PARA SEMPRE CARTOLA

Flávio Bauraqui reencontra o mestre do samba em espetáculo-tributo

Flávio Bauraqui irá conduzir o público por uma travessia entre passado e presente, realidade e sonho.

O ator e cantor já viveu Cartola diversas vezes no teatro e na TV, e agora traz as canções do compositor como intérprete.

FOTO: FLÁVIO BAURAQUI / DIVULGAÇÃO
O ator e cantor já viveu Cartola diversas vezes no teatro e na TV, e agora traz as canções do compositor como intérprete. FOTO: FLÁVIO BAURAQUI / DIVULGAÇÃO

Um mergulho sensível e poético na obra de Cartola, mestre do samba e um dos maiores nomes da música brasileira, é o que o público paraense vai poder ver no espetáculo “Flávio Bauraqui em Cartola Vive – Um Tributo ao Mestre”, nesta quarta-feira, 10, e quinta, 11 de setembro, às 20h, no Theatro da Paz.

O ator e cantor Flávio Bauraqui sobe ao palco para prestar um tributo emocionante a Cartola, numa apresentação que é mais do que um show, pois promete ser uma experiência cênica e sensorial que resgata a música e a potência poética e existencial da obra de Cartola.

“O grande papel da arte é de conexão, reflexão, provocação também. No caso, agora é de conexão mesmo desse nosso lado tão lindo da música brasileira, desses nossos heróis brasileiros, e o Cartola é um grande herói brasileiro nesse sentido. A poesia do resgate do samba, nossa cultura, acho que é um papel importantíssimo da arte de reconectar, ou conectar, para quem não conhece, ou para quem já esqueceu, com tantas informações que temos hoje. Acho que é um show de conexão entre as gerações”, falou Flávio Bauraqui, sobre o espetáculo em Belém, ele que já interpretou o mestre do samba brasileiro em diversos momentos.

“Fiz muitos espetáculos teatrais sobre o Cartola. Em 2004 fiz ‘Obrigado Cartola’, no Centro Cultural Banco do Brasil, depois inaugurei o Centro Cultural Cartola, fiz 100 anos de Cartola no Canecão, a série ‘JK’ e depois fiz o filme. Tudo isso culmina nesse show, que é o meu desejo de fazer show como intérprete, e não fazer o Cartola, que já fiz muitas vezes. Agora quero entrar por um outro caminho, que é uma espécie de homenagem a tudo que vivi, apesar de não ter conhecido o Cartola em vida, mas nós estamos superligados através da arte”, acrescentou o artista.

MEMÓRIAS

Flávio Bauraqui irá conduzir o público por uma travessia entre passado e presente, realidade e sonho. O homenageado é evocado não como uma reconstituição biográfica, mas como uma presença onírica, em diálogo com memórias, afetos e os temas universais que atravessam sua obra: o amor, a perda, a resiliência e a transcendência da arte.

O repertório celebra clássicos como “O Mundo é um Moinho”, “Alvorada”, “As Rosas Não Falam”, “Tive Sim”, “Acontece” e “Pranto de Poeta”.

“A responsabilidade em escolher as músicas foi do Gilmar (Gilmar Garcez Junior), que também assina o texto e a direção teatral. Mas acho que é muito em cima dos clássicos do Cartola, o lado A, sobretudo, e uma coisinha muito pouca do lado B. São todas essas músicas que o povo canta já, naturalmente, só que de uma forma diferenciada, mais atualizada e com todas as notas, mas de um jeito mais contemporâneo de falar dessa mesma poesia”, contou o artista.

Ao lado de Bauraqui, dois músicos de excelência dão sustentação à sonoridade do espetáculo: Flávio Mendes, responsável pela direção musical, arranjos e cordas, e Dirceu Leite, nos sopros. Completam a equipe o preparador vocal e diretor musical Pedro Lima, além de nomes como Felipe Alencar (cenografia e figurino), Felicio Mafra (luz), Thiago Chaves (sound design) e Plínio Pietro (edição e projeção).

“O espetáculo vai se fazendo, se mostrando, decidindo coisas, porque a arte, a obra, ela tem vontade própria. Então, acho que vai se construindo. Mas o que tem sido construído até agora é uma relação com esse grande artista. É uma homenagem, obviamente, em primeiro plano, porém, em outras camadas tem essa relação desse artista que mais fez Cartola no Brasil, que está no mundo. Não com um olhar de vaidade ou de soberba, mas com um olhar de quanto tempo estamos juntos. Esse espetáculo é uma comemoração dessas décadas que faço, reencontro o Cartola”, destacou Bauraqui, que durante sua participação nos 100 anos de Cartola, no Canecão, foi muito elogiado pelo cantor Emílio Santiago.

“Foi um dia muito especial, porque depois que cantei, o Emílio Santiago veio falar comigo, me elogiar, falar da minha voz e falou que eu tinha que cantar, porque eu era intérprete e pronto. Entendi como um elogio mesmo, um incentivo”, declarou Bauraqui, que já esteve em Belém em outros momentos como artista.

“Já estive em Belém em virtude de um festival e também fiz um filme que vira série, aquelas coisas que vão para a TV, mas para a TV alemã, um filme chamado ‘Perdidos na Amazônia’. Conheço um pouco da cidade, mas o nosso tempo será muito curto e como cantores têm que preservar a voz, vou dar um pulinho em algum lugar, mas vou me reservar um pouquinho por conta da voz, para não correr nenhum risco. Mas quero ao máximo, na medida do possível, aproveitar”, finalizou Flávio Bauraqui.