Aline Rodrigues/Diário do Pará
Com três núcleos expositivos, a exposição “Brasil Futuro: As Formas da Democracia”, chega a Belém, mais precisamente ao Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, para visitação do público a partir desta terça-feira, 28, com entrada gratuita.
Os núcleos são: “Retomar Símbolos”, onde o verde e amarelo aparecem junto a outras cores possíveis e a outras sensibilidades manifestadas como ícone da nossa nacionalidade; “Descolonizar”, que remete à diversidade social e à maneira como o público pode reler a história do Brasil; e “Somos nós”, em que a diversidade e o gigantismo do nosso país é mostrado.
“Brasil Futuro: As Formas da Democracia foi uma exposição realizada em dezoito dias, com a urgência da democracia brasileira. Ela foi aberta originalmente no Museu Nacional da República, em Brasília, e teve um imenso sucesso de público. A exposição, como diz o nome, mostra a importância de todos e todas lutarmos pela democracia. Que a democracia precisa ser vigiada, antecipada e problematizada. Então, a exposição trata da questão de quanto a democracia é um projeto inconcluso, a partir da visão dos artistas”, exploica a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, uma das curadoras da mostra, ao lado do arquiteto Rogério Carvalho, do historiador Márcio Tavares e do ator Paulo Vieira.
“Tomamos desde o belo arquivo que existia no Museu Nacional da República e fizemos essas obras dialogarem com trabalhos de artistas contemporâneos e alguns poucos comissionados”, explica a curadora.
A exposição integrou pela primeira vez as atividades da posse presidencial, como uma homenagem ao regime democrático, desenhada a partir de recortes de gênero, raça, diversidade e região.
São 120 obras de diversas linguagens artísticas brasileiras, com a presença de trabalhos de artistas paraenses. “A exposição original foi aberta para a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas a ideia é que a exposição itinere e dialogue com a produção das diferentes capitais e estados. No caso da Amazônia, ela vai dialogar não só com a Amazônia, com a questão da ecologia, do meio ambiente tão importante para a cidade, o estado e para a região, como ela vai dialogar com a rica produção artística”, pontua Lilia, se referindo à reconhecida produção fotográfica paraense.
“Eu me empenhei pessoalmente para que o começo da itinerância fosse em Belém. Primeiro porque muitas vezes essas produções se dirigem mais ao Sudeste e eu queria muito que fosse para o Norte, em especial pra Belém, essa cidade que tem uma história tão bonita, uma intelectualidade tão especial, um grupo de artistas absolutamente fora da curva, no melhor dos sentidos, essa receptividade, esse calor que só Belém tem. E nós fomos muito bem recebidos pela secretária de Cultura, Ursula Vidal, que imediatamente apoiou a ideia, nos ajudou e também logo tivemos o apoio fundamental da Vale, e aí a exposição vai psra Belém, que é quase um sonho psra mim e para os demais curadores e para o pessoal da produção também”, comemora Lilia.
Democracia como projeto em eterno aperfeiçoamento
“Belém tem uma produção muito reconhecida de profissionais da foto, me refiro a artistas clássicos, que retrataram a cidade, que têm uma produção formidável e também contemporâneos que buscaram representar não apenas a paisagem urbana, como a paisagem das matas e o rio. O rio que tem tamanha importância na identidade da cidade, assim como as mangueiras e a borracha. Então, acho que terá muita importância para Belém, para Amazônia, mas também esse diálogo com Belém e com a Amazônia trará uma riqueza tremenda pra exposição, essa será eu diria uma versão forte da exposição”, acrescenta Lilia.
O termo “futuro” no título da exposição tem a ver com a ideia de que democracia é sempre um projeto em aberto, a ser aperfeiçoado. “Esse é um momento muito único, tanto social quanto cultural e historicamente. E é por isso que é importante que se olhe para o Norte e que a primeira capital a receber a circulação dessa exposição, que é tão importante e tão urgente, seja Belém do Pará”, diz Rafael Reches, produtor da exposição.
Durante o período expositivo, todas as salas da Casa das Onze Janelas estarão abertas ao público sem cobrança de ingresso. “Receber esta exposição no Pará, no início da itinerância pelo país, reafirma a importância de fortalecer a Amazônia como um território criativo conectado à urgência de pensar um Brasil pleno de direitos. E, para nós, esta urgência é urgentíssima. Precisamos cada vez mais valorizar reflexões artísticas que mergulham no campo simbólico da democracia, das pluridiversidades e das matrizes identitárias que formam nosso tecido social e nossos corpos políticos”, afirma Ursula Vidal, secretária de Cultura do Pará.
“A itinerância de uma exposição fundamental, que aborda um tema tão relevante da agenda do nosso país e reúne grande diversidade de expressões artísticas, torna mais concreto o sentido de democratização do acesso à cultura. Para nós, é também muito expressivo trazer a exposição a Belém, agora com a contribuição de artistas do Pará, um território em que consolidamos cada vez mais nossa atuação em apoio à cultura e à arte”, afirma Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale.
Atividades educativas e visitas de instituições educacionais estão na programação da mostra, que fica em cartaz até junho.
VISITE
Exposição “Brasil Futuro: As formas da democracia”
Abertura: Hoje, às 18h.
Visitação: Até 18/06/2023 , de quarta a domingo, das 9h às 16h.
Onde: Espaço Cultural Casa das Onze Janelas (R. Siqueira Mendes, s/n, Cidade Velha)
Quanto: Gratuito