ATIVIDADES

Festival de Cinema Negro chega às ilhas de Belém; confira a programação

Atividades serão divididas entre Museu da Imagem e do Som, e paisagens das ilhas de Caratateua, Cotijuba, Mosqueiro e Maracujá.

"Ginga Reggae" é o filme que marca a estreia do festival. FOTO: DIVULGAÇÃO
"Ginga Reggae" é o filme que marca a estreia do festival. FOTO: DIVULGAÇÃO

A 4ª edição do Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus acontece em Belém a partir desta terça-feira, 14, e segue até 26 de janeiro. A programação é gratuita, e inclui exibições de filmes, debates, formação audiovisual e apresentações musicais, além de oficinas. Neste caso, os interessados devem se inscrever de forma antecipada pelas redes sociais. As atividades serão divididas entre o Museu da Imagem e do Som (MIS), no Palacete Faciola, e as paisagens naturais de Icoaraci e das ilhas de Caratateua (Outeiro), Cotijuba, Mosqueiro e Maracujá.

O 4º Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus é uma realização da produtora Cine Diáspora . O evento foi aprovado no Chamamento Público – Lei Paulo Gustavo – Apoio a cineclubes, festivais e mostras do município de Belém. Nesta edição, o festival homenageia Felipa Maria Aranha, liderança quilombola histórica da região do Baixo Tocantins, no Pará.

“Nosso tema principal é o fortalecimento das políticas afirmativas e de descentralização, além da formação técnica. Então, temos reuniões para pensar em fortalecer medidas para impulsionar o audiovisual. Além disso, vamos passar em diversas ilhas, juntando o cinema com a beleza natural da cidade. Então, isso transforma o festival também como uma opção turística de conhecer essas ilhas”, falou Rafael Nzinga, coordenador do projeto.

Festival teve recursos da Lei Paulo Gustavo

Segundo o coordenador, pela primeira vez o festival recebe um recuso significativo, graças à Lei Paulo Gustavo. O mecanismo descentralizou o recurso federal para a cultura. “Esse ano, vamos trazer nove cineastas de outros estados. Ao todo, são realizadoras do Amazonas, Amapá, Rondônia, Salvador, Rio de Janeiro e outros do interior do Pará. Isso é muito significativo para gente, pensando que esses encontros são importantes para criação de novas redes de cinema na região. Esperamos que esses cineastas venham e façam ligações com cineastas locais, consequentemente fortalecendo o cinema negro no estado”, falou o coordenador.

A abertura oficial do festival ocorre no dia 18, na Estação Cultural de Icoaraci, com a exibição do documentário “Ginga Reggae”, de Nayra Albuquerque (MA), com presença da cineasta. Em seguida, a festa continua no Espaço Cultural Coisas de Negro, com apresentação do grupo Os Falsos do Carimbó (PA) e da DJ Cleide Roots (PA).

Programação inclui oficinas e exibições com recursos de acessibilidade

Antes disso, a Estação Cultural de Icoaraci recebe, de hoje, 14, até o dia 17, as oficinas de fotografia para o cinema, direção de arte e continuidade para o cinema. As aulas vão ser ministradas por profissionais do audiovisual amazônico – Lu Peixe (PA), Francisco Ricardo (AM) e Maurício Moraes (PA).

O festival promove uma sessão de filmes com recurso de audiodescrição para pessoas com deficiência visual, no dia 24, no MIS. “Todos os filmes terão audiodescrição. Contamos com uma consultoria em acessibilidade, que vai ajudar na locomoção de pessoas com deficiência visual durante a exibição. Isso amplia nosso público assim como fortalece a ideia de eventos culturais mais inclusivos”, adiantou Rafael.

A organização vai disponibilizar uma van para pessoas com problema de visão, em parceria com grupos de acessibilidade. Entre os filmes exibidos, está “O Som das Redes”, de Assaggi Piá (BA), documentário que aborda a trajetória de Selmi Nascimento, atleta brasileiro de futebol de cegos. A sessão tem parceria com a HandsPlay, plataforma de filmes com acessibilidade.

Filmes vencedores receberão Troféu Zélia Amador de Deus

O encerramento do festival acontece no dia 26, em Outeiro, no Balneário Curuperé. É quando haverá a divulgação dos vencedores do Troféu Zélia Amador de Deus. Ainda haverá apresentação da banda de carimbó Fogoyó.

Quarenta obras dirigidas por pessoas negras ou pertencentes aos povos originários foram selecionadas para participar do festival. Entre elas, estão curtas-metragens, animações, videoclipes e múltiplos formatos.

As melhores obras serão premiadas com valores em dinheiro que somam R$ 9,5 mil. Dentre elas, há categorias exclusivas para as produções audiovisuais da Amazônia. Os vencedores serão conhecidos no dia 26, no encerramento do festival.

Em resumo, o Troféu Zélia Amador de Deus será concedido nas categorias: melhor filme da região amazônica, com premiação em dinheiro de R$ 1,4 mil; melhor animação amazônica, com prêmio de R$ 1,4 mil; melhor filme nacional, com R$ 1,2 mil; melhor videoclipe, com R$ 700; e melhor projeto múltiplos formatos, com R$ 700. A plataforma Todesplay vai licenciar um filme realizado na região amazônica por três meses, no valor de R$ 300 e a plataforma de HandsPlay licenciará quatro filmes, totalizando R$3,6 mil.

Além disso, a Associação de Profissionais de Edição Audiovisual (EDT) dará três anuidades para os filmes com melhor montagem e a Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA) concederá a menção honrosa para melhor animação.

Cineastas convidados participam de vivência nas ilhas

No dia 19, cineastas convidados farão uma vivência junto a comunidades de matriz africana na Ilha de Cotijuba, além de um passeio de bicicleta pela ilha. Nestes momentos, os moradores receberão exibições de filmes e apresentações culturais no Mirante da Pedra Branca.

A Ilha do Maracujá, localizada entre os municípios de Belém e Acará, de tradição ribeirinha e quilombola, também será cenário de encontros entre profissionais do cinema negro nacional. No dia 22, ainda como parte da programação, será realizado o Fórum de Cineastas Negros, com apoio da Associação de Profissionais Negros do Audiovisual (Apan).

Nos dias 23 e 24, ocorrem as masterclasses com temas, por exemplo, de coprodução com cinema indígena, com Bitate Juma (RO) e Beka Munduruku (PA), distribuição de curta-metragem, por Uilton Oliveira (BA/RJ), e montagem, com Mário Costa (PA).