Uma cerimônia com tom de celebração marcou a assinatura do protocolo de cooperação entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Projeto Circular, nessa terça-feira, 8, no antigo Convento dos Mercedários, na Campina, em Belém, que hoje integra a estrutura acadêmica da UFPA. Em termos práticos, a assinatura consolida a parceria existente entre as duas iniciativas e agora estreita, inclusive, fisicamente esta aproximação, porque a partir de então haverá um espaço reservado no Mercedários para o Circular.
“A Universidade já participa do Projeto Circular por meio de várias iniciativas, do Fórum Landi, do projeto Roteiro Geoturístico, da Editora da UFPA, e agora nós vamos incrementar essas parcerias e construir outras ações conjuntas. Além disso, para a nossa felicidade, o Mercedários UFPA, que está se edificando nesse polo de cultura, arte e valorização do centro histórico de Belém, vai acolher a sede do Circular”, ressaltou o reitor Emmanuel Zagury Tourinho.
Idealizado pela curadora e produtora cultural Makiko Akao, o Projeto Circular surgiu da necessidade de se pensar ações socioculturais voltadas à valorização do centro histórico da capital paraense. Em dezembro de 2013, de forma experimental, seis espaços parceiros ligados às artes visuais foram o embrião da primeira edição oficial do projeto, realizada em junho de 2014. Hoje está estabelecido como uma rede de parceiros atuantes nas áreas de arte e cultura dentro do Centro Histórico de Belém e em seu entorno, como uma organização sem fins lucrativos.
“O Circular, na realidade, é a equipe mínima de gestão para realmente trabalhar. Então, isso abre uma possibilidade de a gente ter estagiários, além de projetos dentro da universidade que possam ter como parceria o Circular, para a gente melhor trabalhar o centro histórico. E com isso vem a questão da credibilidade. Talvez a gente conseguir um fundo internacional para trabalhar uma coisa mais contundente. É o meu sonho sendo realizado”, disse Makiko.
Makiko Akao acredita que este momento equipara-se a um grande salto para o Circular, institucionalmente falando.
“O fato de a gente ter um termo de cooperação com a maior universidade do Norte dá uma credibilidade muito grande para o projeto”.
“Com esta parceria, a gente vislumbra que ocorram atividades culturais, independente de que área for, podem ser ações no teatro, na música, na arquitetura. Penso num viés de aproveitamento do Circular para chegar mais à população como um todo”, disse Makiko.
“UNIÃO ESTÁVEL”
A presidente da Associação Circular Campina Cidade Velha, Adelaide Oliveira Pontes, disse que o momento foi marcado por muita emoção. “O Circular sempre teve uma parceria que eu vou chamar carinhosamente de ‘união estável’ com a UFPA, de muito respeito, de muito carinho real e de muita parceria nesses dez anos. Hoje assinamos um documento que torna oficial essa parceria. Foi impossível entrar hoje aqui nos Mercedários e a pele não arrepiar de encontrar as pessoas, [a jornalista e produtora cultural] Luciana Medeiros, Makiko, o [fotógrafo] Miguel Chikaoka e [fotógrafo] Cláudio Ferreira, que são pessoas que estão nesse projeto desde o primeiro ano. É muito emocionante ver a trajetória do Circular, mesmo com muitas dificuldades, com resultados e conquistas. É um passo para amadurecer ainda mais o que a gente quer para a próxima década como projeto”, afirma.
Segundo a gestora, ambos têm em suas trajetórias arcabouços que se completam. “A UFPA tem todo o know-how quando se fala de estudos acadêmicos e de pesquisa e o Circular tem o know-how de projetos culturais, da gestão cultural. Acho que complementa um ao outro. Os Mercedários, além de ser esse polo de ciência e de pesquisa, com uma faculdade presente, a partir deste termo existe toda uma possibilidade de transversalidade nessa parceria. A gente pode trazer, por exemplo, a área da tecnologia unida ao centro histórico, pensar num aplicativo que realmente funcione. Na área de comunicação, a gente pode ter um reforço no Circular, porque aí se trata da Faculdade de Comunicação da Universidade. A gente pode trabalhar em parceria com a turma de audiovisual, a gente está falando de cinema”, projetou Adelaide Oliveira.
Todas essas faculdades, de alguma forma, podem se aproximar do Circular. “A gente ter essa troca real e poder aprender com eles e eles também perceberem a nossa necessidade, é fundamental. O Circular está literalmente na rua, percebendo a dificuldade, muitas vezes, desse morador ou do trabalhador, ou ainda da pessoa que vem visitar o Centro Histórico. É bacana porque a universidade abre as portas para a sociedade civil de forma concreta e, consequentemente, para esse Centro Histórico, porque ela já tem trabalhos desenvolvidos, mas agora a gente pode ampliar tudo isso”, pontuou Adelaide Oliveira, acrescentando a aproximação que sempre foi íntima entre UFPA e o Circular, a partir do Fórum Landi, desde a coordenação do professor Flávio Nassar.
SUCESSO COLETIVO
O reitor Emmanuel Zagury Tourinho esteve na cerimônia ao lado do reitor eleito, Gilmar Pereira da Silva, a quem ele transmite oficialmente o cargo na próxima sexta-feira, dia 11. Emmanuel também festejou a cooperação. “Estamos aqui celebrando uma conjugação de esforços para potencializar tanto o projeto Circular quanto as ações da universidade, para que possamos aproximar ainda mais as duas iniciativas, construir ações que nos permitam avançar na conscientização da população, dos governos, sobre a importância desse valiosíssimo patrimônio que temos, e na construção de iniciativas que sejam efetivas de recuperação e conservação do Centro Histórico de Belém. Estamos muito felizes de ser parceiros do Projeto Circular”.
O professor enalteceu a trajetória do Circular. “Ele é a iniciativa mais bem-sucedida dos entes da nossa sociedade que se preocupam com o nosso patrimônio cultural, em favor do esforço de valorização e conservação em particular do centro histórico de Belém. A Universidade Federal do Pará também atua nessa área. Inclusive aqui no Mercedários UFPA há cursos de conservação e restauro, em ciências do patrimônio”.
ESFORÇO DA SOCIEDADE
O fotógrafo Miguel Chikaoka, fundador da Associação FotoAtiva (um dos parceiros que integra a rede Circular), reiterou o papel da coletividade na construção do Circular. “Este momento que tem essa instância institucional selando um compromisso por uma sociedade, eu acho fantástico. Esse compromisso resulta de todo um processo de construção coletiva. A universidade constitui o corpo gestor, mas sem os pares que fazem o Circular acontecer, não existe o projeto em si. Sem a sociedade não existiria o Circular”.
A diretora do Mercedários-UFPA, Thais Sanjad, relatou que esta é uma data comemorativa e reforça uma união com o local desde a realização do primeiro Fórum Circular. “É um dia de muita emoção porque é a formalização da parceria com o Circular. A ideia é fazer com que esse espaço seja plural”.