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Escolas de Samba na regressiva para o Carnaval 2024 em Belém

Porta-bandeira Cíntia Luna, do Rancho Não Posso Me Amofinar. Foto: Octavio Cardoso / Diário do Pará.
Porta-bandeira Cíntia Luna, do Rancho Não Posso Me Amofinar. Foto: Octavio Cardoso / Diário do Pará.

Aline Rodrigues

Os desfiles das escolas de samba do grupo especial do carnaval de Belém vão acontecer nos dias 1º e 2 de março, na Aldeia Cabana, com a ordem já definida para as agremiações entrarem na avenida. Até lá, a preparação para o grande momento do carnaval paraense está a todo vapor entre os integrantes, que vivem o clima carnavalesco o ano inteiro e nessa reta final não medem esforços para fazer bonito nas apresentações.

Para Bruno Costa, intérprete do Bole Bole, atual campeã do Carnaval, a responsabilidade da escola é maior. A agremiação lançou o enredo em abril, o samba em agosto e desde lá iniciou os ensaios.

“Os ensaios seguem cada vez mais intensos, quesitos se preparando. O projeto macro da escola está pronto, fantasias já em confecção, logo mais inicia a produção das alegorias, com a equipe de profissionais de Parintins, no Amazonas. E agora seguimos com os ‘arrastões’, que são os ensaios técnicos nas ruas do Guamá”, diz Bruno.

O Bole Bole vai para a avenida este ano com o enredo “Juriê – a Fantástica Energia da Floresta”, que tem como personagem central a entidade criança, Juriê, que vem para acordar as lendas da Amazônia, em defesa e celebração da floresta.

“Pelas águas, céus e matas de Moju, cenário do enredo, ele acorda a matinta, curupira, mapinguari, peixes e animais para exaltar a memória ancestral e usá-la como referência para proteger o hoje. Juriê é uma energia de amor, alegria e comunidade… assim como o Bole Bole, que completará 40 anos em 2024”, destaca Bruno.

A escola será a terceira a desfilar no sábado, 02 de março, e a expectativa é grande para levar o bicampeonato para o bairro do Guamá. “A expectativa é a melhor possível. Estamos trabalhando para fazer um grande desfile de novo e orgulhar nossa comunidade. Se o título de bicampeã vier, será consequência de um trabalho feito por muita gente”, reforça o intérprete.

Para o desfile de 2024, a escola guamaense fez parceria com pessoas do município de Moju, também homenageado no enredo. “Estamos numa troca bem legal e constante. O Bole Bole já foi lá, já vieram comitivas de lá para cá em eventos. As pessoas estão se mobilizando com rifas, ações e doações para ajudar a escola e eles vem desfilar com a gente! Isso é muito bacana”, adiantou Bruno.

Já a porta-bandeira Cintia Luna, 36 anos, desfila no carnaval desde os seus 4 anos de idade e há 2 anos defende o Pavilhão do Rancho Não Posso Me Amofiná. “Os preparativos seguem com ensaios na quadra da escola e treinos de funcional específico para aguentar o peso da fantasia e o desfile”, conta ela, que vive o Carnaval junto com a família, pois seus pais, Glória Luna e Paulo Anete, estão no Rancho há 16 anos.

“Minha mãe é estilista dos quesitos do Rancho e também sempre fez minhas fantasias de apresentação na quadra e de avenida para o dia do desfile oficial. Meu pai é o carnavalesco da escola, responsável pela criação do desenho da minha fantasia. Acompanhava o trabalho dos meus pais antes de defender o primeiro pavilhão da escola como a 1ª porta-bandeira, ajudava e continuo ajudando na comunicação do Rancho”, contou Cintia, que acredita que este ano o desfile será especial.

“Minha expectativa para o Carnaval desse ano é comemorar junto com minha escola os 90 anos de paixão e história. O Rancho é a quarta escola mais antiga do Brasil e a primeira escola de samba do Pará. Esse ano, no dia 31 de janeiro, completa seus 90 anos de trajetória no carnaval paraense”, pontua.

A escola jurunense vai levar para a avenida o enredo “Isso é que é amor! Onde o Rancho for, eu vou! 90 anos de paixão sem ponto final”. O samba volta no tempo para resgatar essa história: é uma reedição do samba-enredo de 1987, de Dio, Magé e Valdemir. O intérprete oficial é Bruno Ribas.

Leandrinho Santos, porta-estandarte do Rancho, está a mil por hora para a chegada do grande dia do desfile oficial e há três meses vem se preparando fisicamente. “Estou me preparando para fazer uma belíssima apresentação para o público e principalmente para os jurados, para conseguir a nota máxima. Mais um ano defendendo o Rancho Não Posso Me Amofiná, como porta-estandarte da escola e muito confiante que farei um excelente desfile nesse carnaval 2024”, diz ele, cria da comunidade da escola e porta-estandarte há 23 anos.

“Desde criancinha frequentava o Rancho. Por sinal, naquela época eu fugia de casa para ir à escola ver o ensaio. Aquilo era tudo para mim. Quando chegava em casa pegava uma pisa da minha mãe, mas apanhava feliz”, relembra ele, que se declara apaixonado pelo carnaval.

“É uma época que paro tudo aquilo que faço no ano todo, para me dedicar. É um amor inexplicável e em especial à minha escola de samba, minha segunda casa. Esse amor está no sangue jurunense, como diz o samba: ‘Manito foi quem plantou a semente e o menino jurunense…’”, lembra.