Depois de uma estreia com grande sucesso no Marajó, chega a Belém o Festival Choro Jazz, com shows do grupo Choro do Pará, Arraial do Pavulagem, Nilson Chaves e Eudes Fraga, além dos gigantes da música instrumental brasileira Renato Borghetti e Hermeto Pascoal. As homenageadas deste ano são as cantoras Dona Onete e Nazaré Pereira. Esta última também se apresenta no evento, que ocorre neste sábado, 20, a partir das 16h, em parceria com o Festival Marajoara de Cultura Amazônica, que homenageou também o Mestre Dikinho, que faleceu na última quarta-feira, 17, e a Mestra Amélia.
Iniciado em 2009, no Ceará, o Festival Choro Jazz segue inundando Jericoacoara e Fortaleza de música e cultura em suas mais diversas e genuínas formas, tendo como uma de suas bases conceituais a descentralização cultural. Idealizado por Antonio Ivan Capucho, para quem o festival representa “um sonho de transformar a vida das pessoas, de levar música de alto nível onde ela tem difícil acesso e ao mesmo tempo onde passam milhares de pessoas de vários lugares e etnias, o festival busca levar ainda educação e criar um ambiente que seja favorável à comunidade”. O que agora se amplia, com essa vinda do evento para o Pará, começando com shows em Soure e agora em Belém.
Uma das homenageadas, a cantora Nazaré Pereira, conta que veio da França especialmente para o evento. “A minha participação no festival é uma coisa muito importante para mim. O Festival Choro Jazz é genial! Ele tem esse nome, mas vai ser um festival com bastante música paraense e eu estou muito contente de participar. Eles estão prestando uma homenagem a mim e sou muito grata por isso. Além de estar no mesmo palco que receberá ainda grandes nomes como o Nilson Chaves, o Eudes Fraga, que estará acompanhado pelo Trio Manari. São coisas bem nossas, como o Arraial do Pavulagem”.
No repertório, Nazaré Pereira apresenta um leque diversificado de sua carreira. “É um repertório de dez músicas, que condensa uma longa jornada, então escolhi as músicas que eu sei que o público vai gostar e cantar junto, como ‘Xapuri do Amazonas’, ‘Lá Vou Eu’, ‘Ilha do Marajó’. Tem uma música nova do Allan Carvalho e Ronaldo Silva que chama ‘Cajá’, que é maravilhosa! No meu repertório, as pessoas ficam alegres e dançantes. A única mais calma das músicas é o ‘Lá Vou Eu’, que é o meu hit e eu adoro cantar, o pessoal canta junto. Eu tenho certeza que o público vai participar, cantar comigo e vai ser muito bom”.
HISTÓRICO
A chegada do Festival à capital paraense tem tudo para ser histórica ao trazer em uma única noite Hermeto Pascoal e Renato Borghetti para uma noite de música instrumental. O primeiro, natural de Alagoas, é compositor, arranjador e multi-instrumentista cuja obra destaca-se pela singularidade, fruto de uma experimentação constante. O “bruxo”, como é mundialmente famoso, é um apaixonado pela música “Sempre falo ‘a minha religião é o dom que Deus me deu’, que é a música”, disse ele em entrevista ao Você, durante o festival em Soure. “Aqui é um dos céus na terra, Nossa Senhora!”, acrescentou, referindo-se ao Pará, para onde não vinha há anos.
Já o gaúcho Renato Borghetti, mais conhecido como Borghettinho, é um músico instrumentista conhecido especialmente pelo seu trabalho com a gaita-ponto. Seu primeiro disco, o “Gaita-Ponto” tornou-se o primeiro álbum de música instrumental brasileira a ganhar um disco de ouro, vendendo 100 mil cópias. “Vai ser para mim uma alegria muito grande e poder estar num festival tão bonito com pessoas tão importantes da música brasileira e rever também o Hermeto, estar junto, vai ser realmente alegria demais e especial. Vamos poder também aproximar um pouquinho o Rio Grande do Sul do norte. É uma oportunidade única que a gente tem que aproveitar muito”, disse ele, em entrevista exclusiva para o Você, publicada na íntegra no último domingo.
*Com colaboração de Aline Rodrigues