ÁUREA TOUR

Confira o que já sabemos sobre o show de Alok pré-COP 30 em Belém!

Conectado com a ancestralidade dos povos indígenas, DJ promete um espetáculo inesquecível no estacionamento do Mangueirão

Alok com a bandeira do Pará no  Global Citizen, em Nova York. Foto: Instagram
Alok com a bandeira do Pará no Global Citizen, em Nova York. Foto: Instagram

O DJ Alok dará início à contagem regressiva para a COP 30, a Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças de Clima, que será realizada em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025. O artista fará uma apresentação especial, aberta ao público, no estacionamento do Estádio Mangueirão, no próximo dia 23 de novembro, para marcar o prazo de menos de um ano para o evento, considerado o mais importante sobre mudanças climáticas do planeta. 

A ideia de Alok é chamar atenção do mundo para a Conferência. Para isso, o DJ pretende usar a Pirâmide que faz parte da megaestrutura de suas apresentações, além de mobilizar artistas do Norte. O artista fez questão de convidar por videochamada os paraenses Gaby Amarantos, Fafá de Belém, Pinduca e Joelma para participarem do espetáculo. Alok também anunciou que vai abrir mão do cachê para a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. 

ÁUREA TOUR 

O show fará parte da Áurea Tour, que será lançada oficialmente em Belém e também será levada para estádios de Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba e Goiânia. Com palco giratório de visão 360º, a estrutura conta com mais de dois mil painéis de LED e terá participação de artistas indígenas convidados para o álbum “O Futuro É Ancestral”, mais recente lançamento de Alok. 

O álbum é uma colaboração entre mais de 50 indígenas de 8 comunidades distintas. Um marco na discografia brasileira contemporânea que amplifica e perpetua a sabedoria acerca da nossa ancestralidade, buscando uma reconexão com a natureza e um futuro sustentável.

“O Futuro é Ancestral é mais que um álbum com 9 músicas produzidas por mim e 8 povos indígenas de diferentes regiões do Brasil. É um projeto-movimento dedicado a amplificar as vozes dos guardiões das florestas para o mundo. Ouvi-los é ouvir a natureza. Reconhecer sua sabedoria ancestral é condição para construirmos um futuro justo e sustentável”, disse o DJ em seu perfil no Instagram. “Vamos chamar a atenção, porque Belém vai ser o centro do mundo”, convida. 

A conexão de Alok com os povos ancestrais deve ser percebida em cada momento da apresentação, baseada no álbum, que começa com a faixa Sina Vaishu, música ritual do povo Yawanawa, que tem no canto sua expressão mais profunda. O trabalho tem a união da flauta com as vozes em suas variações acústicas diversas, que se complementam e remetem às rezas de cura, como os cantos shuãnka, a canção conta a saga de um pajé que anuncia suas previsões em peregrinação. 

Um dos pontos altos do show deve ser a apresentação do Manifesto O Futuro É Ancestral, de Alok e Célia Xakriabá. Confira a letra a seguir! 

MANIFESTO FUTURO ANCESTRAL

Na diversidade do país onde a cultura se expressa, muita gente se pergunta aonde o Brasil começa

Será que é mesmo em Brasília, onde impera o poder e a desigualdade social ou será que é no território do povo tradicional?

A resposta é muito clara: é invisibilizada a luta do nosso povo guerreiro. Talvez nós não contribuímos para que o Brasil seja um país de primeiro mundo, mas do Brasil sabemos que nós somos os primeiros

Não contribuímos dessa forma, onde a cultura é engolida e matada, onde o valor tá no dinheiro, se não tem não vale nada

Hoje em dia ainda me lembro das parábolas de uma liderança, pois palavras como essa eu guardo como herança

Um certo dia lhe perguntaram como era a cerca, como era o território de antigamente, pois essas terras eram nossas e dividimos pra muita gente

Ele logo respondeu, o território é cheio de ciência, o limite de uma terra está em nossa consciência

Não se tem levado em consideração o nosso conhecimento tradicional, nós estamos sendo sufocadas pelo Congresso Nacional

Urucum e Jenipapo, e a nossa força está de pé: o que nos sustenta é a força do Pajé

O que nos orienta é a espiritualidade: chegou aqui, agora, as Guerreiras da Ancestralidade!

Vamos seguir lutando:

microfone, maracá, poder da palavra Xakriabá!

Microfone, Nhandesys, poder da palavra Guarani!

Nós somos um povo que resiste pela força do cantar

Antes do Brasil da Coroa existe o Brasil do Cocar!

Provocamos a sair dos 4 tempos e a entrar num outro tempo

de uma escuta mais sensível, e com mais delicadeza

Podemos até tocar nos 4 tempos, mas que seja o tempo da natureza:

O tempo das águas, da seca, do frio, do vento… é diferente!

Nossa luta é pela retomada deste tempo e não uma luta contra o tempo

Procurar o ritmo do canto e da música é ter um olhar de caçador, para acertar o tom.

Como tocar as pessoas sem desmatar?

É preciso descolonizar, e reflorestar!

O som!

Este trabalho foi construído pelo roteiro do coração, e com a contribuição de muitas mãos.

E o útero da Terra é que foi nos instruindo.

Que a humanidade entenda a importância de cuidar do lugar onde estamos pisando

Só assim vamos retomar o sentido da vida e o coração continuará pulsando.

Somos a possibilidade de cura para o planeta, a nossa causa central.

Somos a raiz do passado que se conecta com o hoje, pois

O Futuro é Ancestral!