TEXTO: ALINE RODRIGUES
O escritor, jornalista e dramaturgo paraense Edyr Augusto Proença recebeu ontem, 17, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) – um dos mais importantes prêmios nacionais na área da cultura – na categoria de melhor livro de contos, com “Eu já morri” (Boitempo, 2022).
Durante a entrega do prêmio, transmitida ao vivo pelo YouTube, Edyr destacou a importância de chamar atenção do Brasil para a rica produção cultural da Amazônia, em especial do Pará, e lembrou que o ator Sérgio Cardoso, que nomeia o teatro, também era paraense. “Muito obrigado à APCA por essa visão abrangente da arte, da literatura, indo me buscar em Belém do Pará, o que mostra que a abrangência desse prêmio é realmente nacional”, disse.
A 67ª edição do Prêmio APCA premiou artistas que se destacaram em 2022, nas categorias de Arquitetura, Artes Visuais, Cinema, Dança, Literatura, Música Popular, Rádio, Teatro, Teatro Infantojuvenil e Televisão, em uma cerimônia marcada por homenagens ao diretor teatral José Celso Martinez Corrêa, falecido há pouco mais de uma semana.
“Esse prêmio é muito importante para mim, é o primeiro prêmio nacional que eu ganho, já tinha batido na trave algumas vezes. Os prêmios representam um prestígio para o escritor, uma maneira dele ser lembrado. Sou um escritor do Pará, da Amazônia, moro em Belém do Pará e às vezes tem a dificuldade para me chamarem para feiras e festivais de literatura por conta da distância em que estou. Mas prefiro continuar em Belém por causa das minhas referências”, disse o autor, em entrevista ao DIÁRIO antes da cerimônia. “É uma conquista pessoal e penso também que é uma maneira das pessoas olharem para a literatura que se faz hoje no Pará, que é muito boa. Só no Prêmio Sesc Literatura, que normalmente conta com 800 inscritos, nós ganhamos os três últimos prêmios: Fábio Horácio-Castro, Pedro Bahia e Airton Souza. Isso mostra a nossa pujança com novos escritores surgindo e alguns escritores muito bons, como o Salomão Laredo, que vai ser homenageado na próxima Feira [Pan-Amazônica] do Livro”, falou Edyr Augusto.
PRÊMIO DA APCA É UM DOS MAIS IMPORTANTES DO BRASIL
A Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) é uma instituição cultural sediada na cidade de São Paulo, fundada em 1951, que tem como objetivo promover a reflexão crítica sobre as artes e incentivar a produção cultural no estado. Composta por críticos de arte, jornalistas e profissionais da área cultural que atuam em diversos campos, como artes visuais, cinema, teatro, música, dança, literatura, arquitetura, televisão e rádio, a Associação é responsável por analisar e avaliar obras, eventos e produções artísticas, além de promover debates, encontros e premiações relacionadas às diferentes áreas da arte.
“É preciso olhar para a Amazônia. Então, quando esse prêmio vem da Associação Paulista de Críticos de Arte, de São Paulo, isso é uma maneira dos paulistas também olharem para o que tem além das fronteiras de São Paulo e perceberem que há uma produção cultural muito intensa”, disse Edyr.
“isso é uma maneira dos paulistas também olharem para o que tem além das fronteiras de São Paulo e perceberem que há uma produção cultural muito intensa”
Os vencedores do prêmio são anunciados antes da cerimônia de entrega dos troféus. Na categoria Literatura, além de “Eu Já Morri”, foram também premiados “Via Ápia”, de Geovani Martins (Companhia das Letras) na categoria romance; “Araras Vermelhas”, de Cida Pedrosa (Companhia das Letras), em poesia; “Beowulf”, de Elton Oliveira Souza de Medeiros (Editora 34), em tradução; “Adeus, Senhor Portugal”, de Rafael Cariello e Thales Zamberlan Pereira (Companhia das Letras), em Ciências Humanas; “Do Transe à Vertigem”, de Rodrigo Nunes (Ubu Editora), em ensaio; e “Silêncio”, de Alexandre Rampazo (Rocco), na categoria infantil.
LIVROS DE EDYR AUGUSTO VÃO GANHAR VERSÃO NO CINEMA
Os livros de Edyr Augusto vêm despertado interesse de cineastas e produtores brasileiros. O autor já vendeu direitos para adaptações dos livros “BelHell” (2020), “Pssica” (2015), “Selva Concreta” (2012) e “Os Éguas” (1998), que devem ter suas produções iniciadas em breve.
“Já tenho cinco livros vendidos para o cinema, que tem outro tempo, um tempo de18 produção, de arranjar dinheiro para fazer, essa coisa toda, e eu não tenho problema com relação a isso, é outro gênero. Apenas fico curioso sobre como é que eles vão fazer. Há alguma consulta sempre a respeito de como eles pretendem filmar, mas eu não tenho problema quanto a isso”, revelou Edyr.
A produtora O2, do cineasta Fernando Meirelles, adquiriu os direitos para a adaptação de “Pssica”, que deverá marcar a estreia do filho de Fernando, Quico Meirelles, na direção. “Já tem roteiro pronto e tudo mais. Mas estão na faixa de arranjar dinheiro, porque filmar na Amazônia também é caro, mas eu estou tranquilo, esperando. Sou um escritor, estou aí produzindo meus livros, o cinema é outro gênero, é outra coisa”, ponderou o escritor.
Além de escritor e jornalista, Edyr também escreve para o teatro e está com uma peça sendo ensaiada, “Muralhas Invisíveis”, dirigida por Paulo Santana, do grupo Palha. “Nós pretendemos estrear em setembro. É uma peça que fala dos habitantes ali da esquina da Presidente Vargas com Riachuelo, e tem músicas do rapper Pelé do Manifesto e coreografia de um coreógrafo de hip-hop, o Kekel. Vai ficar tudo muito bonito e já queria convidar de antemão todo mundo”, antecipou.