Aline Rodrigues
Duas jovens artistas, de gerações distintas, com formação em Artes Visuais pela Universidade da Amazônia (Unama), apresentam ao público, a partir de hoje, 6, às 19h, na Galeria Graça Landeira, os seus trabalhos na exposição “Tocar o céu, lamber a cidade” – individual conjunta de Beatriz Paiva e Melissa Barbery.
“É uma exposição que tem uma diversidade de ‘feituras de arte’, misturas de técnicas, encontro de narrativas e de histórias entre três elementos: Beatriz Paiva, eu e o curador Mariano Klautau Filho”, falou Melissa Barbery, que declarou fazer uma analogia da exposição com uma viagem, onde uma pessoa foi levada por um desejo de viajar, não sabia para onde e nem como, mas começou a se preparar. Enquanto arrumava a mala, resolveu levar só o mínimo necessário, mas como uma boa viagem merece um registro das passagens, logo ele não esqueceu de um item importante: sua câmera.
“Na volta, o viajante encheu a mala de objetos, sua câmera estava repleta de imagens, quando chegou em casa, sentou-se em sua mesa de trabalho e viu que havia deixado um caderno de desenhos que usava para rabiscar, aberto em uma página em branco. Fechou os olhos e resolveu que as aventuras memoráveis de sua viagem seriam retratadas em desenhos, pois com eles conseguiria colocar mais que os objetos e as imagens de sua câmera haviam capturado, ele conseguiria contar uma história não linear, onde os lugares se cruzassem e misturassem”, disse ela, que trabalha bastante com mídias em vídeo, objetos e instalações nas quais a representação da afetividade, do amor e da dor são tratados com certa ironia, utilizando do design, uma das atividades profissional da artista.
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Já Beatriz tem marcado a cena recente da cidade com a linguagem dos lambes em intervenções urbanas, desenhos e pinturas sobre materiais alternativos como papelão, cujos personagens se originam da comunidade negra e do círculo afetivo da artista. O trabalho dela parte de narrativas do cotidiano, acentuado pelo colorido gráfico das roupas, fisionomias e gestos, com uma forte estética do grafitti. São retratos e cenas que podem tanto representar estados de leveza quanto, algumas vezes, assumir tons melancólicos e introspectivos.
ATIVAÇÃO TADEU LOBATO
O artista Tadeu Lobato, a cuja carreira vem desde os anos 1980, também integra a programação para este semestre. Ele irá reativar no espaço multiuso da galeria com uma instalação na qual o público terá a chance de imergir em um campo tridimensional. A ferramenta permite que seu trabalho pictórico seja experimentado em uma dimensão objetual, gráfica e sonora. É o conceito nomeado pelo artista de “objeto móvel instalável”, uma dinâmica performativa que pode colocar todas as obras, sejam pinturas, gravuras, desenho ou objeto em constante movimento de ressignificação. Na instalação, chamada “1 Uns 2 Dois Cheiro, Vazio”, o artista constrói um campo em que o espaço coreografa as representações do corpo e sua própria fragmentação como matéria amorosa e social, descreve o texto curatorial.
Mariano Klautau Filho, que faz a coordenação e curadoria da exposição junto com o artista Jorge Eiró, ressalta que o trabalho com as jovens artistas é uma maneira de abranger uma produção recente feminina. “Elas são pessoas que têm uma vivência na formação em artes visuais, aqui mesmo na instituição, então, nesse sentido, nós estamos também trazendo para o espaço do Museu de Arte da Unama, a produção de pessoas que são formadas aqui, mas que estão no circuito de produção da cidade. É uma maneira de enxergar uma nova geração e também não esquecer dos artistas com trajetórias mais longas, como é o Tadeu Lobato, que na minha opinião, é um artista muito experimentado, maduro, e a reunião dessas três gerações, que trazem aqui para encontro importante das várias linguagens”, disse.
VISITE
Exposição “Tocar o céu, lamber a cidade” – Beatriz Paiva e Melissa Barbery + Tadeu Lobato
Abertura: Hoje, 6, às 19h
Visitação: Até 13 de outubro, de segunda a sexta, das 14h às 18h.
Onde: Galeria Graça Landeira – Unama (Avenida Alcindo Cancela, 287 – Umarizal)
Quanto: Gratuito
