"RAÍZES QUE DANÇAM"

Coletivo: Tem carimbó em Santarém Novo

Projeto ‘Raízes que Dançam’ promove oficinas, vivências e apresentações de mestres e grupos locais

Reprodução
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Pará - Entre os meses de julho e agosto, o município de Santarém Novo recebe o projeto “Raízes que Dançam”, iniciativa que visa preservar, valorizar e difundir o carimbó como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil – título recebido do Iphan em 2014. Oficinas, vivências, rodas de conversa e apresentações culturais mobilizam a cidade, com atividades gratuitas voltadas à comunidade local e aos visitantes.

A programação tem início nesta segunda-feira, 21, com uma oficina de confecção de instrumentos típicos, que são a base do ritmo do carimbó, como curimbó, maraca e reco-reco. As atividades seguem até 31 de julho, sempre das 7h às 16h, no barracão da tradicional Irmandade de Carimbó de São Benedito.

Já na sexta-feira, 25, às 19h, o grupo Os Quentes da Madrugada, da Irmandade de Carimbó de São Benedito, realiza uma apresentação na Praça Matriz. A banda tem uma energia contagiante e forte ligação com as raízes afro-indígenas do carimbó.

AGOSTO

E a programação vai longe, incluindo vivências culturais no mês de agosto. São momentos em que o público tem a oportunidade de interagir com mestres e mestras do carimbó, participar de ensaios, danças e toques de percussão. No dia 24 de agosto, às 20h, a comunidade se reúne na Vila de Santo Antônio para uma vivência especial de dança e percussão.

Idealizado como uma estratégia para o fortalecimento cultural, o projeto “Raízes que Dançam” nasce do protagonismo da própria comunidade, com patrocínio do edital PNAB Pará. Santarém Novo tem papel central na história do carimbó: o município foi um dos primeiros a lutar pelo reconhecimento do gênero como patrimônio, tendo a Irmandade de Carimbó de São Benedito como guardiã dessa tradição.

Com quase 200 anos de história, a irmandade organiza a Festividade de São Benedito, que ocorre anualmente no mês de dezembro e mistura música, dança, fé e tradição popular, com rituais como a “Alvorada” e o “Levantamento do Mastro”.

“Esperamos, com esse projeto, reafirmar o carimbó e nossas manifestações populares como expressões legítimas da identidade amazônica e destacar o papel da cultura como ferramenta de transformação social nas comunidades da região”, diz o presidente da Irmandade de Carimbó de São Benedito, Fernando Júnior, mais conhecido como Preto.

Com ações voltadas à formação, difusão cultural e fortalecimento da economia criativa, o projeto busca gerar oportunidades para jovens, mestres e artistas locais, além de atrair visitantes interessados no turismo cultural.

“Ao transformar a riqueza imaterial do carimbó em motor de desenvolvimento sustentável, a iniciativa destaca Santarém Novo como um pólo de resistência e celebração da cultura amazônica. A força dos tambores e das saias rodadas ecoa não só como manifestação artística, mas como símbolo de identidade, pertencimento e futuro para as comunidades da região Bragantina”, afirma Jamilly Lopes, produtora cultural do “Raízes que Dançam”.

Além de oficinas e apresentações, o projeto contempla ações inclusivas, como medidas de acessibilidade, garantindo o acesso de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida às atividades. A iniciativa ainda prevê a produção de um curta-documentário e de um e-book ilustrado, com fotos, relatos e registros das oficinas e apresentações.

As escolas de Santarém Novo também serão integradas ao projeto com a ação “Carimbó nas Escolas: Vivência e Educação Cultural”, durante a Festividade de São Benedito deste ano, em dezembro. Mestres da cultura popular realizarão palestras e apresentações envolvendo alunos, professores e familiares. Os estudantes terão contato com a história do carimbó, aprenderão ritmos e passos e construirão instrumentos com materiais recicláveis.