Símbolo da expressão de fé mariana, a Varanda de Nazaré é um dos marcos do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Idealizado pela cantora Fafá de Belém, neste ano, a 15ª edição traz artistas pela primeira vez ao evento, tais como, a apresentadora Tati Machado, o humorista Fábio Porchat, o jornalista Gerson Camarotti, o designer ítalo-brasileiro Giovanni Bianco e a atriz Malu Galli, que interpreta Celina na novela “Vale Tudo”. Estarão ainda, as atrizes Dira Paes e Maria Eduarda Carvalho, a digital influencer Rafa Kalimann, a ex-BBB Alane Dias e o cantor e namorado Francisco Gil, o apresentador José Maurício Machline e o DJ Zé Pedro.
As informações da Varanda de Nazaré foram detalhadas em uma coletiva de imprensa, que ocorreu nesta segunda-feira, 6, no Palacete Pinho, em Belém.
Animada, com trajes na cor branca e acessórios coloridos, Fafá distribuiu sorrisos, dizendo que esta é uma edição da sustentabilidade. “A Varanda começou há 15 anos com o objetivo de impulsionar a economia local, especialmente para trabalhadores que dependiam do evento. Outro pilar foi o acolhimento a mulheres em situação de vulnerabilidade. A Varanda busca ainda ampliar a visibilidade do Círio no Brasil e no mundo, envolvendo a mídia e artistas para destacar a riqueza cultural e a fé do povo paraense”, afirmou Fafá de Belém.
Inicialmente focada na tradição e no Círio em si, a Varanda expandiu-se para incluir eventos musicais, a procissão fluvial e outros momentos culturais, culminando em quatro dias de celebração que celebram a vida amazônica, com a realização de um Sarau, do Fórum e participações na Romaria Fluvial, Trasladação e no dia do Círio de Nazaré.
Em sua 15ª edição, a Varanda de Nazaré celebra o tema “Verde VagoMundo”, inspirado na obra do escritor e militante amazônico Benedicto Monteiro, que fez da literatura um território de resistência e pertencimento.
“Durante a Varanda sempre falamos de quem nós somos, com texto, um movimento, um poeta, escritor, sempre trazendo os nossos e a importância do Pará para os movimentos nacionais. Então, a cultura está na nossa base. Benedicto Monteiro é um dos nossos maiores pensadores, passou por coisas e violências enormes durante a ditadura, mas nunca entristeceu seu sorriso. Quando eu o conheci, imaginei que era um homem triste, mas era uma pessoa de uma esperança gigantesca. Este ano, tudo gira em torno da aula da obra dele e do verde que nos habita”, ressaltou Fafá de Belém.
“Estamos cruzando olhares focados na nossa pujança. Para mim, a Varanda é uma obra aberta e uma divulgadora sobre o nosso modo de bem-viver e mostrar as nossas travessias nos rios. A ideia é mostrar quem nós somos. Esse é o mote da varanda. Gente que olhe para nós e nos entenda e possa colaborar para que nós sejamos olhados e ouvidos a partir do nosso lugar de fala. O objetivo da Varanda desde que começou foi trazer olhares sobre a gente e proporcionar esse espaço para que as pessoas tivessem uma vivência com o Círio de Nazaré e a nossa cultura”, detalha a cantora.
Varanda de Milagres
Alguns dos momentos marcantes na Varanda são aqueles que trazem fé e reflexão entre os participantes, seja na doçura de uma menina ou na fé revelada de um ateu, comentou Fafá.
“A minha neta mais velha tinha 3 anos de idade e na chegada da Berlinda, ela tirou um terço do pescoço e começou a chorar. Esses são os momentos mais bonitos para mim porque uma criança não sabe o que está acontecendo. O Chinaina, um amigo nosso, veio e de repente ele estava chorando. Ele falou que foi coroinha quando criança. E estar ali, o fez desmontar e trazer aquela criança de volta. São tantos depoimentos, como por exemplo, do Leandro Karnal, um ateu convicto, rezando uma Salve Rainha. Olhei pra ele e também me disse que foi coroinha na infância. Então, o Círio é uma catarse. É sobre essa nossa fé, que é inclusiva e é do povo”, analisou Fafá de Belém.
“É ainda o único lugar no mundo onde tem uma procissão à noite e outra de manhã e, no meio disso, tem a Festa da Chiquita, que é a maior festa LGBTQIAPN+ que acontece há mais de 50 anos. Rafa Kalimann me ligou pelo terceiro ano, dizendo que precisava vim de novo porque aconteceu um milagre nela. Ela disse que tudo o que começou há três anos, agora está em seu ventre. São milagres e mistérios que a fé opera”, complementou a cantora.
Musical
Fafá de Belém contou que recebeu como surpresa o convite para ser tema de um musical, produzido por Jô Santana – que atua como ator e produtor cultural- o mesmo que produziu Alcione [escrito e dirigido por Miguel Falabella e integra a “Trilogia do Samba”, iniciada em 2016 com o musical “Cartola – O Mundo é um Moinho”, seguido por “Dona Ivone Lara-Um Sorriso Negro” em 2018]. “É muito emocionante receber uma homenagem para fazer um musical. Já tem um ano e meio que estou contando história e quem vai dirigir é o Gasparani, que fez o show dos meus 50 anos de carreira. Uma das coisas que eu adorei é a participação da Naieme, que vai estar nesse espetáculo. No dia 15 de janeiro eu vou chorar litros e letras porque é muito bom ver a história da gente com vida, ativa e reconhecida com uma história de 50 anos de carreira de uma mulher que nunca se rendeu. Essa é a minha história”, disse Fafá.
