
Em setembro de 2022, uma lancha clandestina que saía do município de Cachoeira do Arari, no Arquipélago do Marajó, naufragou, deixando 22 pessoas mortas e um questionamento: quanto vale a vida de uma pessoa marajoara? Foi a partir dessa indagação que o ator Miller Alcântara criou o espetáculo teatral “Travessia”, que conta as histórias de vida das vítimas dessa e de tantas outras tragédias fluviais envolvendo pessoas marajoaras. Após quase três anos de sua criação e apresentações solo em municípios do estado, “Travessia” ganha sua primeira temporada com apresentações gratuitas nos dias 26, 27 e 28 de fevereiro, no SESC Casa das Artes, em Belém.
Para o criador do espetáculo, o ator Miller Alcântara, é importante refletir sobre o valor da história de vida, dos objetivos e dos sonhos das pessoas marajoaras. “Por ser de Soure, no Marajó, e entender que precisei fazer uma travessia para realizar o sonho de fazer teatro e de estar dentro de uma universidade, trago como minha primeira apresentação solo algo que discorre sobre quem eu sou e sobre o que a minha arte fala. Por isso, no espetáculo, misturo o real e o ficcional para contar a história de pessoas pretas marajoaras e exaltar a nossa cultura, usando não apenas a dramaturgia, mas também a visualidade e a sonoridade”, revela.
O espetáculo é um solo, ou seja, somente Miller aparece em cena, contando as histórias e interpretando os personagens. Além disso, há a participação do público, que escolhe quais histórias serão contadas em cada sessão, tornando cada apresentação única. A inspiração para a criação das histórias vem da própria vivência do criador enquanto pessoa marajoara, mas também de amigos, familiares e conhecidos.
“Travessia fala sobre o que é ser uma pessoa do Marajó em todas as suas amplitudes. O processo de pesquisa das histórias foi feito de três formas principais: por meio de um projeto de audiovisual que eu fiz parte e que tratava sobre as pessoas que estavam dentro de lanchas que naufragaram, a minha pesquisa individual enquanto pessoa marajoara, ou seja, a minha vivência ao longo desses 29 anos, e também histórias de pessoas que eu conheço, como amigos e familiares. É um processo contínuo, porque à medida em que eu vou conhecendo novas pessoas e histórias, elas também podem ser acrescentadas como uma das histórias do Travessia”, explica Miller.
Apesar de já ter sido apresentado quatro vezes de forma isolada em municípios como Castanhal e Moju, essa é a primeira vez que o espetáculo ganha uma temporada com várias apresentações contínuas. “Voltar ao Travessia é sempre muito gostoso, porque é um espetáculo que eu e a equipe que está comigo amamos fazer. É meu primeiro solo, então é algo que é muito particular e fala muito sobre mim. O processo de volta aos palcos é sempre muito gostoso, mas também muito desafiador, justamente porque é um espetáculo que está em constante transformação”, finaliza.
Serviço
Espetáculo “Travessia”
Dias 26, 27 e 28 de fevereiro de 2025, com sessões às 19h
Local: SESC Casa das Artes, em Belém (Blvd. Castilhos França, 722 – Campina)
Entrada gratuita, com ingressos limitados. A distribuição é feita uma hora antes de cada sessão.
Mais informações no Instagram @blackscorpium
Assessoria de Imprensa: Maria Nayan Aviz – (91) 98509-8329