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Desculpem os grandes, mas brincar é fundamental!

28 de maio é Dia Mundial do Brincar, prática essencial para o desenvolvimento e saúde física e emocional das crianças. Confira algumas dicas para brincar longe das telas.

Brincar com as crianças auxilia o desenvolvimento e na conexão com os adultos. FOTO: DIVULGAÇÃO
Brincar com as crianças auxilia o desenvolvimento e na conexão com os adultos. FOTO: DIVULGAÇÃO

Há 25 anos, o mundo celebra o dia 28 de maio como o Dia Internacional do Brincar. A data foi reconhecida pelo Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância como uma forma de conscientizar para a importância da brincadeira como fundamental para o desenvolvimento infantil e para promover esse direito às crianças.

A data foi escolhida durante a Conferência Internacional de Ludotecas, realizada em Tóquio, em 1999, e refere ao aniversário da International Toy Library Association.

Mas por que é tão importante brincar e fazer disso um direito?

DIREITO GARANTIDO POR LEI

O direito à brincadeira é um direito fundamental da criança, sendo que no Brasil ele é garantido por lei. Está garantido na Constituição Federal de 1988, que define que a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar os direitos da criança e do adolescente com prioridade absoluta.

Consequentemente, está no Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, previsto em seu artigo 16º, que detalha o direito à liberdade e prevê que a criança e o adolescente têm direito de brincar, praticar esportes e se divertir.

Também segue incluído e reforçado na Lei nº 14.826/2024. Que estabelece que o Estado, a família e a sociedade têm o dever de proteger, preservar e garantir o direito ao brincar de todas as crianças.

BRINCAR É FUNDAMENTAL

O brincar é crucial para o desenvolvimento físico, emocional e social da criança, ajudando-a a aprender e explorar o mundo. Por isso, é papel do poder público organizar e estimular a criação de espaços públicos voltados à ludicidade, para que a criança possa brincar e se divertir.

Também é uma forma de conexão entre as famílias, e de desenvolvimento emocional, assim como das relações sociais. Quem explica é o diz o neurocirurgião André Ceballos, diretor técnico do Hospital São Francisco, referência no diagnóstico e tratamento de crianças com transtornos do desenvolvimento com quatro unidades em municípios do interior de São Paulo: “Brincar é uma ótima oportunidade para os pais se conectarem de forma mais profunda com as crianças, participando de suas descobertas e compartilhando momentos de alegria e aprendizado”.

RESERVAR TEMPO PARA A BRINCADEIRA

A Importância do Brincar no Desenvolvimento Infantil

Mas manter em dia a brincadeira pode ser desafiador para pais – e filhos – cada vez mais atribulados com intensa agenda de atividades e as dificuldades impostas pela vida nas grandes cidades – desde o tempo gasto em deslocamento ou mesmo a diminuição cultural dessa convivência coletiva, assim como o encolhimento dos núcleos familiares.

O resultado? Muita gente grudadinha nas telas para passar o tempo que sobra. Para o dr. Ceballos, porém, vale o esforço para ampliar esse “repertório” de brincadeiras”, especialmente na chamada “Primeira Infância”, até os seis anos de idade.

Segundo o especialista em desenvolvimento infantil, é essencial compreender que brinquedos e brincadeiras são grandes aliados no desenvolvimento mental e cognitivo das crianças. “Nessa etapa, áreas do cérebro responsáveis pela linguagem, memória, concentração e raciocínio lógico estão em intenso desenvolvimento. Explorar essas capacidades por meio de atividades lúdicas contribui para o seu desenvolvimento saudável”, comenta.

JOGOS QUE ESTIMULAM A CRIATIVIDADE SÃO BONS ALIADOS

Brincadeiras em Grupo e o Desenvolvimento Social

Durante a primeira infância, que se estende até os seis anos, a curiosidade das crianças está em alta. Nessa idade, brincadeiras em grupo são muito benéficas, pois ajudam no desenvolvimento de habilidades sociais e na construção de vínculos afetivos. “Por volta dos seis anos, as crianças começam a fase da leitura e demonstram grande curiosidade. Esse é o momento ideal para introduzir brinquedos e livros que estimulam tanto o aprendizado quanto a imaginação”, complementa o especialista.

A neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto, também diz que é possível usar estratégias práticas para que pais e cuidadores promovam o desenvolvimento infantil em casa, com atividades que estimulam habilidades motoras, cognitivas, sensoriais e sociais das crianças, de forma lúdica e acessível.

Dicas Práticas para Brincar em Casa

APROVEITE AS DICAS PARA BRINCAR EM CASA

– Quebra-cabeça e jogo da memória
Esses jogos são ótimos para ajudar no desenvolvimento motor, pois exigem que a criança use as mãos de forma coordenada para encaixar as peças corretamente.

Eles estimulam a paciência, concentração e raciocínio lógico, já que a criança precisa pensar e lembrar onde as peças se encaixam.

Quando jogados em grupo, com a família ou amigos, ajudam a fortalecer habilidades sociais.

– Caça ao tesouro
É uma atividade que estimula todos os sentidos da criança; desperta a curiosidade ao desafiar os pequenos a encontrar pistas escondidas e a resolver enigmas para alcançar o prêmio final.

“Essa brincadeira é excelente para promover o trabalho em equipe, pois as crianças aprendem a colaborar e se ajudar para encontrar a solução. Além disso, desenvolve o raciocínio lógico e a interpretação”, explica o médido André Ceballos.

– Desenhar/pintar
Trabalha a destreza e a precisão dos movimentos das mãos e dos dedos. Isso melhora a coordenação motora fina e a coordenação mão-olho, essencial para o desenvolvimento de habilidades como escrever.

Ao se expressar, a criança desenvolve a criatividade, o que é fundamental para o pensamento crítico e resolução de problemas. É uma atividade divertida que também pode ser usada para ensinar conceitos como formas, cores e até histórias.

– Cozinhar em família
Cozinhar juntos é outra ótima maneira de ensinar a criança sobre matemática de forma prática e divertida. Ao medir ingredientes, contar itens e seguir receitas, ela aprende conceitos como números, medidas e sequências, de forma lúdica e aplicada. Também ajuda a desenvolver a leitura, já que a criança pode precisar ler instruções ou embalagens, e fortalece os laços afetivos.

– Jardinagem
Nesta fase, a curiosidade e o desejo de explorar são características marcantes. Atividades ao ar livre podem ser extremamente benéficas, abrangendo desde a escolha de um local para plantar até o aprendizado sobre como regar e cuidar das plantas.

Outras Atividades Lúdicas e Educativas

– Circuito de obstáculos com itens domésticos

Transforme o ambiente doméstico em um espaço de exploração motora. Utilize almofadas, cadeiras, bambolês e outros objetos para criar um circuito onde a criança possa pular, rastejar e equilibrar-se. Essa atividade desenvolve a coordenação motora ampla, o controle corporal e a lateralidade.

– Atividades sensoriais com materiais caseiros

Estimule os sentidos da criança com caixas sensoriais contendo arroz colorido, feijão, bolinhas de gel ou areia lunar. Esconda pequenos objetos nesses materiais e incentive a criança a encontrá-los usando as mãos ou uma pinça. Essa prática aprimora a percepção tátil e a coordenação motora fina.

– Brincadeiras com massa de modelar caseira

Preparar e brincar com massa de modelar feita em casa é uma atividade que envolve a criança em todas as etapas. Além de ser divertida, ela promove o desenvolvimento da motricidade fina e da criatividade. A participação no preparo também reforça a autonomia e o senso de responsabilidade.

– Estimulação cognitiva com blocos de montar

Blocos de montar são excelentes para desenvolver habilidades cognitivas e motoras. Incentive a criança a reproduzir modelos, contar peças ou criar histórias com as construções. Essa atividade fortalece a atenção, a memória e a capacidade de planejamento.

*Com informações de assessoria