ARTES VISUAIS

Exposição destaca fotografias polaroides

Pablo Fernandez experimenta fotos instantâneas como elemento criativo em seus "Polaroid études".

Exposição destaca fotografias polaroides

Cerca de 400 polaroides fazem parte da exposição “Polaroid études”, do fotógrafo Pablo Fernandez, que abre neste sábado, 14, às 19h, no Ateliê da 25. A primeira exposição dedicada à fotografia instantânea do Pará, selecionada no edital de ocupação do espaço expositivo, nasce da curiosidade, do desejo de reviver uma magia que, por vezes, se perdeu no tempo.

“Vemos essas câmeras antigas sendo vendidas em lojas de usados e nos perguntamos como funcionam ou mesmo se funcionam. Uma curiosidade quase como a da filha de três anos do inventor Edwin Land, após posar para uma foto comum, por volta de 1943, perguntando ‘Papai, por que eu não posso ver a foto agora?’. Penso que o primeiro contato que temos com a fotografia é quando somos ainda uma criança folheando o álbum da família. Na minha série, busco criar essas memórias, uma espécie de nostalgia forçada. Hoje em dia não produzimos essas memórias, apenas dados”, falou Pablo.

“A natureza instantânea da câmera, assim como a própria fotografia analógica, é uma espécie de cinto de castidade para o digital, de fotografar apenas o que realmente importa”, completou.

Curiosidade e sentimento de nostalgia levaram artista à câmera Polaroid

O fotógrafo lembra de ter visto um modelo CloseUp 636 em um brechó em Londres, em 2019, quando comprou a câmera movido pela curiosidade de ver essa mágica. Ou talvez pela falsa sensação de nostalgia de que os críticos do analógico falam.

“Essas imagens, capturadas em um instante, não são apenas registros. São ‘études’ visuais, exercícios de percepção e técnica, onde o momento presente se fixa em um pedaço de papel, sem a possibilidade de retoques, sem filtros digitais. É a fotografia em sua forma mais crua e honesta. Na exposição, cada clique carrega a atmosfera de algo irrepetível, assim como o trabalho de mestres como Warhol e Tarkovsky, que usavam a Polaroid como instrumento de estudo e introspecção. Aqui, as imagens são um convite para mergulhar no imprevisível, no que não pode ser controlado”, contou ele.

Mostra traz estudos visuais a partir do cotidiano

O autor deseja que o público perceba uma interseção entre temas, arte e o cotidiano. “Assim como os primeiros fotógrafos da humanidade, a natureza morta, a paisagem e o nu são temas que justifico nessa exposição, pelo maior controle sobre o objeto a ser fotografado. Não deixam de ser também estudos ou experimentações assim como toda a arte”, destacou ele.

O público vai poder conferir cerca de 400 polaroides feitas por Pablo, mas inúmeras ficaram de fora da mostra porque o filme se comportou de maneira errada, seja por má revelação ou por mal manuseio.

“Para você ter uma ideia, o fotógrafo de polaroide precisa estar ciente de que o resultado final vai depender de vários fatores: como o filme é armazenado antes de ser aberto, da temperatura em que o papel fotográfico é revelado – uma boa revelação precisa estar em um ambiente a 20°C -, e da luminosidade e cor do local, visto que não se tem muito controle sobre a exposição do filme. O filme também não pode ser exposto a raio-x”, finalizou ele. Segundo Pablo, em alguns casos, as falhas foram esteticamente prazerosas e outras foram propositais. Essas estão na exposição.

VISITE

Polaroid Études – Pablo Fernandez

Abertura: Sábado, 14, às 19h.

Visitação: Até dia 28, de segunda a sexta, das 14h às 18h, e sábados, das 9h às 13h.

Onde: Ateliê da 25 – Av. Rômulo Maiorana, 1082.

Quanto: Gratuito