Trinta paraenses participam da mostra principal do Fotofestival Solar, que abre nesta quarta-feira, 11, na Pinacoteca do Ceará, em Fortaleza. Intitulada “Delírio Tropical”, a exposição tem curadoria assinada pelos artistas paraenses Orlando Maneschy e Keyla Sobral e traça um mapa de um país a partir das relações profundas com a imagem e o imaginário.
Os artistas do Pará compõem um grupo de 133 brasileiros oriundos de todas as regiões do país. São eles: Alexandre Sequeira, Allyster Fagundes, André Lima, Armando Queiroz, Bené Fonteles, Bonikta, Danielle Fonseca, Éder Oliveira, Elza Lima, Glenda Beatriz, Guy Veloso, Jean Petra, Jonas Amador, Keyla Sobral, Labô, Lúcia Gomes, Luciana Magno, Mayra Rodrigues, Luiz Braga, Marise Maués, Maurício Igor, Nay Jinknss, Nau Vegar, Pablo Mufarrej, Rafa BQueer, Samir Dams, Vitória Barros e Walda Marques, além de dois artistas que adotaram o Pará, a mineira Paula Sampaio e o paulista Miguel Chikaoka.
O Fotofestival Solar é um projeto bienal que está na sua terceira edição. De caráter estruturante, ele aposta na difusão da fotografia como linguagem artística, manifestação cultural, campo de pesquisa e de produção de conhecimento. De acordo com os organizadores, sua missão fundamental é discutir políticas públicas que contemplem a fotografia dentro do panorama das artes e da cultura no país.
De acordo com a curadoria, “Delírio Tropical” traz uma cartografia da produção visual de um Brasil intenso, a partir das mais diversas localidades. Para isso, parte de artistas que lançam o olhar para o político e para o inesperado, o desviante, o que ainda é pouco conhecido e pulsa em um complexo caldeirão multicultural.
“A fotografia brasileira tem operado em distintos campos. Vai do documental, passando por criações de perspectivas singulares de olhar para a vida, com uma multiplicidade de expressões; do jornalismo até criações que rompem com a ideia de real. A imagem expande-se ao dialogar com as variadas percepções que foram se consolidando no campo da arte. Articulamos nessa exposição diversidades que forjam o imaginário de uma nação, do retrato à colagem, dos experimentos laboratoriais à animação em vídeo”, afirmam Orlando Maneschy e Keyla Sobral no texto curatorial.
PANORAMA
Os 133 artistas da mostra refletem sobre um Brasil complexo, que se instaura entre a alegria, a ameaça à existência e a luta por direitos. “Apresentamos artistas de todas as regiões do país, de diversas gerações, desde documentaristas a artistas visuais que usam da imagem como elemento decisivo na construção de seus discursos. As obras potencializam as relações dos artistas com seus territórios. Além das imagens, há videoarte, esculturas, pinturas, lambes e revistas que compõem uma cartografia de um país que buscamos articular”, diz Maneschy.
O curador diz que os diretores do Fotofestival Solar já acompanhavam seu trabalho de curadoria a partir de vários projetos. “Como acredito em projetos dialogados coletivamente, organizei um grupo de trabalho, com consultores, e convidei Keyla Sobral, parceira de vários projetos, como curadora adjunta”.
De acordo com Maneschy “é importante destacar que a curadoria foi sendo compreendida como um panorama em que as obras estão em diálogo no fluxo da exposição. Há imagens emblemáticas, sedimentadas no imaginário nacional, e trabalhos mais recentes que revelam modos de pensar as questões do contemporâneo. Assim, a exposição aciona diversas temporalidades para pensar nossa história e as relações de pertencimento a este território”, complementa Maneschy.
Keyla Sobral conta que receber esse convite e fazer parte da curadoria foi incrível. “Fiquei honrada em ter sido convidada, estar pensando junto esse projeto da ‘Delírio Tropical’, desde a sua concepção que ajudei a desenhar. Ao observar as obras, o que mais tocou foram as relações que foram colocadas em diálogos, obras potentes que revelam um país diverso”.