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Dona Socorro lança o primeiro disco de samba aos 77 anos

O repertório de "Samba Afro-Amazônico" privilegia a voz e a animação que Dona Socorro dá às rodas de samba FOTO: CARLOS BRITO JR/DIVULGAÇÃO
O repertório de "Samba Afro-Amazônico" privilegia a voz e a animação que Dona Socorro dá às rodas de samba FOTO: CARLOS BRITO JR/DIVULGAÇÃO

Wal Sarges/Diário do Pará

Aos 77 anos, Dona Socorro lança seu primeiro disco na cena artística paraense. “Samba Afro-Amazônico” chega cercado de carinho, afeto e muito samba, com oito canções de compositores consagrados. O filho dela, Márcio Jardim, é quem assina a direção musical do disco e toca com a mãe, acompanhada também pelos netos, William Jardim, na guitarra, e Wesley Jardim no baixo. O trabalho está disponível a partir desta quinta-feira, 11, nas plataformas digitais.

Nascida no Maranhão, em meio a uma família de músicos, Dona Socorro conta que desde criança sempre gostou de cantar, mas foi em Belém que ela começou a interagir com o samba, no bairro da Pedreira. “Eu não esperava que isso se tornasse realidade, mas estou muito feliz com tudo isso”, afirma.

A trajetória de Dona Socorro começou no “Clube do Samba” organizado pelo sambista Bilão, depois abriu a própria casa de samba chamada “Morro do Pagode” – que funcionou no mesmo endereço em que ela reside até hoje. “Depois da casa de samba, a coisa foi se firmando, porque o pessoal vinha aqui para me ver cantar. E quando eu chegava em outro pagode, o pessoal sempre perguntava ‘a senhora não vai cantar?’. Assim que o pessoal foi me conhecendo, hoje estou aqui”, rememora.

Com direção de Márcio Jardim e arranjos de William Jardim, o trabalho teve ainda a colaboração de Manassés Malcher, no trombone, e de Thiago Amaral no clarinete. “Dirigir o trabalho da mamãe é super emocionante porque ali estão todas as gerações, ela, eu e os meninos [Wesley e William Jardim], assim como tem outras pessoas da minha família que tem músicos, que influenciaram a gente. Ela sempre gostou do samba e é muito alegre, é uma das minhas maiores influenciadoras. Tem um significado muito grande pra gente em um tom de continuação. Representa um presente pra gente, mas principalmente, para ela”, diz Márcio.

Dona Socorro nasceu em família musical e agora grava ao lado do filho e dos netos, todos músicos FOTO: CARLOS BRITO JR/DIVULGAÇÃO
REPERTÓRIO

A princípio, Márcio diz que a pretensão era fazer um disco de samba, onde a percussão, o sopro e o coro estivessem bem presentes. “A gente conseguiu, mas no meio do processo, a gente mesclou também o violão e o cavaquinho. Precisamos levantar diversos sambas entre as composições de Ronaldo Silva, Allan Carvalho, Marcos André, porque tinha que se encaixar com ela. Muitos desses sambas levavam para uma pegada mais lenta, então foi um grande desafio fazer um samba afro em cima de uma rítmica mais lenta, mas conseguimos”, considera.

Dona Socorro conta que duas músicas tocam seu coração mais que as outras. “Uma das que mais me emociona é a do Almino [Henrique], que se chama ‘Jardim Pandeiro’, uma homenagem ao Márcio, e aquela do Adamor [do Bandolim] chamada ‘Sabe Deus como Dói’. Eu gostei de todas, mas essas duas me tocam muito. Eu nem sonhava em realizar esse trabalho. Sempre gostei de cantar, mas nunca sonhei em gravar. Na minha cabeça, sempre foi algo mais para brincar, e de repente aconteceu. Eu fico grata por isso e só tenho a agradecer Aquele lá de cima, o maior e quem faz acontecer tudo. Eu espero que o público goste do trabalho, das músicas também, e que com a ajuda de todos, esse trabalho possa continuar”.

Márcio conta que a escolha do repertório foi uma etapa importante e minuciosa. “A gente tentou garimpar músicas que tinham a ver com ela e com o timbre que ela gosta de cantar. Pegamos músicas de vários autores para saber onde ela se encaixaria, até ela gostar das músicas. O processo de gravação foi um pouco diferente dos outros porque como ela não é acostumada a entrar no estúdio e fazer base e todas as coisas técnicas, a gente resolveu fazer uma espécie de roda de samba no meu home estúdio e fiz as bases em casa. O Ziza [Padilha] levou o material dele para o estúdio e começou a construir, gravando percussão até formar a base com todos os instrumentos”, detalha.

Grandes compositores colaboraram com este trabalho. A composição “Opa!”, de Allan Carvalho é a que abre o álbum, seguida de “O Levante e o Amor (Hino Antifascista)”, de Almino Henrique. A faixa “Pedra 90”, de Almirzinho Gabriel, vem logo em seguida, e na sequência “Entre a Semente e a Flor”, de Dudu Neves e Allan Carvalho. A faixa “Rosa Branca” é uma composição do sambista Bilão, e depois surge “Jardim Pandeiro”, de Ronaldo Silva e Renato Rosas. A canção “Chora” é de Noca da Portela e Marco André. E a faixa “Sabe Deus Como Dói”, de Adamor do Bandolim, Nego Dito e Magela, fecha o disco.

OUÇA

Disco “Samba Afro-Amazônico”, de Dona Socorro
Quando: Hoje, 11, a partir de 0h
Onde: Plataformas digitais (Spotify, Deezer, etc)