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Festival destaca cultura e economia dos povos originários

Mestra Laurene Ataíde compartilha seu trabalho com Pássaros Juninos FOTO: SHOCK/DIVULGAÇÃO
Mestra Laurene Ataíde compartilha seu trabalho com Pássaros Juninos FOTO: SHOCK/DIVULGAÇÃO

 

Texto: Wal Sarges

Permeado pelos saberes ancestrais, o projeto “Moquém Mairi: diversos mundos, diversas economias” realiza a partir desta quinta-feira, 20, o Festival de Saberes Ancestrais, no Museu do Estado do Pará (MEP) em Belém.

Composto de palestras, rodas de conversas, vivências práticas e uma feira com produtos de cultura alimentar, o encontro ocorrerá nos dias 20, 21 e 22 deste mês, com abertura às 18h, incluindo a participação da escritora e educadora indígena Márcia Mura. Toda a programação é gratuita e oferece certificado de participação.

Nesta quinta-feira, 20, das 15h às 18h, haverá ainda uma oficina denominada “Etnomídia e Empreendedorismo Indígena”, com Anapuaka Tupinambá, no pátio do palácio do MEP. O instrutor irá compartilhar conhecimento sobre como desenvolver meios de comunicação indígena e como atuar neles.

A oficina se estende até o dia 22, quando os participantes deverão executar o que foi aprendido na parte teórica do curso. As inscrições começaram na última segunda-feira, 17, mas os interessados também poderão se inscrever no dia da abertura.

Uma celebração da ancestralidade indígena

De acordo com a idealizadora do projeto, Tainá Marajoara, a palavra “Moquém” detém vários significados ligados à cultura dos povos originários. “É uma tecnologia ancestral que representa os saberes dos povos originários e suas complexidades de preservação de alimentos e também usado como preparo nas comunidades.  Representa ainda esse tempo, que é nosso, tempo de celebração. Mairi, por sua vez, é o nome do território Tupinambá que hoje se chama Belém”, afirma.

O projeto propõe apresentar a cultura ancestral através da vida dos povos originários. “Mostrar ainda que as nossas economias, que vêm das nossas culturas e artes, são economias que têm outra dinâmica, mas que buscam partilhar o bem viver e a garantia das florestas vivas”, pontua Tainá Marajoara.

A idealizadora do evento, Tainá Marajoara FOTO: SHOCK/DIVULGAÇÃO

Lideranças de povos tradicionais estarão presentes

A programação foi pensada para que fosse compreendida a diversidade dos povos tradicionais, a partir da visão de lideranças indígenas, quilombolas, ativistas alimentares e renomados pesquisadores. Entre os convidados, está o líder indígena, ambientalista e filósofo, Ailton Krenak; a escritora e artivista, Márcia Mura; o fundador da primeira rádio indígena do país, Anapuaka Tupinambá; a pesquisadora e artista, Naine Terena; e o poeta e escritor quilombola, Negô Bispo.

“Foram convidadas pessoas que possuem essa conexão com o objetivo do projeto Moquém. Um deles é o Ailton Krenak, que é um líder indígena, além de poeta e escritor. Da mesma forma, a gente estabelece diálogos locais como o Miguel Chikaoka e a Mestra Laurene Ataíde, trazendo para esse protagonismo os saberes que emanam da terra, da sócio biodiversidade, que são os agricultores e agricultoras. Essas pessoas foram convidadas para estarem nesta programação porque são parcerias nossas enquanto rede de saberes e de cultura alimentar, nas artes e nas trincheiras de luta pela garantia de direitos”, diz Tainá Marajoara.

A essência do evento é priorizar as falas dos povos tradicionais. “Isso é algo essencial. A gente acredita não só na fala de entidades ou instituições, apenas falando em defesa da Amazônia, mas também na fala de educadores da Amazônia e em outras regiões do país. No encontro, eles irão compartilhar suas experiências e o que elas geram de positivo em suas comunidades, pela garantia de direitos e contra a colonização”, aponta.

Tainá Marajoara destaca a importância das oficinas e suas temáticas propostas. No dia 22, de 10h às 12h, Naine Terena mostrará uma pesquisa sobre consumo e conceitos da arte indígena. “O mercado que se estabelece, mas que não é visto. Existe uma grande produção pelas comunidades ribeirinhas e tradicionais. Naine irá abordar os conceitos da arte indígena, a ocupação dos museus, irá também contextualizar isso na arte indígena contemporânea e a internacionalização dessa produção, além de mostrar indicadores sobre as artes e cultura originárias”.

PARTICIPE

Festival de Saberes Ancestrais

Quando: Dias 20, 21 e 22, a partir de 18h;

Onde: Museu do Estado do Pará (Praça Dom Pedro II, s/n – Cidade Velha).

Quanto: Gratuito