A riqueza da cultura alimentar amazônica é tema do projeto “Elas de Meruú”, que promove oficinas, workshop e rodas de conversa neste sábado,5, e domingo, 6, em comunidade ribeirinha de Igarapé-Miri, nordeste do estado. O festival busca o intercâmbio entre gerações e saberes, com destaque para as práticas alimentares e o empreendedorismo gastronômico de comunidades ribeirinhas.
Realizado no Centro Comunitário São Lucas, em Igarapé-Miri, e contemplado pelo Prêmio Preamar de Cultura e Arte, o “Elas de Meruú” terá a participação de agricultoras, coletoras, artesãs, pesquisadoras, chefes de cozinha, profissionais de saúde, empreendedoras sociais, educadoras populares, profissionais da beleza, bioeconomia e economia criativa.
Entre elas, está a chef de cozinha natural e amazônica Danielle Serrão, que realiza a atividade “Saberes e sabores ancestrais”.
“Comer, além de ser biológico, é também cultural e precisamos mostrar para nossa comunidade a diversidade e possibilidades que a Amazônia tem, resgatar a riqueza e a variedade de aromas e sabores e paladares paraenses”, diz ela. “Essa troca de saberes com as mulheres ribeirinhas será um momento de aprendizagem para conhecer outro universo de conhecimento ancestral, pois a cultura alimentar é muito rica e muda de uma região para outra”, completa a chef.
Outra participante nesse campo é a chef de cozinha Evelyn Muniz, que conduz a oficina “Cultura alimentar, segurança alimentar e cozinha sustentável”.
“ELAS DE MERUÚ” QUER EMPODERAR POVOS AMAZÔNICOS
“O projeto também busca tangenciar outros aspectos da vida individual e coletiva, como a produção de artesanato, remédios da floresta, arte, cultura, saúde e profilaxia, educação ambiental e práticas sustentáveis, criação dos filhos, tradições e imaginário popular”, destacam Maírna Dias e Verena Nogueira, organizadoras da iniciativa.
Na temática “saúde”, haverá a roda de conversa “Práticas integrativas de saúde mental e bem viver na comunidade de Meruú”, com a psicóloga Eluana Carvalho; a oficina “Saúde bucal da criança: o que fazer em cada fase?”, com a dentista Manuella Colaço; “Remédios da floresta”, com a farmacêutica Miracy Silva; e “Saúde da mulher e da família”, com a médica Mayumi Fujishima.
Outro eixo de troca de experiências é sobre empreendedorismo. Nessa área, o artista visual Nil Cerqueira fala sobre as cores da natureza a partir da produção de tintas com pigmentos naturais. Já as tecnólogas de alimentos Caroline Lisboa e Camile Lisboa abordam o “Empreendedorismo feminino utilizando a cultura alimentar na floresta”.
A programação traz também a atividade “Corpo que brinca: brincadeira e autonomia na infância”, com a assistente social Amanda Santos; “Imaginário local sob o olhar das crianças”, com a educadora Lorena Sá Ribeiro; e “Mulheres e direitos sociais”, com a assistente social Laura Rosa Almeida.
“O modo de vida ribeirinho é ainda algo que precisa ser mais respeitado e podemos aprender muito com eles sobre como cuidar das florestas, dos rios e o modo de vida. No Pará, somos cercados por rios e o povo ribeirinho sempre esteve lá e sem visibilidade e sem o devido respeito. Penso que com o evento, essa comunidade irá ter mais visibilidade e empoderamento”, acredita a chef Danielle Serrão.