Fórum
Em 2023, esse movimento pensado pela artista com a Varanda se expandiu com a criação do Fórum Varanda da Amazônia, que chega à sua terceira edição como palco para reflexões urgentes sobre o futuro da região e de seu povo. O evento começa nesta terça-feira, 07, e vai até esta quarta-feira, 8, no Teatro Maria Sylvia Nunes.
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Com o tema “O futuro da Amazônia é agora!”, o evento reunirá mais de 50 especialistas, pesquisadores, artistas, líderes comunitários e representantes de povos originários para refletir sobre os caminhos possíveis de uma região que precisa conciliar preservação ambiental, inclusão social e desenvolvimento econômico sustentável.
Aberto ao público e totalmente gratuito, o Fórum Varanda da Amazônia reafirma sua missão de transformar discursos em ações concretas, promovendo diálogos que unem conhecimento científico, saberes ancestrais e inovação. A programação completa e o link para inscrições estão disponíveis em www.varandadaamazonia.com.br.
Programação do III Fórum Varanda da Amazônia
Terça-feira, 7/10 – Abertura
9h às 10h30 – Plenária de Abertura
Mediação: jornalista Layse Santos
Participações: Fafá de Belém (cantora e ativista amazônida), Wanda Monteiro (escritora e advogada), Tarciana Medeiros (presidente do Banco do Brasil)
10h45 às 12h – Painel 1: Transição Energética e o Desafio da Margem Equatorial: entre soberania energética e salvaguardas
Mediação: Eugênio Pantoja (advogado especialista em Amazônia)
Participações: André Guimarães (diretor executivo do IPAM), Suely Araújo (coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima), Alex Carvalho (presidente da FIEPA), Eliane Cabeza (representante da Arcon Pará), Rodolpho Zahluth Bastos (secretário-adjunto da Semas-PA)
14h às 15h15 – Painel 2: Povos da Floresta e o Futuro da Amazônia: viver da terra sem derrubar a vida
Mediação: Valmir Ortega (representante de Belterra)
Participações: Julio Barbosa (presidente do CNS), Francisca Arara (secretária de Povos Indígenas do Acre), Edivaldo Peixe (líder extrativista de Santarém), Érica Monteiro (quilombola de Itacoã Miri)
15h30 às 16h45 – Painel 3: Turismo Consciente: economia sustentável e orgulho amazônico
Mediação: Fafá de Belém
Participações: Raquel Ferreira (Monotour), Paulo Henrique de Ataíde Pereira (Instituto Apoema), Roberto Farkas Bitelman (empreendedor), Emanuel Julio Leite (secretário de Turismo de Santarém)
17h15 às 18h30 – Painel 4: Biodiversidade Viva: conservação, justiça climática e uso sustentável
Mediação: Danilo Maeda (diretor-geral da Beon)
Participações: Nilson Gabas Jr. (Museu Paraense Emílio Goeldi), Diego Saldanha (Ecobarreira Rio Atuba), Mauro Pires (presidente do ICMBio)
Quarta-feira, 8/10 – Encerramento
9h às 10h30 – Painel 5: Educação, Ciência e Amazônia: conhecimento que transforma
Mediação: Ricardo Abramovay (sociólogo)
Participações: Gilmar Pereira da Silva (reitor da UFPA), Violeta Loureiro (professora da UFPA), Leandro Juen (doutor pela UFPA), Ellen de Nazaré Souza Gomes (doutora pela UFPA)
10h45 às 12h – Painel 6: Inventando o Próprio Palco: cadeia de valor da cultura e desafios de produzir na Amazônia
Mediação: Fafá de Belém
Participações: Gerson Silva (Psica), Gaetano Lopes (Gael Produções), Gustavo Moreira (Toró Produções), Virna Miranda (gestora da Varanda de Nazaré)
14h às 15h15 – Painel 7: Gastronomia Amazônica: cultura, território e futuro – saberes, ingredientes e caminhos para uma nova culinária
Mediação: Priscilla Castro (jornalista)
Participações: Leo Modesto, Zeca Amaral, Eduardo Ourivio (Grupo Trigo), Morena Leite (Instituto Capim Santo)
15h30 às 16h45 – Painel 8: Eventos Climáticos Extremos: como o destino da Amazônia impacta o Brasil e o mundo
Mediação: Camille Bermeguy (secretária-adjunta de Bioeconomia da Semas)
Participações: José Fogaça (ex-prefeito de Porto Alegre), Márcia Hirota (presidente da Fundação SOS Mata Atlântica), Ane Alencar (diretora de Ciências do IPAM), Eufran Ferreira do Amaral (pesquisador da Embrapa Acre)
17h15 às 18h30 – Plenária de Encerramento: Belém e Amazônia pós-COP30: como transformar visibilidade em ação?
Mediação: Cristina Serra (jornalista)
Participações: Eliana Costa (diretora do Instituto de Transporte e Logística), Lavínia de Hollanda (diretora de RI e Sustentabilidade da Copa Energia), José Alves (líder da ação estratégica COP30 no Banco do Brasil), Marcelo Britto (Consórcio Amazônia Legal), André Facó (diretor-presidente da Águas do Pará)
