17º PRÊMIO FERNANDO PACHECO JORDÃO PARA JOVENS JORNALISTAS

Doc 'Rios de violência', da UFPA, ganha prêmio do Instituto Vladimir Herzog

Produção de estudantes de jornalismo dá visibilidade ao grave problema da violência sexual infantil no Arquipélago do Marajó.

Premio Jovens Jornalistas. Foto: Duda Portella
Premio Jovens Jornalistas. Foto: Duda Portella

O olhar sensível de um grupo de estudantes de jornalismo da Universidade Federal do Pará (UFPA) para o crime de exploração sexual foi reconhecido nacionalmente. O documentário “Rios de violência: A exploração sexual de crianças e adolescentes na ilha do Marajó (PA) – Uma tragédia oculta” foi premiado durante o 17° Prêmio Fernando Pacheco Jordão para Jovens Jornalistas, organizado pelo Instituto Vladimir Herzog. A cerimônia de entrega dos troféus foi realizada no último dia 9 de julho, no Centro Cultural São Paulo.

A produção é de autoria dos estudantes Vitória Rodrigues, Vinicius Gonçalves e Denily Fonseca, que trabalharam sob a orientação da professora da Faculdade de Comunicação (FACOM) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Cultura e Amazônia (PPGCOM) da UFPA, Rosane Albino Steinbrenner.

Além buscar dar visibilidade ao grave problema da violência sexual infantil no Arquipélago do Marajó, o trabalho se preocupou em fazer uma discussão aprofundada sobre o cenário, de maneira a não contribuir e, mais do que isso, a combater a estigmatização da região e os discursos sensacionalistas ligados ao tema.

“A escolha do tema se deu a partir de uma conversa que a Vitória e a Denily tiveram depois de uma ação do movimento delas que a gente tava participando pela manhã. Isso foi no último dia de submissão da proposta de pauta, nós mudamos a pauta totalmente, foi toda reformulada”, lembra Vinícius Gonçalves.

“Em princípio, a gente queria fazer a pauta sobre a violência doméstica aqui em Belém, e apesar de ser algo que é pertinente, a gente pensou que não seria algo muito único pra ser tratado, foi então que as meninas vieram com essa ideia da violência sexual, principalmente pela repercussão que o assunto teve no ano passado e retrasado com as falas de uma cantora gospel em um reality show de música e de uma ex-ministra”.

Entre os municípios que compõem o Arquipélago do Marajó, a equipe escolheu fazer o documentário em Breves, distante 12 horas de barco de Belém. Essa distância, inclusive, foi apenas um dos desafios enfrentados pelos jovens jornalistas para tirar o documentário do papel.

Desafios e Superação na Produção do Documentário

“Acho que o nosso principal desafio foi com relação ao tema. Não é algo que é fácil de tratar e que, quando tratado, deve ser tratado com o maior respeito e sensibilidade possível”, considera Vinícius. “Mas além disso, a gente também teve alguns problemas estruturais pra edição e gravação dos documentários. O celular que a gente gravava acabava a memória; a câmera parava de gravar do nada; meu notebook, que foi onde a gente editou, travava com o tamanho do arquivo; fora a locomoção pra Breves”.

Ver o fruto de todo esse trabalho premiado nacionalmente por uma instituição de peso como o Instituto Vladimir Herzog foi a coroação do empenho dos estudantes para dar visibilidade a um tema que, apesar de conhecido e histórico, ainda é pouco debatido.

“A gente se sentiu muito feliz em receber o prêmio, acho que tanto pra mim quanto pra Denily e pra Vitória foi uma sensação única na vida. A gente foi até São Paulo pra receber o prêmio a convite do Instituto Vladimir Herzog e nos sentimos muito especiais pelo reconhecimento e pela crença na nossa capacidade de produzir o documentário, sendo a nossa primeira vez fazendo um”, considera o universitário. “Acho que foi uma experiência incrível e que nos agregou uma sensibilidade e um olhar muito mais apurado pro que vivenciamos cotidianamente”.

O Impacto do Documentário

documentário tem pouco mais de 19 minutos de duração e está disponível no Youtube para quem quiser conferir. Além de dados alarmantes sobre os casos de exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes no município, a produção também contempla depoimento de vítima (com identidade preservada) e o trabalho de conselheiros tutelares, assistentes sociais e promotores que buscam combater a invisibilidade do problema.

Ficha Técnica do Documentário

Pesquisa prévia: Denily Fonseca

Roteiro: Denily Fonseca e Vitória Rodrigues

Imagens: Vinicius Gonçalves e Vitória Rodrigues

Edição: Vinícius Gonçalves

Narração: Isabela Leite

Captação de áudio: Luane Pimenta

Orientação: Rosane Albino Steinbrenner

Mentoria: Victor Ferreira

Realização: Instituto Vladimir Herzog

Apoio: Oboré Projetos Especiais, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), Periferia em Movimento e Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Patrocínio: Petrobras, Caixa e Governo Federal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.