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'Festival Além das Ruas': noite de rap agita cena paraense

Rapper baiano radicado em São Paulo, Brocasito é um dos nomes do Plugg, subgênero do Trap. FOTO: DIVULGAÇÃO
Rapper baiano radicado em São Paulo, Brocasito é um dos nomes do Plugg, subgênero do Trap. FOTO: DIVULGAÇÃO

Wal Sarges

Artistas da cena rap e do trap paraense realizam o Festival Além das Ruas, neste sábado, 4, às 18h, no Núcleo de Conexões Na Figueredo, em Belém. Haverá participação de diversos nomes desses gêneros em ascensão, com destaque para o baiano Brocasito, em sua primeira apresentação no Norte.

O propósito do evento é dar mais visibilidade a artistas da cena do rap e seus subgêneros em atividade na Região Metropolitana de Belém, em especial, de Ananindeua, Marituba e Belém, com a participação de mais de 30 artistas.

O Festival Além das Ruas é um projeto aprovado pelo edital da Lei Paulo Gustavo, através da Secretaria de Estado de Cultura (Secult). Organizado de forma independente pela ATT label, um coletivo de artistas com raízes profundas na comunidade local, o festival surge como uma plataforma para talentos emergentes, buscando ser uma vitrine para compartilharem suas obras com um público mais amplo. O line-up inclui nomes como Bixodosdiscos, Jovem Léo, Lvcas, Jovem Hawk, 21dx, ATT, além de um DJ Set do Afrocosmicboy e convidados especiais.

João Castro é JFanho na cena rap local e um dos organizadores, além de atração do evento. Ele conta que sempre teve o sonho de se tornar artista e usar a sua arte para se expressar. No entanto, foi parado por uma condição da própria voz, a hipernasalidade de fala, conhecida popularmente como fala fanha, distúrbio que gera preconceito.

Com o tempo, após brincadeiras e comentários maldosos que afetaram negativamente a sua vida, ele contou com o apoio de outros rappers, em especial IamNite, para viver das rimas e há um ano ele superou os desafios e está fazendo sucesso com o seu primeiro EP, chamado “Vida de Malandro”, lançado no mês passado nas plataformas de streaming, com 10 mil visualizações e ouvido em diferentes lugares do Brasil.

“Tudo começou em 2021, quando eu tentava seguir uma carreira, mas como eu sou fanho, havia muito preconceito. Então só no ano passado, depois que eu conheci o Nite através do coletivo ATT label que ele faz parte, recebi apoio dele e eu percebi que poderia fazer carreira no rap”, diz.

JFanho diz que se expressa através da moda, com uma marca de roupa, e da música, com letras que falam da sua vivência pelas ruas da cidade. “Eu faço as letras das composições a partir da minha vivência no freestyle, nas batalhas de rima em Ananindeua. É tudo feito de improviso. Do evento, o público pode esperar um festival que vai fazer história porque a gente está trazendo diversos artistas underground da cena de Belém, que não têm tanta visibilidade. É um evento importante porque é a primeira vez que fazemos um festival nesse naipe de forma independente. A gente está por dentro da cena e sabe o que está acontecendo no rap local e nacional”, destaca.

Também na organização do festival, o rapper IamNite destaca a importância do evento com artistas da periferia. “Viemos com este projeto com o intuito de viabilizar a entrada de nossos artistas nortistas na cena brasileira de música. Conseguimos a ajuda de um edital para a construção do festival e estamos muito felizes de termos conseguido alcançar o nosso primeiro objetivo, com o evento em si”, diz ele afirmando que assim como outros artistas, é um rapper “que busca reconhecimento e sucesso na cena”.

“Queremos que o nosso festival ganhe força e visibilidade no Brasil para que possamos ser vistos de verdade. Conseguimos chamar um grande artista nacional para entrar nessa conosco e acreditamos que podemos mudar as coisas para melhor daqui em diante. Somos rappers paraenses da periferia e queremos mudar as nossas vidas e de muitos outros”, afirma IamNite.