de conversa, com um sarau de microfone aberto.

PARTICIPE

Lançamento do livro “ABCdário Erótico”
Quando: Hoje, 8, às 20h
Onde: Ná Figueredo (Av. Gentil Bittencourt, 449 – Nazaré).
Quanto: Gratuito

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