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Exposição "Despertar" de Pablo Mufarrej estreia na Galeria Graça Landeira

Pintura da série “Ilha” e fotografia da série “Documento” (no detalhe) estão entre trabalhos reunidos na mostra individual FOTOS: pablo mufarrej/reprodução/obras
Pintura da série “Ilha” e fotografia da série “Documento” (no detalhe) estão entre trabalhos reunidos na mostra individual FOTOS: pablo mufarrej/reprodução/obras

Aline Rodrigues/Diário do Pará

Um panorama cromático diverso, com pinturas a óleo, tinta acrílica, objeto, instalação, fotografia e uma diversidade de produções e meios explorados pelo artista Pablo Mufarrej estão disponíveis para a percepção e para a apreciação do público na exposição “Despertar”, que abre hoje, 4, às 19h, na Galeria Graça Landeira, com entrada franca.

“Essa exposição representa um marco importante na minha carreira, acredito que há um período em que consigo fazer uma mostra significativa de trabalhos, são mais de 30 produções das diversas séries, mas sobretudo uma série chamada ‘Horizonte Minha Caverna’, que firma um processo de pesquisa que tem mais de dez anos”, disse Pablo.

“A exposição ‘Despertar’ marca um processo de decantação da trajetória do Pablo, pois ao mesmo tempo ele nos apresenta um conjunto significativo, pela primeira vez reunidos num só espaço, de pinturas em grande formato e um uso mais econômico do espaço expositivo. De outro lado, ele não abandona suas instalações onde se misturam colagens, desenhos, pinturas, gravuras, objeto, fotografia e video em um caráter bastante labiríntico que marca o seu pensamento muito inquieto com as matérias visuais”, comenta Mariano Klautau Filho , quem assina a curadoria junto com Jorge Eiró e Luiz Fernando Veiga.

O conjunto “Horizonte Minha Caverna”, citado anteriormente por Pablo, já passou por uma dissertação de mestrado, explorando várias linguagens há alguns anos, chegando à série “Eu, o Horizonte e Minha Caverna”, na qual ele depura variados signos do mundo natural e suas relações com o tempo geológico dos seres vivos longevos, como a árvore Matusalém, localizada em uma reserva na Califórnia (EUA) e que estima-se ser a mais antiga do mundo, com cerca de 4.600 anos; e o Crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado na América do Sul, com cerca de 12.500 a 13.000 anos. Tais imagens estão diluídas em emaranhados arranjos, que fazem da arte um mecanismo de permanente investigação e conhecimento.

“Acredito que se o espectador estiver atento, além de um bom entretenimento do campo artístico, ele pode encontrar alguns alertas muito importantes do que nós estamos fazendo em relação à nossa estada neste planeta”, diz Pablo, que ao recorrer à força desses signos ancestrais e esses elementos, mostra a fragilidade humana frente a isso tudo. “A escala da natureza, que é gigantesca, mesmo essa pintura sendo grande para os padrões de uma pintura, ela é extremamente diminuta comparada ao que seria uma explosão vulcânica na natureza, na sua extrema complexidade e na sua força”.

Então, ao colocar na mesma linha também o crânio da Luzia e a imagem da Matusalém, diz Pablo, “a gente percebe que Matusalém ainda está vivo, que é a árvore com cerca de cinco mil anos, um dos seres vivos mais longevos do planeta, enquanto o crânio da Luzia é o fóssil mais antigo de um humano encontrado na América do Sul. Então, isso sinaliza para gente que o nosso estado no mundo é uma passagem, uma brevidade. Recentemente, eu perdi o meu pai e essa exposição também é como uma homenagem a ele, mas ela fica como um alerta, tanto para esse sentido de encontro com a força dos nossos antepassados, com a força presente da vida da Terra, que pulsa para além das nossas significações”.

O artista, que entrou no curso de Artes Visuais em 2001, também apresenta nesta exposição alguns desenhos produzidos desde 2002 até suas últimas produções, mais complexas, sobre os nascimentos das ilhas. “São pinturas a óleo em grandes formatos, com uma técnica que é extremamente sofisticada, resultado de uma pesquisa de sete anos de trabalho”, adiantou Pablo, que acredita que a exposição é um marco para ele como artista, que gosta de arte desde criança e que é dedicado ao ofício e, nesse momento, convida a comunidade em geral, a especializada e a não especializada, para apreciar essa produção.

“Para além de mim, eu acredito que, como sempre, meu trabalho rende uma homenagem à arte, que é um fundamento extremamente importante no mundo, não só por trazer a ele outras possibilidades de pensamento, como também explorar novos campos de experiência nos seres, tão acostumados com uma realidade objetiva, às vezes tão dura”, finalizou ele.

VISITE

Exposição “Despertar”
Artista: Pablo Mufarrej
Abertura: Hoje, 4, às 19h;
Visitação: De 05 de maio a 30 de junho, de segunda a sexta, das 14h às 18h;
Onde: Galeria Graça Landeira (Av. Alcindo Cacela, 287 – Umarizal);
Quanto: Gratuito.