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FOTO: Antônio Melo Exposição “Encontros” está aberta para visitação no Museu do Círio
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Desde o mês passado, a exposição “Encontros” está aberta para visitação no Museu do Círio, no bairro da Cidade Velha, em Belém, e segue até 15 de setembro. O evento tem curadoria de Anselmo Paes e é uma colaboração entre o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e o Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM), unidade da Secretaria de Cultura do Pará (Secult-PA) que mantém o Museu do Círio.
Dividida em cinco eixos, a “Encontros” ressalta a religiosidade e a memória coletiva. De início, a mostra trata sobre a origem da devoção, a chegada de Nossa Senhora de Nazaré na Amazônia e uma coleção de mantos. As peças bordadas por Esther Paz França, interna no Colégio Gentil, fazem parte do acervo do Museu do Círio.
Há também diferentes ex-votos, que são objetos doados por devotos à Nossa Senhora de Nazaré em agradecimento por uma bênção alcançada ou como promessa para receber uma graça. Entre os objetos estão maquetes de casas, tijolos, mãos e braços de cera, veículos de miriti, quepe de marinheiro e camisas de futebol.
“A exposição convida a um passeio nesta manifestação que une fé, cultura e tradição. Reunimos nuances desta festa que é tão nossa, desde o início da devoção à Nossa Senhora, herdada dos portugueses, até o encontro de Plácido com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré”, destaca a diretora do Museu do Círio, Márcia Yamada.
Na seção “O Círio negro de Jacques Huber“, com curadoria de Nelson Sanjad, os visitantes podem conferir imagens raras do Círio de Nossa Senhora de Nazaré produzidas entre 1895 e 1905 e capturadas por Huber, botânico suíço e ex-diretor do Museu Goeldi. A seção tem como proposta trazer para a reflexão dos visitantes as identidades das pessoas que formavam a procissão e foram invisibilizadas na memória coletiva e na historiografia.
“Já se sabia que a devoção à Nossa Senhora de Nazaré foi apropriada por afro-brasileiros no século XIX e que eles acompanhavam a procissão em massa. Mas não tínhamos imagens que demonstrassem isso, a dimensão da participação de negros nem seu papel ou protagonismo na festa”, explica Sanjad. (Com informações da Secult e MPEG)