DESPEDIDA

Corpo do Mestre Damasceno será velado em Belém e sepultado no Marajó

Mestre Damasceno, símbolo da cultura marajoara, faleceu na madrugada desta terça-feira, 26, no Dia Municipal do Carimbó, aos 71 anos.

Foto: Agência Pará
Foto: Agência Pará

Pará - Mestre Damasceno, símbolo da cultura marajoara, faleceu na madrugada desta terça-feira, 26, no Dia Municipal do Carimbó, aos 71 anos.

“Mestre fez a passagem hoje de madrugada, às 1h26 da manhã. Era um paciente oncológico que estava na UTI desde o dia 6 de agosto, com pneumonia grave e vinha nessa luta e, infelizmente, não resistiu. Teve uma parada e não conseguiu voltar por conta dessa pneumonia”, disse Guto Nunes, produtor do mestre Damasceno, que acompanha a obra do artista há duas décadas.

O mestre estava internado em Belém desde 22 de junho, foi transferido para o Hospital Jean Bittar e, depois, encaminhado para o Hospital Ophir Loyola.

No Ophir Loyola, ele estava na Unidade de Terapia Intensiva, tratando um quadro de pneumonia e insuficiência renal. Em junho deste ano, o artista foi diagnosticado com câncer em estado de metástase no pulmão, fígado e rins.

“Ele será velado no Museu de Arte do Estado, a partir das 16h, passa o final da tarde e a noite, depois segue de lá às 5h para o translado para o Marajó onde será sepultado”, disse Guto.
Nascido em 1954, na Comunidade Quilombola do Salvá, em Salvaterra, Damasceno construiu uma trajetória de mais de cinco décadas dedicada à valorização das tradições culturais do Marajó. Neto de indígena e descendente de homem negro escravizado, transformou em arte a memória de seus ancestrais. Mesmo após perder a visão aos 19 anos, reinventou sua vida pela música, poesia oral e festas populares.

A 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, realizada este mês, escolheu o mestre como artista homenageado, levando aos corredores do Hangar um cortejo do Búfalo-Bumbá, um festival cultural popular da ilha do Marajó, que celebra a história e a cultura local por meio da dança, música e teatro, criado por Damasceno. É uma variação do tradicional Bumba-meu-Boi, mas com uma identidade e simbologia próprias, enraizadas na realidade marajoara.

Como reconhecimento por sua trajetória dedicada à música e à valorização das tradições marajoaras, Damasceno foi homenageado no mês de maio com a Ordem do Mérito Cultural (OMC) — a mais alta condecoração pública concedida pelo Ministério da Cultura. A honraria, instituída pela Lei nº 8.313, de 1991, reconhece personalidades e instituições que contribuem de forma significativa para a cultura brasileira. A cerimônia oficial ocorreu no Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio de Janeiro, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra da Cultura, Margareth Menezes.

Serviço fúnebre

  • Velório: Museu de Arte do Estado do Pará (MAEP), a partir das 16h desta terça-feira (26)
  • Translado para o Marajó: início às 5h da quarta-feira (27)
  • Sepultamento: Comunidade Quilombola do Salvá, em Salvaterra, Marajó