Aline Rodrigues
O resultado de uma imersão no dia 26 de dezembro de 2022, durante a Marujada de Bragança, pode ser visto em quatorze fotografias em cores, que retratam os detalhes da procissão, rostos, trajes, fé, religiosidade, arte e cultura, na exposição “Esmolação – Imagens da Marujada de Bragança pelo Brasil”, do fotógrafo, publicitário e cineasta paraense Alexandre Baena, sobre a Marujada de São Benedito, aberta à visitação até o dia 28 de maio, no Museu de Arte Sacra de São Paulo.
“Tem uma sequência de oito telas que têm em sua narrativa a cronologia do dia da festividade, começando na igreja, passando pela procissão, indo para o barracão e terminando na igreja. E temos seis telas de grande formato que são os marujos e as marujas em planos mais fechados, devotos que estavam em seu momento de adoração e foram imortalizados durante aquela conexão com o divino, criando peças com uma expressão viva da religiosidade bragantina. A emoção é latente nas 14 imagens”, diz Alexandre Baena.
Para o fotógrafo e cineasta, a imersão só foi possível pelos anos anteriores em que vivenciou a festividade, agora que os olhares já se reconheciam. “A ideia foi surgindo e amadurecendo, então com personagens como a da tela central, intitulada ‘Vermelho’, foi um reencontro, que gerou uma imagem com uma iconografia religiosa e bragantina. Eu costumo reforçar que as escolhas foram feitas todas em parceria com São Benedito, trabalhar com o divino tem essa observação, dos sinais e pequenos detalhes”, diz ele.
A mostra em homenagem à festividade da Marujada, que acontece todos os anos no município de Bragança em devoção a São Benedito, carinhosamente conhecido pelo apelido de “Santo Preto”, é itinerante.
“Quando o projeto foi concebido, inevitavelmente ao primeiro olhar era um desafio enorme levar a exposição por todo o Brasil e fazer a merecida divulgação da Marujada de São Benedito, do município de Bragança, no ano de seu aniversário de 410 anos e do nosso Estado do Pará, um berço do turismo religioso e de uma cultura tão rica. Salvaguardar essa tradição e ampliar os que pudessem ter acesso a este momento era o principal desafio, uma tarefa que não poderia ser viável sem o patrocínio do Governo do Estado do Pará e da Prefeitura Municipal de Bragança”, agradece Alexandre. “São Benedito foi abrindo portas e intercedendo por nós!”, acrescenta ele.
“Neste ponto, ainda cabe mais uma reflexão: a receptividade para o tema da Esmolação foi linda. Quando recebi uma publicação do ‘Guia da Semana’, respeitada publicação do segmento artístico, e vi a ‘Esmolação’ como uma das 16 exposições imperdíveis do mês de maio em São Paulo, foi um momento muito feliz. O Pará é terra de profissionais incríveis da imagem, estar nessa situação é honrar esses operários da luz que tão bem forjaram a imagem do Pará como um berço da fotografia e isso é algo único”, celebra o fotógrafo.
Mostra percorrerá o país junto à imagem de São Benedito
Como parte da abertura oficial da exposição, que ocorreu no último final de semana, foi realizada uma cerimônia especial em homenagem a São Benedito, com a presença da imagem peregrina do santo que participa da tradicional Marujada. A celebração ocorreu na sede da Irmandade de São Benedito mais antiga de São Paulo, a igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, localizada no Largo do Paissandu, região central da capital paulista.
“São Benedito é presença viva no projeto e a ida da imagem do andor para São Paulo partiu justamente do abraço feito pelos espaços que a produção da exposição tem feito. O diretor do Museu de Arte Sacra de São Paulo fez a proposição, que foi prontamente abraçada por todos nós e teve a participação fundamental do vice-prefeito de Bragança, Mário Jr, um marujo devoto de São Benedito, que ao lado de Marcely, Conchita e Beto, fizeram uma verdadeira peregrinação junto com o secretário de Turismo, Eduardo Costa, e sua equipe para garantir a ida da imagem, com direito a destaque no avião, e sendo recebida em São Paulo com todas as honras”, conta Alexandre.
A imagem e a comitiva foram recebidos no aeroporto de Guarulhos por representantes do Governo de São Paulo e do Museu de Arte Sacra de SP. De lá seguiu com batedores da Polícia Militar de São Paulo para a igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, para uma missa em louvor a São Benedito, e na sequência foi para a abertura da exposição na sala MAS Metrô (Estação Tiradentes do Metrô, 676, Luz – São Paulo)
A exposição segue em junho para Brasília; em julho, no mês de aniversário da cidade de Bragança, a “Esmolação” chega à Bahia; em setembro, mês do aniversário da Irmandade de São Benedito, a mostra chega ao Paraná, e encerra no Pará, em dezembro.
“Fechamos o ciclo desta esmolação em nosso Estado, com duas apresentações, a primeira em Belém, no mês de novembro, e encerrando durante a festividade da Marujada, em dezembro, no Museu da Marujada de Bragança. Fechar este ciclo rodando as cinco regiões do Brasil, no Museu da Marujada, é algo emblemático e de forte valorização da nossa cultura. Esperamos que essa ‘Esmolação’ traga muitos devotos de São Benedito para o nosso Estado e para Bragança, pois como eu havia prometido para a capitoa e para o capitão, alguns anos atrás, nós vamos divulgar a Marujada para todos, e desde que recebi esse chamado, minhas lentes sempre têm rumado para Bragança no dia 26 de dezembro”, finaliza Alexandre.