Neste 31 de janeiro comemora-se o Dia Internacional do Mágico, uma data que celebra, além dos truques de ilusionismo, também o poder que a arte tem de despertar a imaginação e encantar plateias. Mais do que simples manipulações de cartas ou objetos que desaparecem, como uma forma de desafiar a lógica, provocar a curiosidade, o fascínio e criar experiências únicas, a magia continua a encantar gerações.
Em Belém, um dos nomes que se destacam nesse universo é o ilusionista Paulo Carvalho, de 39 anos, que há 18 anos se dedica à arte de transformar o impossível em possível. A trajetória de Paulo no ramo começou em 2007, quando ingressou na graduação de história. “Desde criança, sempre fui fascinado pela mágica, mas não era algo tão acessível. Na faculdade, tive acesso à internet no laboratório de informática da biblioteca central e comecei a estudar a fundo. Fiz cursos, li livros e fui me profissionalizando ao longo dos anos”, relembra.
Embora tenha atuado como professor historiador até 2014, ele decidiu seguir sua vocação: a arte mágica. “Tudo que aprendi na história, levo para o ilusionismo. Uso isso para criar roteiros, construir apresentações temáticas e até mesmo para conduzir entrevistas no podcast”, comenta. Além dos palcos, ele também encontrou na internet um novo espaço para divulgar a mágica: o “Carta na Manga Podcast” (@cartanamangapodcast no Instagram), um projeto que une ilusionismo e cultura regional.
O podcast nasceu durante a pandemia, um momento difícil. Paulo ficou impossibilitado de realizar shows presenciais e foi aí que sua esposa, a assistente social Adriane de Carvalho, 42, buscou formas de reinventar a arte.
“Como ele já tinha essa facilidade para comunicação e presença de palco, pensamos em um formato diferente para continuar. Ele achou que seria apenas mais um, mas eu insisti: ‘Vamos fazer algo único, com mágica e surpresas durante as entrevistas’”, conta Adriane, que atua como produtora do projeto. A ideia saiu do papel apenas em 2023, após um longo período de pesquisas sobre equipamentos e formato.
O estúdio, localizado no bairro do Marco, em Belém, é o palco, literalmente, de onde a magia acontece. O Carta na Manga Podcast tem o casal a frente da produção e apresentação, mas conta com mais um integrante para a edição dos episódios. O podcast se destaca por trazer convidados do Pará e de outras regiões do Brasil, com nomes como do dançarino e coreógrafo Carlinhos de Jesus, e do apresentador de televisão Leão Lobo passando pelo canal.
PARÁ
“Somos apaixonados pelo que é do Pará. Quando fomos ao Rio de Janeiro, por exemplo, gravamos com o Leão Lobo e fizemos uma brincadeira com o nome dele, associando ao [clubes] Remo e ao Paysandu. Desde o início, sempre buscamos formas de inserir a cultura do nosso estado nas conversas”, explica Paulo.
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Apesar das dificuldades enfrentadas ao longo da carreira de quem pratica artes no Brasil, Paulo e Adriane seguem motivados. “O maior desafio é o acesso. Não é fácil conseguir visibilidade e abrir portas”, comenta o ilusionista.
Durante o Carta na Manga, por exemplo, Paulo surpreende os convidados com números inesperados, como fazer uma bolinha se multiplicar em duas ou mostrar uma carta aleatória escolhida ao acaso sem erro. “A gente gosta de brincar com o fator surpresa, então, muitas vezes, o convidado chega para uma entrevista e acaba sendo parte de um número sem perceber, baseado até na vida dele”, detalha.
“A gente acredita muito nesse projeto. Ele não é só um programa de mágica, é uma experiência. Queremos mostrar que o ilusionismo não é só para o universo infantil, como muitos pensam. Ele pode estar no mundo corporativo, na comunicação e até no universo digital”, afirma Adriane.
HISTÓRIA DA DATA
A história da mágica é repleta de transformações. Desde os truques de ilusão na antiguidade até os espetáculos modernos, a arte sempre despertou fascínio e mistério. Paulo lembra que no século XIX a arte ganhou ainda mais popularidade. Entre os nomes que marcaram essa tradição, destaca-se São João Bosco, um santo católico que, ainda na juventude, usava truques de mágica para atrair e entreter o público, para se aproximar das pessoas, ao mesmo tempo em que transmitia mensagens de fé
Sua habilidade em prender a atenção das pessoas fez com que, anos mais tarde, ele se tornasse o padroeiro dos mágicos. Foi em homenagem a ele que o dia 31 de janeiro foi escolhido como o Dia Internacional do Mágico, data de falecimento dele, ocorrida em 1988, para celebrar sua memória. Como destaca o mágico Paulo Carvalho, “ele atraía as multidões e em seguida evangelizava”, mostrando que a mágica sempre teve o poder de fascinar, emocionar e até mesmo inspirar aqueles que a assistem.
