Texto: Aline Rodrigues
Os cineastas Jorge Bodanzky, Takumã Kuikuro, Vincent Carelli, Emílio Domingos, Renato Athias e o filósofo e escritor indígena Ailton Krenak são alguns dos convidados do IV Festival Internacional do Filme Etnográfico do Pará, que ocorre a partir de hoje, 20, até 26 de outubro, em Belém. O evento é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa em Antropologia Visual – Visagem, do programa de pós-graduação da Universidade Federal do Pará (UFPa), e ocupará dois espaços: o Cine Líbero Luxardo e a Casa das Artes.
Além de se tornar internacional, o festival deixa de ser bianual para se tornar anual, e também trará nesta edição um novo prêmio que leva o nome da antropóloga e produtora cultural Patricia Monte-Mor, homenageada na programação do ano passado e que infelizmente faleceu em janeiro último, aos 66 anos, vítima de complicações da Covid-19. Ela era professora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e diretora de uma produtora, além de ter sido coordenadora e curadora da Mostra Internacional de Filme Etnográfico, com documentários brasileiros e estrangeiros.
“Este prêmio é direcionado a produções que tratam do que ela mais gostava de pesquisar: festas e cultura popular. Portanto, o Festival agora terá três premiações: Prêmio Jean Rouch para filme etnográfico, Prêmio Divino Tserewahú para cinema indígena e o Prêmio Patrícia Monte-Mor. A programação já é pensada assim que se encerra o festival anterior, pensando nos homenageados e convidados, assim como o júri e a curadoria. E como sempre, estamos cercados de pessoas queridas e competentes, que sempre estão dispostas a nos apoiar”, comenta Alessandro Campos, um dos coordenadores do festival.
Cineasta indígena Takumã Kuikuro é homenageado e estará presente em Belém
O evento surgiu da necessidade de reunir e premiar as produções cinematográficas que apresentem qualidade técnica reconhecida na área, além de promover o diálogo entre produtores, cineastas, pesquisadores e público em geral. “Com muito orgulho faremos homenagens a três grandes personagens que muito contribuíram para a produção e divulgação do audiovisual: Selda Costa, Takumã Kuikuro [presente em rodas de conversa do festival] e Etienne Samain”, destaca Alessandro.
A mostra competitiva traz alguns dos filmes selecionados ao Prêmio Jean Rouch de filme etnográfico, como os curtas-metragens “Bicha-Bomba”, de Renan de Cillo (Brasil/2019), “Nunca Pensei que Seria Assim”, de Meibe Rodrigues (Brasil/2022), “Nossos Passos Seguirão os Seus”, de Uilton Oliveira (Brasil/2022), e “Mamapara”, de Alberto Flores Vilca (Argentina, Perú, Bolivia/2020). Entre os longas-metragens serão exibidos títulos como “A Serra do Roncador ao Poente”, de Armando Lacerda (Brasil/2022), “Corazón de Mezquite”, de Ana Laura Calderón (México/2019), e “O Povo Pode?”, de Max Alvim (Brasil/2022).
Debates sobre cinema na Amazônia marcam programação
O festival realiza amanhã, 21, das 10h às 12h, sua primeira mesa redonda: “Fazer Cinema na Amazônia: Experiências, Abordagens e Especificidades”, com participação de Jorge Bodanzky, Evandro Medeiros, San Marcelo, Francisco Weyl e Luís Arnaldo Campos, no Cine Líbero Luxardo. Sábado, 22, no mesmo horário e local, ocorre a mesa “Cinema Indígena em Debate”, desta vez com um time formado por Takumã Kuikuro, Vincent Carelli, Ailton Krenak, Jopramre Gavião Parkateyê, Renato Athias e Marquinho Ka’apor.
Na Casa das Artes ocorrerá na segunda-feira, 24, das 10h às 12h, a mesa “Diálogos sobre a Lei Milton Mendonça do Audiovisual Paraense”, contando com a participação dos produtores audiovisuais Indaiá Freire, Gustavo Godinho e Afonso Gallindo, além da assessora parlamentar Shirle Meira de Miranda. No mesmo horário e local, na terça-feira, 25, Emílio Domingos fala de “Fazer Filme Etnográfico/Documentário no Brasil: Processos de Realização”; e na quarta-feira, 26, as cineastas Joyce Cursino, Zienhe Castro, Jorane Castro, Fernanda Gaia, Célia Maracajá e Jopramre Parkateyê falam de “Mulheres do/no Cinema da/na Amazônia”.
PARTICIPE
IV Festival Internacional do Filme Etnográfico do Pará
Quando: A partir de hoje, 20, até 26 de outubro;
Onde: Cine Líbero Luxardo (Av. Gentil Bittencourt, 650, térreo do Centur) e Casa das Artes (R. Dom Alberto Gaudêncio Ramos, 236, ao lado da Basílica – Nazaré).
Informações e programação completa: www.festivaldopara.com.br