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Circulação Ubu leva teatro potiguar a Belém e Ananindeua

“Ubu – o Que é Bom Tem Que Continuar” é inspirado pela obra de Alfred Jarry, "Ubu Rei". FOTO: DIVULGAÇÃO
“Ubu – o Que é Bom Tem Que Continuar” é inspirado pela obra de Alfred Jarry, "Ubu Rei". FOTO: DIVULGAÇÃO

TEXTO: ALINE RODRIGUES

De 21 a 28 de maio, chega ao centro histórico de Belém, ao distrito de Outeiro, ao centro e à Ilha de Pilatos, em Ananindeua, o projeto “Ubu: o que é bom tem que continuar!”, com apresentações de teatro e oficinas gratuitas. O projeto é realizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Instituto Cultural Vale. “A gente já passou por Alagoas, Sergipe, estamos finalizando a etapa Maranhão [no último domingo, 19] e a gente está chegando aí pelo Pará para fazer a última etapa dessa circulação”, comenta Fernando Yamamoto, o diretor e dramaturgo do espetáculo.

“Em cada uma das cidades, a gente faz duas apresentações: uma em praça central e outra numa comunidade mais descentralizada, comunidades indígenas, quilombolas, assentamentos ou comunidades ribeirinhas”, acrescenta o diretor. A itinerância chega ao Pará após somar mais de 50 apresentações realizadas pelo Brasil desde 2022. E na turnê Norte e Nordeste, conta com os grupos de teatro potiguares Clowns de Shakespeare, Facetas e Asavessa.

“O Pará é um estado que a gente já esteve algumas vezes, mas faz mais de dez anos que a gente não vem a Belém, onde já estivemos umas três ou quatro vezes, e em Santarém, uma vez. Para a gente tem um significado muito especial porque temos uma relação muito próxima, amigos, muitos parceiros”, diz Fernando, citando os grupos In Bust e Palhaços Trovadores, além de professores universitários paraenses.

CLÁSSICO

A narrativa do espetáculo parte dos personagens Pai e Mãe Ubu, da clássica obra “Ubu Rei”, de Alfred Jarry, que aposta no humor e na ironia para tecer críticas à hipocrisia e à falta de escrúpulos que permeiam o poder. “É um texto autoral, meu, que propõe uma continuidade para a peça original, pegando esses dois personagens, em fuga num barquinho que saiu à deriva e chegando num país imaginário latino-americano, que se chama Embustônia”, contou o diretor.

Ao chegar nesse novo país, o casal passa a reproduzir as mesmas estratégias de “Ubu Rei” para conquistar o poder. “A gente traz um pouco desse universo que o Jarry propõe para aquele ambiente europeu do final do século 19, para uma América Latina contemporânea, para discutirmos um pouco essa onda de extrema direita, de ódio que envolve a política de todo o Brasil e de todo o continente, a partir desse mote que Jarry propõe”, contou ele

Sátira política e de caráter popular, a peça é apresentada ao ar livre, dialogando com o público, colocando em cena temas como injustiças sociais e manipulação de informação, pautas atuais e debatidas mundialmente. O diretor celebra a oportunidade de levar tal espetáculo para locais tão distintos, como o Pelourinho, em Salvador, o Reviver, em São Luís, e agora no Pará. “Vamos ter a oportunidade, pela primeira vez, de levar nosso cenário de barco para atravessar a ilha. São coisas que, para nós, que somos do Nordeste, são muito inusitadas”, pontuou.

Ele destaca ainda como a produção da obra se deu a partir da análise do trabalho do bufão, uma figura dramática marginalizada da idade média, uma espécie de palhaço grotesco e ao mesmo tempo charmoso, crítico dos setores dominantes da sociedade. Outros referenciais para a construção da obra foram a música, composta e executada pelo próprio elenco. “É um espetáculo que conversa muito com o público, isso para gente é muito especial porque conseguimos ver que o que o país vive hoje, uma incapacidade de diálogo neste ambiente polarizado que a gente vive, acaba apontando uma outra possibilidade, abrindo outros canais de comunicação”, disse ele.

OFICINA

Junto ao espetáculo vem a oficina “Princípios do Teatro Popular de Rua”, que apresenta as principais estratégias dos Clowns de Shakespeare em suas criações cênicas. Em Belém, ela será realizada hoje e amanhã, na Casa da Linguagem, das 9h às 12h, e em Ananindeua, nos dias 27 e 28, das 10h às 13h, no Teatro do Parque Cultural Vila Maguary. O público-alvo são pessoas com ou sem experiência, a partir dos 14 anos. Haverá presença de intérprete em Libras. As inscrições devem ser feitas pelo Instagram @teatroclowns.

ASSISTA

“Espetáculo Ubu – o Que é Bom Tem Que Continuar”

l Quando: Sexta (24), às 19h.

Onde: Estacionamento da Praia do Amor / Água Boa – Outeiro

l Quando: Sábado (25),

às 19h.

Onde:Anfiteatro da Praça do Carmo – Cidade Velha

l Quando: Domingo (26),

às 15h.

Onde: Ilha João Pilatos / Comunidade Cabeceiras (Região das Ilhas de Ananindeua)

l Quando: Terça (28), às 19h.

Onde: Parque Cultural Vila Maguary (Estrada do Maguari, 3360 – Maguari, Ananindeua)

Quanto: Todas as apresentações são gratuitas.