Estreiam nesta quinta-feira, 20, os espetáculos “Divinágua” e “A farsa da boa preguiça”. Ambas são produções da Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA). “Divinágua” será encenada ainda nos dias 21, 22 e 23 de março, sempre às 19h, no Teatro Universitário Cláudio Barradas. Já “A farsa da boa preguiça” ficará em cartaz até o dia 30 deste mês, sempre de quinta a domingo, em duas sessões: às 17h30 e às 20h, no estacionamento da ETDUFPA.
Com texto original do dramaturgo Ariano Suassuna, “A farsa da boa preguiça” retrata de forma crítica a realidade social, através da história do poeta popular Joaquim Simão, que luta para sobreviver à pobreza do sertão sem se deixar escravizar por nenhum patrão e sem abrir mão da poesia. Simão escolhe o ócio como modo de vida e não abre mão do tempo para criar seus versos.
Dirigida por Karine Jansen e Larissa Latif, a peça conta com a coordenação de Cenografia de Iara Souza, e a coordenação de Figurino é de Ézia Neves. O elenco é formado por estudantes do 1º ano do Curso Técnico em Teatro e pelas turmas de 1º e 2º anos dos Cursos Técnicos em Cenografia e Figurino.
A professora Larissa Latif diz que a escolha do texto se deu justamente pela forma como o autor utiliza o humor. “Seu caráter de crítica social aliado ao humor inteligente do autor, mergulhado em referências da cultura popular brasileira, que eram tão caras a Suassuna. Acreditamos que é muito importante tanto para os estudantes da ETDUFPA quanto para o público da cidade entrar em contato com as obras de grandes dramaturgos como ele. O trabalho de direção junto com Karine é uma parceria muito bem-sucedida, que já existe há muitos anos, tanto dentro quanto fora da ETDUFPA”.
Larissa Latif conta que o trabalho de construção da personagem nas turmas do 1º ano do Curso Técnico em Teatro fundamenta-se no método Stanislavsky, que é a base para muitos outros métodos de interpretação. “Karine e eu acreditamos ser importante para os estudantes de teatro iniciarem por ele para terem uma base sólida e, ao longo de suas carreiras, poderem lançar mão dela sempre que necessário. No caso desta montagem, por ser uma farsa, ‘temperamos’ um pouco com jogos teatrais para ajudar na construção dos corpos cômicos que o espetáculo pede. Os atores são estimulados a trazer referências próprias, memórias emotivas e corporais para compor seus personagens, dando a eles densidade e credibilidade na cena”.
O ponto alto são as apresentações, relata a professora Larissa, acrescentando que são momentos aguardados com ansiedade por toda a equipe dos cursos técnicos da ETDUFPA.
“Afinal, é o momento de mostrarmos à cidade o nosso trabalho. Por outro lado, elas são o resultado de meses de preparação dos atores e do esforço criativo e prático das equipes de cenografia e figurino. É muito importante dizer que cada montagem teatral da Mostra Cênica da ETDUFPA envolve os cursos técnicos de Teatro, Cenografia e Figurino e entrega à cidade o trabalho dos nossos estudantes desses três cursos, formando uma grande equipe que trabalha para criar o espetáculo”.
ENCANTARIA
No palco do Teatro Universitário Cláudio Barradas, alunos da ETDUFPA apresentam “Divinágua”. A narrativa traz como temática principal a água. Divinágua é a entidade-mãe que se apresenta aos seres como força primordial de vida, define a dramaturgia. Essa divindade se revela não como algo externo ou apartado, mas sim como potência que habita todos os seres. É a busca por permanecer em movimento, apesar das pedras no caminho. É a natureza úmida, mítica, amazônica, encantada, uma encantaria que emerge das pessoas e nelas desaparece, nas profundezas do igarapé-gente. Calmaria de um lago, fúria de uma pororoca.
A professora Ana Flávia Mendes, que atua como docente da UFPA desde 2008, diz que o espetáculo resulta da disciplina Prática de Montagem, que faz parte da formação de alunos do curso de Intérprete-criadores em dança da Escola de Teatro e Dança da UFPA. Além disso, o trabalho conta com a orientação conjunta dela e do professor Éder Jastes, que também é da Dança, e do professor Tarik Coelho, da área de Cenografia.
“A temática traz a água como metáfora para falar do ser humano, pensando-a como componente sagrado, vital e parte de nós. Ao contrário de ideias que colocam o divino para além do humano, trabalhamos com uma concepção de divindade encarnada em nós, e representada na água que nos habita e nos constitui”, diz Ana Flávia.
Entre os maiores desafios da montagem, segundo a professora, está a conciliação entre as diversas simbologias da água e os diferentes modos de pensar-fazer a dança e os elementos da visualidade cênica.
“O trabalho também agrega estudantes dos cursos de figurino e cenografia. São muitos corpos, desejos, expectativas. Então, encontrar um equilíbrio entre todos eles é a missão mais árdua no processo de criação”, aponta.
Em 17 anos de carreira, Ana Flávia Mendes conta que ensina e aprende. “Todo ano é sempre novo, sempre uma nova experiência, com novos desafios e muita aprendizagem. Como artista, professora e pesquisadora, parto da premissa de que alunos e professores estão em sala de aula para aprender e, juntos, desconstruir padrões, reinventar verdades e, assim, construir conhecimentos. Nem sempre isso ocorre de maneira tranquila, mas como o resultado reverbera na vida, para além do próprio espetáculo, é sempre gratificante”, analisa.
DIVIRTA-SE
l Espetáculo “A farsa da boa preguiça”.
Quando: 20/03 (quinta-feira) até o dia 30 de março, sempre de quinta a domingo, sesões às 17h30 e às 20h.
Onde: ETDUFPA- Escola de Teatro e Dança da UFPA (estacionamento) – Trav. Dom Romualdo de Seixas, 820 (ao lado do Teatro Universitário Cláudio Barradas).
Quanto: R$20 (inteira); R$ 10 (meia−entrada).
l “Divinágua”
Quando: 20 a 23/03, às 19h;
Onde: Teatro Universitário Cláudio Barradas
Quanto: R$20 (inteira) – R$10 (meia) – alunos e servidores da ETDUFPA não pagam. Ingressos na bilheteria do teatro.